Helio Montferre/Ipea
O mercado de trabalho voltou a apresentar maior dinamismo depois de um período de relativa acomodação, de acordo com uma análise divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), nesta quarta-feira (28/06). A taxa de desocupação, que mantinha relativa estabilidade em torno de 8,5%, voltou a recuar com mais força no último bimestre, atingindo em abril deste ano, o patamar registrado de 8,0% na série dessazonalizada. Os dados foram calculados pelo Instituto a partir da série trimestral da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A melhora de algumas variáveis ligadas aos rendimentos, subocupação e desalento confirmam esse cenário mais benevolente para o mercado de trabalho.
O resultado mais baixo da desocupação dos últimos oito anos é explicado pela retração da força de trabalho aliada à expansão da ocupação. Em abril, na comparação com o mês anterior, a população ocupada apresentou a quarta expansão consecutiva, abarcando aproximadamente 99,2 milhões de pessoas. Adicionalmente, enquanto a ocupação formal registrou crescimento médio interanual de 3,2%, no último trimestre, encerrado em abril, a população ocupada informal apresentou retração de 0,6%, nesta mesma base de comparação.
O recorte setorial mostra que o crescimento da ocupação tem ocorrido de forma generalizada, mas com diferente intensidade. Nos últimos 12 meses, encerrados em abril, todos os setores mostram criação líquida de empregos, com destaque para o comércio (376,2 mil), os serviços administrativos (264,5 mil), a indústria de transformação (204,9 mil) e a construção civil (191,6 mil). Parte dessa trajetória de queda da desocupação também é creditada ao recuo da taxa de participação, que passou de 63,0% para 61,8%, entre abril de 2022 e 2023. Em abril deste ano, o contingente de 107,9 milhões de pessoas pertencentes à força de trabalho era 0,8% menor que o observado no mesmo período do ano anterior.
Nos últimos 12 meses, a população desalentada registra queda de 15,8%. Os números caíram de 4,3 milhões, em abril do ano passado, para 3,5 milhões em abril deste ano. Além da queda do número de desalentados, foi observado conjuntamente uma retração da parcela de indivíduos que estão fora da força de trabalho devido ao estudo, às obrigações domésticas, à problemas de saúde, entre outras motivações que não aspiram retornar à atividade, mesmo diante de uma proposta de emprego. Uma possível explicação é a melhora do mercado de trabalho que pode estar gerando uma necessidade menor de compensar perdas de emprego e/ou rendimento domiciliares, possibilitando que demais membros da residência possam se dedicar exclusivamente a outras atividades.
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