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Classes Subalternas e Instituições Públicas são temas da edição de Boletim do Ipea

Publicação traz artigos com resultados preliminares de pesquisas orientadas pelo programa Lower Classes and Public Institutions (Loci) no contexto brasileiro

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) publica nesta quarta-feira (2/8) a 35ª edição do Boletim de Análise Político-Institucional (Bapi), inteiramente dedicada à análise de Classes Subalternas e Instituições Públicas. Os quatro artigos e três notas de pesquisa abordam temas conduzidos no âmbito do programa e rede de pesquisa Lower Classes and Public Institutions (Loci), que é um projeto com pesquisadores de 18 países na Europa, na América Latina e na Austrália. No Brasil, o projeto está sendo coordenado pelo Ipea, com a participação da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

“O boletim é importante porque evidencia uma nova linha de pesquisa que se integra aos trabalhos do Ipea. Além disso, promove a divulgação de outros estudos avulsos que não estão integrados em nenhuma outra edição temática”, disse o editor-chefe do periódico e pesquisador do Ipea, Acir dos Santos Almeida.

Os quatro artigos que formam o Bapi debatem como o Estado pode atuar para aumentar ou diminuir a desigualdade de grupos vulneráveis. No primeiro artigo, o professor da Universidade de Estrasburgo e coordenador da rede de pesquisa Loci, Vincent Dubois, analisa as classes subalternas, definidas, segundo o referencial proposto por Pierre Bourdieu, como o grupo dominado do espaço social, ocupando posições subalternas na divisão do trabalho e possuindo baixos níveis de capital econômico e cultural. 

Em sua análise, o autor cita o programa Loci, que adota uma abordagem sociológica qualitativa centrada nas pessoas para entender o objeto de pesquisa, comparando os diversos papéis que as instituições públicas desempenham nas classes subalternas e sua reestruturação como grupo social.

O segundo artigo, assinado por Joana Mostafa, Roberto Pires e Marcelo Galiza, apresenta uma pesquisa sobre os (des)encontros da população em situação de rua, em Brasília, com as instituições provedoras de serviços públicos nas áreas da assistência social, saúde, segurança e documentação. Com uma abordagem centrada nas pessoas, buscamos nos aproximar da perspectiva desse grupo específico, a fim de aprofundar o entendimento das experiências de exclusão ou acolhimento, bem como observar as práticas envolvidas nas interações cotidianas com as instituições.

Já a pesquisadora Nínive Fonseca Machado e o professor Rogério de Souza Medeiros analisam as relações estabelecidas entre a população em situação de vulnerabilidade social e as instituições públicas na perspectiva de moradoras de São José, um bairro de baixa renda em João Pessoa, na Paraíba. Em 2018, os autores entrevistaram 53 mulheres beneficiárias do Programa Bolsa Família, usuárias dos serviços públicos, para mostrar o contexto no qual elas acessam as instituições públicas e a forma como se relacionam com os serviços. Observou-se a trajetória dessas mulheres da infância à vida adulta buscando identificar elementos socioculturais que podem interferir no acesso, na compreensão, na confiança ou desconfiança que elas desenvolvem em relação às instituições públicas. Os elementos analisados foram valores morais, sentidos de dignidade e valor próprio, senso de pertencimento, de obrigação e de responsabilidade.

Assinado por Giordano Magri, Gabriela Lotta e Juliana Rocha Miranda, o quarto artigo relata os problemas da Cracolândia, localizada no bairro de Campos Elíseos, em São Paulo, debatendo sobre os conflitos da população que vive naquele local, a presença do Estado e o conceito de vínculo que é levado em consideração nas formulações das políticas de cuidado nas áreas de assistência social e saúde. O estudo mostra a situação de extrema vulnerabilidade das pessoas que vivem com problemas como a pobreza, a violência, o tráfico e o uso de drogas, moradias precárias, insegurança alimentar e um processo de gentrificação. É urgente aperfeiçoar as políticas de cuidado junto daquela população.

As três notas de pesquisa, assinadas pelos pesquisadores do Ipea Gabriel de Oliveira Accioly Lins, Roberta Santos Lemos, Daniel Pitangueira de Avelino e Roberto Passos Nogueira, abordam os temas de prevenção de homicídios, mecanismos de consulta à sociedade na área de proteção de dados e a situação dos servidores públicos com deficiência física no governo federal.

Acesse a íntegra do Bapi

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