Administração Pública. Governo. Estado

A relevância da inclusão de pessoas com deficiência, apontando novos caminhos para a sociedade, é tema de debate promovido pelo Ipea

Evento promovido pelo Grupo de Trabalho sobre Gênero, Raça, Sexualidade e Pessoas com Deficiência do Instituto trouxe diálogos significativos para dentro do Instituto

Helio Montferre/Ipea

Fomentar a discussão sobre a diversidade de corpos, as barreiras e a normalização das capacidades, conceitos importantes no campo das pessoas com deficiência, foram os principais objetivos do seminário "Pessoas com Deficiência e Pessoas (ainda) sem Deficiência: Como Conviver na Diferença", realizado simultaneamente no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em Brasília e no Rio de Janeiro, na última terça-feira (31/10). O evento contou com a presença de especialistas em inclusão nas políticas públicas nas áreas de educação, saúde, trabalho e assistência social, bem como com a participação de mais de 120 pessoas, tanto presencialmente quanto online.

O seminário marcou o compromisso do Ipea com a inclusão e ressaltou a importância do Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, celebrado em 21 de setembro.  Dentre as ações de mudança propostas naquele mês, o Ipea divulgou e adotou o Guia Simples Assim, para que todos do Instituto possam se comunicar melhor, reduzindo barreiras e ampliando o debate público.

Na abertura do evento, a presidenta do Instituto, Luciana Mendes Santos Servo, destacou a importância dessa discussão, que é fundamental tanto para o Instituto quanto para o país. Ela enfatizou que não é possível propor políticas públicas sem antes discutir internamente na própria desigualdade: “casa de ferreiro espeto de pau” comentou. A presidenta também ressaltou que a demanda por visibilidade dos direitos humanos das pessoas com deficiência é histórica e tem suas raízes na Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Ela ainda mencionou as diversas barreiras enfrentadas pelas pessoas com deficiência, como dificuldades na inserção no mercado de trabalho, preconceitos e obstáculos de mobilidade. Luciana destacou que, embora o Ipea tenha publicações importantes sobre o tema, é essencial que sejam promovidos diálogos genuínos e que as diferenças e diversidades sejam reconhecidas. “No Ipea temos importantes publicações e muitas vezes esquecemos dos processos, nos diálogos e olhares verdadeiros que a gente se encontra, que a gente enxerga as diferenças e as diversidades”, ressaltou a presidenta do Ipea, ao comentar sobre a participação dos servidores do Instituto nos vídeos publicados nas redes sociais do Ipea sobre a temática da inclusão da pessoa com deficiência. Veja nos links abaixo:

Você se importa com a Inclusão?

Como combater nossos próprios preconceitos?

Qual é o seu olhar para as pessoas com deficiência?

O evento contou com a participação de Mariana Torquato, uma renomada influenciadora digital e criadora do maior canal sobre deficiência no YouTube Brasil, intitulado "Vai uma mãozinha aí?". “Todos nós aprendemos a ser capacitistas desde cedo e aqui é um local de confiança para aprendermos sem julgamentos. Entender e ter empatia. Existem coisas que podemos realizar no dia-a-dia e podem fazer a diferença para milhões de pessoas”, frisou Mariana.

Além disso, os palestrantes Daiane Mantoanelli, coordenadora-geral de Pesquisas, Dados e Informações na Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (MDHC), Pedro Lucas Costa, psicopedagogo e professor de Atendimento Educacional Especializado em Políticas de Assistência Social, e Bruno Alves Chaves, coordenador-geral de Programas e Ações de Combate às Discriminações da Secretaria Nacional de Assistência Social (MDS), compartilharam suas perspectivas, conhecimentos e experiências durante o evento.

Pedro, professor de Educação Especial, falou sobre a relevância de entender o que é deficiência. Ele recebeu o diagnóstico de autismo aos 29 anos. “Entendemos que deficiência é muito mais do que a gente imagina. Já avançamos na defesa da inclusão escolar, mas precisamos ir além. Precisamos das pesquisas e ampliação do aprendizado e o desenvolvimento. Extrapolar o discurso”.

Bruno Alves Chaves destacou o papel da assistência social para a promoção da equidade. “Assistência Social têm um papel muito importante de trazer a autonomia e tirar as pessoas do isolamento. Percebo isto nos debates em que temos feito, parece que a deficiência é colocada como um aspecto a ser superado. Nosso papel é dizer que a deficiência existe desde que o mundo é mundo e hoje a necessidade de agir é muito forte”, disse.

Em um ambiente participativo no Rio de Janeiro, o debate concentrou-se em uma palestra sobre os "Modos de Conhecer e Viver das Pessoas com Deficiência: Como as Perspectivas Enriquecem a Vida de Todos, Inclusive das Pessoas (ainda) sem Deficiência". A mediação ficou a cargo da acadêmica e pesquisadora de psicologia da Universidade Federal Fluminense (UFF), Amanda Castellain.

Marcia Oliveira Moraes, professora titular do Departamento de Psicologia da Universidade Federal Fluminense (UFF), compartilhou seu trabalho com deficientes visuais e pessoas com baixa visão, enfatizando a importância da colaboração e do reconhecimento das pessoas com deficiência como especialistas em suas próprias experiências.

O evento contou com a participação dos palestrantes Thais Ribeiro Pessanha, gerente de Diversidade e Inclusão da Petrobras, e Ivonéa Santos, da gerência de Diversidade, Equidade e Inclusão da área de Recursos Humanos da Petrobras. Compartilharam suas experiências e projetos relacionados à inclusão, enfatizando a necessidade de promover a compreensão e a inclusão em todas as áreas da sociedade.

Os palestrantes enfatizaram a necessidade de ampliar a compreensão da deficiência como pressuposto para efetivar a inclusão seja no ambiente de trabalho e nos ambientes formativos. Também chamaram a atenção para a necessidade de ir além da simples entrada de pessoas com deficiência nesses espaços. Seria preciso promover a permanência e a interação, pois o desenvolvimento requer a conexão de toda a comunidade. Sem deixar ninguém para trás. Nesse sentido, ações que visem promover um direito universal só serão efetivas se incluírem a diversidade de corpos, de percepções, de visões de mundo, de capacidades e necessidades de todos.

Acesse as fotos

Seminário: Pessoas com Deficiência e Pessoas (ainda) sem Deficiência: Como Conviver na Diferença?

Mesa Redonda: Modos de Conhecer e Viver das Pessoas com Deficiência

Coordenação -Ipea
(61) 2026-5501
(21) 3515-8704 / (21) 3515-8578
Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.