Normas de sustentabilidade para o agronegócio é tema de seminário
Evento promovido pelo Ipea discute impactos das NVS nas exportações de café, soja, algodão e frutas
Publicado em 11/07/2023 - Última modificação em 11/07/2023 às 18h53
Evento promovido pelo Ipea discute impactos das NVS nas exportações de café, soja, algodão e frutas
Publicado em 11/07/2023 - Última modificação em 11/07/2023 às 18h53
Wenderson Araujo/Trilux
A tendência de uma produção agrícola com menor impacto ambiental possível foi tema do seminário Normas Voluntárias de Sustentabilidade (NVS) e Implicações sobre Exportações de Produtos do Agronegócio, no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) esta segunda-feira (10). O encontro reuniu especialistas para analisar o impacto das normas nas exportações de café, soja, algodão e frutas. As orientações estão se tornando fundamentais para as cadeias produtivas, atendendo às exigências de grandes redes multinacionais e fornecedores.
Durante a abertura do evento, o coordenador de Estudos em Comércio Internacional do Ipea, Fernando José da Silva Ribeiro, ressaltou que as NVS são um tema ainda pouco explorado no Brasil, mas de extrema relevância para o comércio internacional, especialmente para o agronegócio. Ele enfatizou a importância de entender melhor o significado e sua conexão com acordos comerciais, como o Acordo Mercosul-União Europeia. Ribeiro também destacou que o Brasil, como um grande exportador de produtos agropecuários, está sujeito a medidas ambientais e à necessidade de cumprir normas rigorosas, como a recente lei de desmatamento da Noruega e a taxa de carbono nas importações.
O pesquisador do Ipea, Marcelo José Braga Nonnenberg, abordou os quatro pilares das NVS: ambiental, social, qualidade do produto e gestão ética. Destacou que embora não sejam obrigatórias, as normas têm impacto nos mercados e são representadas por certificados. Durante o evento, as pesquisadoras Fernanda Aparecida Silva, Michelle Marcia Viana Martins, Alicia Cechin e Scarlett Queen Almeida Bispo, pesquisadoras visitante do Ipea, apresentaram os resultados de estudos sobre o tema.
A pesquisa realizada por Fernanda Aparecida Silva revelou que a certificação traz diversos benefícios diretos e indiretos aos produtores de café, como o aumento de preço, redução de riscos ambientais e sociais, a melhoria na estrutura de produção e a abertura ao mercado internacional. No entanto, questões como os custos da obtenção dos selos, o grande número de certificados e a competição entre as certificadoras foram levantadas durante o debate. A pesquisadora ressaltou a importância de difundir a certificação para pequenos produtores e a necessidade de ações conjuntas do setor público e privado, como programas de assistência técnica e extensão rural, para promover a adoção das boas práticas agrícolas.
A pesquisadora Alicia Cechin analisou a cadeia produtiva da soja, destacando a importância das NVS e certificações, como a Round Table Responsible Soy (RTRS) e a ProTerra. Ela também mencionou a moratória da soja, um acordo que busca evitar a comercialização de soja produzida em áreas desmatadas na Amazônia após uma determinada data. Segundo Cechin produtores e associações reconhecem a importância das certificações para acessar mercados exigentes e obter preços melhores. No entanto, ela enfatizou a necessidade de políticas públicas que promovam práticas agrícolas sustentáveis e o cumprimento das leis ambientais para atender à exigência do mercado global.
Scarlett Queen Almeida Bispo destacou a importância da adesão às NVS para o acesso aos principais mercados importadores de frutas, especialmente em países desenvolvidos. Ressaltou que a certificação se tornou indispensável, à medida que a segurança alimentar, a sustentabilidade e a rastreabilidade da cadeia produtiva são preocupações crescentes dos consumidores e da indústria varejista. Bispo também mencionou as principais formas de certificação de frutas no Brasil, incluindo a certificação orgânica, boas práticas agrícolas e certificações socioambientais, enfatizando a necessidade de as empresas conhecerem as exigências das certificadoras para aumentar a participação do Brasil no mercado exportador de frutas.
Michelle Marcia Viana Martins discutiu as vantagens e desafios de aumentar a produção certificada de algodão e analisou se o atendimento das exigências de certificação garante ao Brasil acesso ao mercado mundial. Ela apontou que, embora o acesso aos mercados internacionais não seja comprometido, é esperado um aumento na demanda por algodão sustentável no futuro. O setor ainda enfrenta desafios relacionados à produção sustentável. Martins destacou a importância de promover práticas inovadoras e limpas para atender às demandas dos consumidores e garantir retorno financeiro aos agricultores.
Os palestrantes enfatizaram que o debate busca informar formuladores de políticas, produtores e empresas sobre os desafios trabalhistas, ambientais e de governança, demonstrando como as NVS podem ser uma ferramenta para promover a produção sustentável. O evento também serviu de base para futuros estudos sobre os efeitos das NVS no comércio exterior, especialmente para produtos agropecuários e florestais no Brasil.
Acesse os estudos sobre o tema:
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