Economia. Desenvolvimento Econômico

Inflação registrada a partir de 2022 foi a mais elevada em todo o mundo

Os economistas Esteban Pérez Caldentey e Matías Vernengo foram os palestrantes em seminário no Ipea

Bruno Oliveira/CGCOM Ipea RJ

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) recebeu, nesta sexta-feira (28/7), os economistas Matías Vernengo, professor titular da Universidade de Bucknell, nos Estados Unidos e Esteban Pérez Caldentey, da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), para o seminário “Preço e Preconceito: Reflexões sobre a Volta da Inflação e da Ideologia”. O evento aconteceu no auditório do Instituto no Rio de Janeiro, com transmissão ao vivo. Os palestrantes convidados são autores dos livros Why Latin American Nations Fail: development strategies in the twenty-first century e Varieties of capitalism: second generation perspectives.

O diretor de Estudos de Políticas Macroeconômicas do Ipea, Cláudio Amitrano e a coordenadora de Acompanhamento e Estudos da Conjuntura, Julia Braga foram os debatedores. A mediação do evento ficou sob a responsabilidade da coordenadora-geral de Estudos e Políticas Macroeconômicas, Mônica Mora.

Em sua apresentação, Esteban Caldentey, que é chefe da Unidade de Financiamento para o Desenvolvimento, Divisão de Desenvolvimento Econômico da Cepal, apresentou dados do artigo que escreveu com Matías. Eles fizeram um levantamento com países desenvolvidos e em desenvolvimento e compararam a taxa de inflação nos Estados Unidos e na Zona do Euro. O professor apresentou um gráfico com a inflação de 1967 a 2021. Segundo ele, no caso da América Latina, há o fator adicional externo. “A maioria dos países da América Latina e do Caribe, incluindo o Brasil, reduziu suas taxas de inflação a partir de 1995, independente da política monetária”. Entretanto, houve um aumento de inflação generalizado em todo o mundo recentemente, com destaque para a energia (que apresentou uma taxa de inflação de 52% na Zona do Euro e de 48,4% nos Estados Unidos, segundo Caldentey).

Matías Vernengo discorreu sobre a inflação e suas causas nos Estados Unidos, onde o aumento de custo é sugerido como determinante. Segundo Vernengo, “os lucros corporativos aumentaram significativamente mais no período recente de aceleração inflacionária. Mas isso não significa que os lucros causaram a inflação, e é mais provável que o inverso seja verdadeiro, ou seja, que os preços mais altos, com custos trabalhistas relativamente estagnados, tenham causado o aumento dos lucros corporativos”.

Cláudio Amitrano citou a guerra entre Rússia e Ucrânia como um exemplo de choque de oferta, agravado pela política de Covid zero promovida pela China e com impacto muito significativo sobre as cadeias de suprimento. “A guerra poderia ser uma guerra qualquer, mas não é porque a Rússia é um grande provedor de energia, de petróleo e gás, sobretudo para a Europa, com impacto no mundo todo”, defendeu o diretor.

Julia Braga falou sobre o papel da política monetária do Banco Central dos EUA influenciando o preço das commodities. “Discutir esses canais de transmissão da política monetária aqui no Brasil é importante para o debate, não é só o canal via redução da taxa de desemprego. Acho fundamental ver esse tipo de perspectiva ”, acrescentou a economista.

No final do seminário, Amitrano agradeceu a presença dos palestrantes, citou a renovação da parceria entre Ipea e Cepal e convidou os participantes para o evento que acontecerá no dia 3 de agosto, no Ipea em Brasília, com a presença de Isabella Weber, economista alemã autora do livro Como a China escapou da terapia de choque, lançado recentemente. O debate também contará com a presença do secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Melo e da economista e professora da Universidade de Brasília (UnB), Adriana Moreira Amado.

Acesse a transmissão ao vivo do evento   

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