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Um estudo publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), nesta quarta-feira (04/10), mostra que no Brasil, as mulheres desempenham uma carga maior de trabalho doméstico e de cuidados não remunerados em comparação com os homens. Os resultados indicam que a posição ao longo da vida tem um efeito muito mais forte sobre as mulheres, especialmente quando há presença de filhos, o que amplia o tempo gasto entre várias atividades.
Os resultados apresentados no estudo “Gênero é o que importa: determinantes do trabalho doméstico não remunerado no Brasil” apontam que, o simples fato de ser mulher leva a um acréscimo de 11 horas semanais no trabalho doméstico e nos cuidados não remunerado. Além disso, analisa como a posição no curso de vida, a disponibilidade de tempo, os recursos relativos em uma família ou as normas de gênero, as respostas compensatórias ou neutralização dos desvios de gênero (gender display), determinam as desigualdades de gênero no trabalho reprodutivo entre casais brasileiros.
Segundo o estudo, o impacto das crianças pequenas nas jornadas reprodutivas das mulheres é o dobro em comparação para os homens, mas diminui à medida que as crianças crescem. Por outro lado, a presença de filhos adolescentes (15 a 18 anos de idade) alivia a carga de trabalho dos pais. No entanto, existe uma tendência de gênero: filhos de ambos os sexos reduzem o tempo gasto pelos pais, mas apenas filhas adolescentes contribuem para a redução das responsabilidades reprodutivas das mães.
Quando há outros adultos no domicílio, além do casal, o trabalho doméstico dos homens é reduzido, especialmente se essa pessoa for uma mulher. A presença de idosos com 80 anos ou mais de idade afeta de maneira diferente as mulheres e homens, aumentando a carga de trabalho reprodutivo delas – ter um filho de 4 a 5 anos – mas não gerando efeito sobre eles. Esse resultado equivale cerca de 3,5 horas por semana para as mulheres e sem efeito para os homens.
Os dados evidenciam que a idade tem efeitos leves sobre as jornadas reprodutivas femininas e masculinas, principalmente devido a pequenas mudanças comportamentais. Homens mais jovens (entre 18 e 29 anos) tendem a passar mais tempo no trabalho não pago, mas isso não altera a estrutura da divisão sexual do trabalho reprodutivo.
Em relação aos ganhos individuais, a situação aumenta o poder de negociação para quem assume a maior parte das responsabilidades referente ao trabalho doméstico e dos cuidados não remunerados. Num relacionamento, quando uma mulher ganha mais no trabalho remunerado, ela tende a dedicar mais tempo às tarefas domésticas. Por outro lado, homens que contribuem com menos renda do que suas parceiras tendem a reduzir sua participação nas tarefas domésticas.
Os resultados apontam que os papéis de gênero desempenham um papel mais significativo no envolvimento das mulheres nas tarefas domésticas do que a diferença de renda entre o casal. A educação é um fator que ajuda a reduzir as relações de gênero, pois mulheres com níveis mais elevados de escolaridade dedicam menos tempo às tarefas domésticas, enquanto homens com mais educação aumentam seu envolvimento. Os valores tradicionais de gênero também influenciam a alocação de tempo no trabalho reprodutivo.
Acesse a íntegra do estudo
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