Helio Montferre/Ipea
As comemorações do aniversário de 59 anos do Ipea, que foi criado em 10 de setembro e institucionalizado por meio de portaria em 17 de setembro, tiveram início nesta segunda-feira (04) na sede do Instituto, em Brasília. O evento foi marcado por música ao vivo, benção ecumênica, café da manhã, palestra magna sobre Candido Portinari e sorteio de brindes da Projeto Portinari. As festividades prosseguirão em 11 de setembro, na Gerência Regional do Ipea no Rio de Janeiro, com a apresentação do projeto de comemoração dos 60 anos do Instituto, em 2024, entre outras atividades. Já no dia 13, acontecerá em Brasília o terceiro e último evento, que detalhará a Agenda Estratégica do Ipea para 2024-2026.
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No auditório Anna Peliano, a presidenta do Ipea, Luciana Mendes Santos Servo, frisou que, em seus quase 60 anos, o instituto tem contribuído efetivamente para o desenvolvimento nacional. “Desde seu nascimento, o Ipea atuou e deve atuar de maneira interdisciplinar, coordenada e orgânica, porque é assim que se pensam os problemas nacionais”, afirmou. Ela apontou este momento como parte da reconstrução da democracia e do Instituto, que terá um concurso público após 15 anos. Por fim, ela levantou uma discussão sobre a conexão do Ipea com os temas de cultura, ciência e tecnologia, e destacou a importância da presença do fundador e diretor-geral do Projeto Portinari, João Candido Portinari, e do presidente do Iphan, Leandro Grass, no evento.
Grass reafirmou a parceria com o Ipea, que abrange não só a dimensão condominial, pelo fato de as sedes dos institutos serem vizinhas, mas também a programática. O presidente do Iphan destacou a vital importância da ciência, da pesquisa, da arte e da cultura como protagonistas essenciais na preservação da democracia. Fazendo menção ao passado recente e ao mais distante, ele alertou para os danos que os ataques à ciência e à cultura podem causar e citou Portinari como um exemplo concreto de um renomado artista brasileiro que enfrentou perseguições.
A palestra magna foi ministrada pelo fundador e diretor-geral do Projeto Portinari, João Candido Portinari, filho do pintor Candido Portinari. João Candido recitou o poema “O espantalho”, de autoria de seu pai, que resume a essência da vida e da obra de Portinari. O palestrante também apresentou “A mão”, um poema escrito por Carlos Drummond de Andrade em homenagem ao amigo Portinari, que havia morrido poucos dias antes, em 6 de fevereiro de 1962. Os dois poemas apresentaram ao público a importância do artista para a história e para a cultura do Brasil.
João Candido também falou sobre a relevância internacional do pai: o processo de universalização de Candido Portinari teve início quando ele ainda era jovem, com obras que retratavam o que via em Brodowski, onde nasceu, no interior de São Paulo. Seu ponto máximo de universalização foram os painéis Guerra e Paz, presentes do Brasil à Organização das Nações Unidas (ONU) e que até hoje ocupam lugar de destaque na sede da instituição em Nova York, nos Estados Unidos.
O palestrante também apresentou o Projeto Portinari e explicou os motivos de sua criação e manutenção. João Candido recordou a publicação de uma matéria pelo jornal O Globo, em 1979, intitulada “Portinari, o pintor. Um famoso desconhecido”. O texto afirmava que as obras do pintor estavam se tornando invisíveis ao ficarem reservadas a coleções particulares e a decorações de salas de bancos. Além de preservar a memória de um dos artistas brasileiros mais notórios e tornar seu legado mais acessível e conhecido, o Projeto Portinari tem atuação social e também na ciência e tecnologia.
João Candido citou exposições realizadas de forma gratuita em diversos cantos do Brasil, como no Pantanal e no rio Purus, na Amazônia – onde as obras foram apresentadas a comunidades ribeirinhas e indígenas dentro de um navio. “Quando você olha para uma obra do Portinari, ela não propõe apenas linhas, volumes, formas e cores. Ela é profundamente comprometida com o social, humano, com os valores da fraternidade, do repúdio a qualquer tipo de violência, do respeito a vida e do espírito comunitário”, explicou. Em outro momento, ele falou sobre as exposições feitas em bairros carentes de grandes cidades brasileiras, tendo como foco principal as escolas, as crianças e os jovens: “Vi crianças de 5 anos perceberem coisas nas obras que eu próprio não tinha percebido”.
Desde 2011, mais de 60 capas de publicações do Ipea foram estampadas com obras do Portinari. Para celebrar esta parceria, os 59 anos do Ipea e também o centenário de “Baile na Roça” – uma das obras mais famosas de Portinari –, esta tela e as pinturas “Cidade” e “Morro” serão ampliadas e aplicadas em paredes do Instituto, tanto em Brasília quanto no Rio de Janeiro.
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