Economia. Desenvolvimento Econômico

Inflação é menor para famílias de renda mais baixa pelo quinto mês consecutivo

Em outubro, a inflação para as famílias de poder aquisitivo muito baixo ficou em 0,13%, enquanto as de renda alta apresentaram taxa de 0,55%

Helio Montferre/Ipea

O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda referente a outubro aponta que, pelo quinto mês seguido, a inflação se mostrou mais amena para as famílias de menor poder aquisitivo. Os dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nesta terça-feira (14) mostram que, mesmo com a reversão da trajetória de deflação dos alimentos no domicílio, a inflação de 0,13% observada nas duas faixas de renda mais baixas em outubro foi bem inferior à registrada na classe de renda alta (0,55%).

Nesse contexto, a variação acumulada no ano para as famílias de renda muito baixa (2,4%) é menos da metade da taxa acumulada para as famílias de renda alta (5,0%). Ao longo dos últimos doze meses, os dados apontam para um resultado semelhante, ainda que com menor discrepância. Enquanto a taxa de inflação para os domicílios de classe muito baixa é de 3,5%, as famílias de maior renda tiveram uma variação de preços de 5,8%, conforme a tabela abaixo:

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A desagregação por grupos revela que o principal fator de pressão inflacionária para as classes de renda mais baixas, em outubro, veio do grupo de “alimentos e bebidas”. Mesmo com a deflação registrada em segmentos importantes da cesta de consumo dessas famílias, como aves e ovos (-0,14%) e leites e derivados (-2,8%), as altas do arroz (3,0%), dos tubérculos e legumes, especialmente da batata (11,2%) e cebola (8,5%), além das altas de hortaliças (3,0%) e frutas (3,1%), explicam esta contribuição positiva dos alimentos para a inflação das famílias brasileiras, especialmente as com renda menos elevada.

Por outro lado, essas famílias se beneficiariam da queda de 0,58% nas tarifas de energia elétrica e de 0,30% nos artigos de limpeza, o que gerou a contribuição negativa do grupo habitação para a inflação das classes de renda mais baixas.

Já para as famílias de renda alta, o maior impacto inflacionário, em outubro, veio do grupo de transportes, refletindo, sobretudo, o reajuste de 23,7% das passagens aéreas, cuja alta anulou, inclusive, o alívio inflacionário vindo da queda de 1,5% no preço da gasolina. Com menor intensidade, o aumento de 0,76% nos planos de saúde e de 0,38% nos serviços pessoais também contribuem para explicar a pressão exercida pelos grupos saúde e cuidados pessoais e despesas pessoais sobre a inflação deste segmento de renda mais alta.

A comparação com outubro do ano passado revela uma desaceleração da inflação para todos os níveis de renda pesquisados. No que diz respeito às classes de renda mais baixas, a melhora da inflação corrente é explicada pelo desempenho mais favorável dos alimentos no domicílio, em especial das farinhas e massas, dos tubérculos, das aves e ovos, e dos panificados, cujas variações em 2023 de -0,7%, 4,5%, -0,14% e -0,10, respectivamente, ficaram bem abaixo das observadas no mesmo período de 2022 (1,3%, 14,3%, 097% e 1,0%). Adicionalmente, a deflação de 0,58% da energia elétrica e o reajuste de 0,09% dos produtos de higiene pessoal, este ano, contrastam com as altas de 0,30% e de 2,3% apurada em outubro do ano passado, ajudando a explicar esta descompressão inflacionária.

Para as famílias de renda mais elevadas, a alta menos intensa da inflação em outubro de 2023, comparativamente a outubro de 2022, deve-se, em grande parte, à melhora no comportamento dos planos de saúde, dos serviços pessoais e de recreação, cujas variações de 0,76%, 0,27% e 0,08%, este ano, foram menores que as apontadas no ano anterior (1,4%, 0,57% e 0,76%, respectivamente).

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