Cooperação Internacional. Relações Internacionais

Livro analisa as políticas de inserção internacional da economia brasileira

Obra avalia diferentes abordagens adotadas pelo país em sua estratégia global

Helio Montferre/Ipea

A distância entre o Brasil e as principais economias do mundo tem aumentado. Como se não bastasse estar cada vez mais distante dos países mais ricos, quando medido pelo crescimento da renda per capita, o Brasil também tem ficado para trás na comparação com as economias emergentes. A despeito de ser um dos principais destinos mundiais de investimento estrangeiro direto e dos recorrentes superávits comerciais, o Brasil perde terreno em diferentes referenciais. A proposta de “Percurso Incompleto: A Política Econômica Externa do Brasil”, o recém-publicado livro do técnico de planejamento e pesquisa, Renato Baumann, é avaliar diversas políticas adotadas até o momento com relação à inserção internacional da economia brasileira.

Com notória atuação em pesquisa nas áreas de crescimento e desenvolvimento, inserção internacional, integração regional, política comercial e comércio internacional, Baumann discute diferentes aspectos das políticas econômicas nacionais relacionadas com a inserção internacional do Brasil. Ao compará-las com as de outras economias, o autor enxerga indícios de que essas políticas são insuficientes, pouco constantes e sem clareza. “Percursos incompletos apenas permitem resultados parciais”, ressalta Baunamm, com o raciocínio que inspira o nome da obra.

Ao longo dos seus 10 capítulos, o livro traz um debate sobre a economia brasileira com olhares para diversos aspectos que compõem o panorama que pode explicar os componentes desse descompasso. Aponta os efeitos da globalização e seu arrefecimento, assim como uma análise da evolução recente da economia brasileira em comparação com países de renda alta. Compara ainda o desempenho nacional com outras economias consideradas emergentes.

A partir desse ponto de vista que situa a economia do Brasil no cenário global, o livro busca observar a política comercial externa brasileira e sua evolução desde a década de 1960. Aqui há um aprofundamento da questão que relaciona um certo paradoxo. O Brasil tem permanecido razoavelmente fechado a fluxos de comércio, porém, adota estratégia liberalizante para a atração de capitais externos. Destaque para a dinâmica dos frequentes estímulos às exportações, em contraposição ao acesso a importações, sistematicamente limitado.

Baumann analisa as contradições e limitações nos compromissos que o Brasil assume ao se posicionar em acordo político-econômicos internacionais explorando os propósitos de Mercosul, Brics (parceria entre cinco das maiores economias emergentes do mundo: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Usa como exemplo a dificuldade para conciliar a busca dos Brics por novos equilíbrios de poder mundial e reformação de parâmetros na governança global e o trabalho pela manutenção do estado de coisas desenvolvido no âmbito da OCDE. Avalia as amarras do Mercosul em negociações multilaterais e suas parcas contrapartidas de fomento comercial.

O autor percorre ainda aspectos da participação limitada do Brasil em cadeias de valor globais. Defende uma inserção mais ativa nessas cadeias de valor regionais como um objetivo de política econômica e exemplifica os benefícios colhidos por outros países no engajamento nesse tipo de arranjo.

O livro traz ainda considerações em relação a um aspecto menos considerado nas visões sobre a presença internacional do Brasil: o volume de recursos envolvidos e a diversidade das atividades de cooperação para o desenvolvimento internacional.

Baumann conclui sua nova obra com um enlace que agrupa os diferentes pontos de vista trabalhados ao longo do livro com um olhar que se alimenta das recomendações feitas a economias em desenvolvimento nas últimas décadas. Valendo-se destes referenciais, propõe reflexão por meio da provocação sobre o percurso incompleto. Assim, não termina sem sugerir caminhos e iniciativas associadas à inserção internacional para o Brasil.

Acesse a íntegra do livro

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