Energia

Estudo confirma a importância de representar o consumo de energia das famílias por classe de renda

O comportamento do consumo de cada classe varia e pode implicar erros no planejamento energético

Nos países em desenvolvimento, estudos com foco na análise de demandas de energia e aprimoramento de seus métodos de previsão são relevantes em razão das suas restrições financeiras para expansão do sistema de fornecimento de energia. Baseado nessa temática, o texto “Decomposição estrutural e desigualdade do consumo de energia no Brasil por classe de renda”, publicado nesta sexta-feira (21/7), pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) analisa o impacto de uma melhora na distribuição de renda /no consumo de energia do Brasil, a partir de técnicas de decomposição estrutural. Para isso, foi construída uma matrizes insumo-produto (MIP) híbrida, que combina informações das contas nacionais com a matriz energética nacional.

A Agenda 2030 traz um plano de ação com 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169 metas. A energia está contemplada no ODS 7, que indica ser preciso assegurar o acesso à energia confiável, sustentável, moderna e a preços módicos. Desse modo, de acordo com o texto, é necessário construir uma trajetória de desenvolvimento sustentável que englobe crescimento econômico, aumento da renda per capita, erradicação da pobreza, melhoria na distribuição de renda e ganhos de qualidade de vida. Estes fatores estão diretamente ligados a padrões de consumo, estilo de vida e demanda de energia e são consistentes com a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, na qual os países participantes se comprometeram a tomar as medidas necessárias.

Segundo a pesquisa, a maioria dos métodos de projeção de demanda de energia foram elaborados por e para países desenvolvidos e, por isso, não são consideradas questões-chave para análise de países em desenvolvimento, como eletrificação, economia informal, baixo desempenho do setor energético, biocombustíveis tradicionais, mudanças estruturais e divisões entre ricos e pobres, urbanos e rurais. A maioria desses modelos assumem que as demandas de energia dos países em desenvolvimento simplesmente seguirão as dos países industrializados com algum atraso. No entanto, não consideram que, pela possibilidade de saltos e processos de aprendizagem, a trajetória de um país em desenvolvimento pode ser mais rápida ou simplesmente diferente, devido a diferenças estruturais e culturais.

Os resultados do estudo mostram que a melhoria na distribuição de renda refletiu no aumento do consumo de energia, que foi atenuado pelo processo de desindustrialização do país. Por outro lado, não houve ganhos de eficiência energética nos processos produtivos. Tais resultados são importantes para a construção de cenários de demanda de energia e de emissões de gases de efeito estufa para atingir as metas brasileiras compatíveis com o desenvolvimento sustentável.

O texto também evidencia a necessidade de medidas e programas de eficiência energética para melhoria dos processos produtivos e consequente redução do consumo de energia, quando se verifica o impacto positivo do efeito intensidade. Contudo, o impacto negativo do efeito estrutura poderia ser uma boa notícia, mas é pode ser reflexo do processo de desindustrialização do Brasil nos últimos anos.

Os autores do estudo Amaro Olímpio Pereira Junior, Rodrigo Gomes Távora Maia, Mario Jorge Mendonça e Paulo Roberto Santos Casaca argumentam sobre a importância de representar o consumo de energia das famílias por classe de renda, pois o comportamento do consumo de cada classe varia bastante e pode implicar erros no planejamento energético. Nesse sentido, é necessário proporcionar o fornecimento de energia a todas as famílias, independente de classe de renda, pois a energia permite o acesso a várias facilidades que contribuem para a melhoria do bem-estar da população.

Acesse o estudo na íntegra

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