Comércio Internacional

Investimentos chineses em energia renovável e as perspectivas do Mercosul são temas de Boletim do Ipea

Publicação do Ipea também homenageia o economista norte-americano Albert Fishlow

Helio Montferre/Ipea

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) lançou terça-feira (25), a 35ª edição do Boletim de Economia e Política Internacional (Bepi). A publicação conta com seis artigos que tratam de temas como financiamentos e investimentos diretos chineses em energia renovável na América Latina, comércio internacional e proteção aos direitos humanos.

O primeiro artigo da publicação tem como título “Financiamentos chineses de projetos de energias renováveis na América Latina: uma análise à luz dos desafios das mudanças climáticas”. Conforme escreve – na apresentação desta edição – o editor do Bepi, André Pineli, um dos pilares da governança global nas primeiras décadas do século XXI está nas mudanças climáticas e nos desafios a elas inerentes. Maior emissora de poluentes do planeta desde o fim dos anos 2000, a China é um país em desenvolvimento que priorizou o crescimento econômico relativamente às questões ambientais.

Para Pineli, “nos últimos anos há uma mudança na abordagem das autoridades chinesas em relação ao clima. A China tem liderado a corrida para o desenvolvimento de novas tecnologias e para a construção da capacidade industrial necessária a fim de viabilizar a transição global a uma economia de baixo carbono”, disse. O artigo, escrito por Ticiana Gabrielle Amaral Nunes, Carlos Renato Ungaretti, Giulia Mariana Rodrigues Di Marco e Marco Aurélio Alves de Mendonça, identifica uma tendência recente de redução no engajamento de empresas e bancos chineses em empreendimentos baseados em carvão e de aumento de projetos de energia renovável. Segundo os autores, a mudança no perfil dos financiamentos dos bancos chineses sinaliza uma convergência entre o discurso oficial e a prática empresarial da China.

O artigo intitulado “Relacionamento externo do Mercosul: fundamentos históricos, dilemas contemporâneos e perspectivas futuras”, de autoria de Marina Amaral Egydio de Carvalho e Marcus Maurer de Salles, aborda a evolução dos acordos externos celebrados pelo Mercosul e o amadurecimento das regras intrabloco negociadas por seus membros. O ponto principal do texto, todavia, recai sobre a possibilidade de negociação individual de acordos extrabloco e como cada país vem interpretando, ao longo dos anos, as normativas do Mercosul a respeito do tema. Os pesquisadores concluem o artigo com uma avaliação das possibilidades e perspectivas que o atual governo brasileiro deve enfrentar em sua política de negociação individual e no âmbito do Mercosul.

Outros artigos do boletim são “Mudanças na tarifa aduaneira e no custo de transporte no Brasil no período 2019-2022: o que aconteceu com a proteção nominal”, escrito por Honorio Kume. “A heterogeneidade dos efeitos das medidas não tarifárias técnicas: aspectos gerais e evidências empíricas”, das pesquisadoras Fernanda Aparecida Silva e Michelle Marcia Viana Martins e “Direito das pessoas com deficiência: as recomendações feitas ao estado brasileiro no âmbito da revisão periódica universal”, assinado por Danilo Garnica Simini e José Blanes Sala.

Fechando esta edição, Edmar Bacha assina o artigo “Albert Fishlow and Brazilian economics: an overview”, que rememora as obras do economista que ajudou a dar sentido ao termo “brasilianista”, contribuindo para a compreensão do desenvolvimento econômico brasileiro. Fishlow chegou no Brasil na segunda metade dos anos 1960, sob patrocínio da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (United States Agency for International Development – Usaid) com o objetivo de auxiliar o governo brasileiro na confecção do Plano Decenal de Desenvolvimento Econômico Social 1967-1976.

No curto período em que viveu no Brasil, Fishlow também prestou importante contribuição para a estruturação do recém-criado Ipea, especialmente a área de estudos macroeconômicos. Posteriormente, Fishlow se destacou no debate sobre a enorme desigualdade de renda no Brasil, identificada pelo Censo de 1970, atribuindo parcela da culpa às políticas salariais adotadas pelos governos militares. O artigo repassa as principais obras acadêmicas de Fishlow, produzidas ao longo de mais de seis décadas de carreira, e encerra com reflexões do economista sobre os principais desafios a serem enfrentados pelo atual governo brasileiro.

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