Alimentação e Nutrição

Insegurança alimentar afeta 21% das residências no Distrito Federal

Segundo o estudo do IPEDF abordado no seminário das Quintas do Ipea, moradores da capital convivem com algum grau de insegurança alimentar em seus domicílios

Um estudo apresentado durante o seminário das Quintas sobre “Segurança Alimentar no Distrito Federal: Um Panorama Sociodemográfico”, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) na última quinta-feira (5), revelou que em 21% (196.362) das residências do Distrito Federal, os moradores convivem com algum grau de insegurança alimentar. Isso ocorre devido à incerteza quanto ao acesso a refeições, ruptura nos padrões de alimentação ou mesmo fome diária. O estudo foi conduzido pelas pesquisadoras Francisca Lucena e Maria Salete Queiroz, do Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF).

De acordo com o estudo, as informações coletadas pela Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD), realizada em 2021, inovando ao aplicar a Escala Brasileira de Segurança Alimentar (EBIA), que permite classificar os domicílios em quatro situações, são:

Segurança alimentar – a família tem acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais; Insegurança alimentar leve – preocupação ou incerteza quanto acesso a refeições no futuro, além da qualidade inadequada dos alimentos, resultante de estratégias que visam não comprometer a quantidade deles; Insegurança alimentar moderada –  redução quantitativa de alimentos entre os adultos e ruptura nos padrões de alimentação, em decorrência dessa diminuição; Insegurança alimentar grave –  redução quantitativa de alimentos também entre as crianças, ou seja, ruptura nos padrões de alimentação, resultante da falta de comida entre todos os moradores, incluindo as crianças.

A pesquisa revelou descobertas cruciais, destacando que a insegurança alimentar afeta diferentes grupos de maneira desigual. Domicílios com arranjo monoparental feminino e aqueles que abrigam crianças na primeira infância (0 a 6 anos) enfrentam maiores desafios na segurança alimentar. Além disso, a análise aponta que a renda e a composição do domicílio têm um impacto significativo na situação de segurança alimentar das famílias.

Segundo o estudo "Segurança Alimentar no Distrito Federal: um panorama socio-demográfico”, as residências chefiadas por mulheres negras no Distrito Federal apresentam um índice quase três vezes maior de insegurança alimentar que aqueles em capitaneadas por homens não-negros: nas casas em que a mulher negra é a provedora esse índice sobe para 31,9%; nos domicílios chefiados por homens não-negros o número é de 11,5%; nos capitaneados por homens negros 19,1%; e por mulheres não-negras 19,2%.

Para Francisca Lucena, coordenadora de Estudos de Avaliação de Políticas Sociais do Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF), a pesquisa desempenha um papel essencial para o debate sobre Segurança Alimentar e Nutricional no Distrito Federal, fornecendo dados e informações que podem orientar políticas e intervenções futuras. “A aplicação contínua da EBIA nas próximas edições da PDAD permitirá acompanhar a evolução da situação ao longo do tempo e adaptar estratégias para melhorar a segurança alimentar na região, destacou.

O estudo também mostra que, em números totais, os 21% dos domicílios que enfrentam algum grau de insegurança alimentar representam 196.362 residências. Considerando os moradores, 76% se encontravam em segurança alimentar e 24% em algum grau de insegurança, sendo 15,42% "Leve" (451.965); 4,56% "Moderada" (133.599) e 4,59% "Grave" (134.459).

Acesse o estudo 

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