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Ipea debate sobre desafios e avanços para a comunidade LGBTQIA+ no Brasil

Evento evidenciou como a violência e o preconceito ainda fazem parte da vida de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e intersexuais

Helio Montferre/Ipea

Mesmo com alguns avanços nos últimos anos, como a garantia do uso do nome social no âmbito da administração pública e o reconhecimento da união estável entre casais do mesmo sexo como entidade familiar, a comunidade LGBTQIA+ ainda enfrenta muitos desafios no Brasil. O encontro sobre equidade e inclusão no ambiente de trabalho realizado simultaneamente no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em Brasília e no Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (29/6), contou com a apresentação da artista drag quenn Allice Bombom.

A presidenta do Instituto, Luciana Servo, enfatizou a importância do evento para buscar soluções concretas e implementá-las. Segundo ela, ainda há desafios a serem enfrentados como a incorporação efetiva do tema da diversidade em todas as etapas da formulação de políticas públicas. "É fundamental continuar pressionando o Estado e trabalhando em parceria com os movimentos sociais para garantir uma sociedade mais inclusiva e igualitária para todos".

Participando do evento em Brasília, a integrante do Mirada Coletiva Lélia de Castro Gramignolli descreveu sua trajetória de autoaceitação, o enfrentamento dos medos e desafios em relação à sua orientação sexual. "Ao ocupar espaços como pedagoga LGBT, aprendi que a vulnerabilidade pode ser transformadora quando nos permitimos ser autênticos e nos posicionamos como ativistas, defendendo o respeito e a diversidade em todas as suas formas". Ela acrescentou que estatísticas podem ocultar problemas e chamou atenção para a necessidade de trazer essas discussões para a realidade e se apropriar delas.

A jornalista fundadora da Revista Brejeiras e ativista LGBTQIA+ Camila Marins, uma das mediadoras do debate no Rio de Janeiro, comentou sobre como é crucial adotar ações afirmativas para garantir representatividade e combater a violência contra a comunidade LGBTQIA+. Para ela, a omissão do Estado contribui para a violência e a morte dessas pessoas. “Devemos lembrar da luta coletiva e buscar mudanças para garantir uma vida digna a todas as pessoas LGBTQIA+. Falar de diversidade não é suficiente, devemos agir para promover a igualdade e a justiça".

Para Alice Abrunhosa, médica da Família do Sistema Único de Saúde (SUS) que participou do debate na capital carioca, a necessidade de investimento e expansão da pesquisa em saúde LGBTQIA+ é explícita. Na opinião da especialista, a medicina deve se basear em evidências e promover uma abordagem holística, considerando não apenas a sexualidade, mas também outros aspectos da saúde. Ela argumentou que o investimento em pesquisa e formação é essencial para proporcionar serviços de qualidade. "É crucial quebrar tabus e preconceitos para discutir abertamente questões relacionadas à saúde dessas comunidades. É fundamental conhecer cada pessoa individualmente, respeitando sua identidade, orientação sexual e práticas sexuais".

Os professores da Universidade de Brasília (UnB) Silvia Badim e Lucas Brito, reforçaram a importância de expandir pesquisas e políticas públicas para atender às necessidades específicas dessa população. Os docentes mencionaram a falta de dados consistentes e recursos financeiros adequados como obstáculos para avanços nessa área, assim como a falta de assistência para crianças e adolescentes trans. Para Badim, embora haja alguns avanços, ainda há muito a ser feito para garantir os direitos e o bem-estar da comunidade LGBTQIA+.

Da mesma forma, Brito indicou que a maneira como lidamos com questões relacionadas à sexualidade e identidade de gênero desperta curiosidade em relação as pessoas LGBTQIA+, o que pode resultar em transfobia e tratamento desrespeitoso. Já o debatedor do Rio de Janeiro, o jornalista da TV Globo Edivaldo Dondossola, destacou a necessidade de orgulho e reconhecimento individual, assim como a influência positiva que pessoas LGBTQIA+ em posições de destaque podem exercer, especialmente nas crianças, ao inspirá-las a perseguir seus sonhos.

Presente no evento carioca, a diretora de Estudos e Políticas Setoriais, de Inovação, Regulação e Infraestrutura (Diset/Ipea), Fernanda De Negri, afirmou como é fundamental a criação de um espaço institucional para o debate sobre equidade no Instituto. “O Ipea faz muito bem em aprofundar esse debate e em dar exemplos em inciativas de inclusão e equidade”, concluiu.

Assista a transmissão do evento: Ipea LGBTQIA+: Valorizando a Diversidade realizado em Brasília

Assista a transmissão do evento: Ipea LGBTQIA+: Valorizando a Diversidade no Rio de Janeiro

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