Desenvolvimento Regional

Novo livro do Ipea propõe a revisão da política de desenvolvimento regional

Conhecimento e inovação são os novos vetores da política regional brasileira

Uma exortação à política regional para que suas ações sejam voltadas a uma nova trajetória ambientalmente sustentada e, do ponto de vista produtivo, baseada no conhecimento e na inovação. Esta é a abordagem do terceiro livro da série “Desenvolvimento Regional no Brasil: Políticas, Estratégicas e Perspectivas”, fruto de uma parceria do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) com o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR). O novo volume, publicado nesta segunda-feira (12/06), é assinado por 19 pesquisadores acadêmicos e gestores públicos. A presidente do Ipea, Luciana Servo, ressaltou que neste momento de abertura política democrática “o novo volume é muito propício para a renovação das discussões que orientam e informam o debate sobre as políticas nacionais de cunho territorial”.

A nova publicação teve início há três anos e é a terceira e mais recente de uma série sobre o mesmo tema elaborada pelo Instituto, a pedido do ministério, que teve início em 2015. “São artigos produzidos a partir de pesquisas feitas para responder a problemas de implementação e monitoramento de políticas públicas, papel primordial do Ipea”, reforçou o diretor de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais (Dirur) do Ipea, Aristides Monteiro Neto, que organizou a obra junto com os pesquisadores Lucileia Aparecida Colombo e João Mendes da Rocha Neto.

De acordo com Monteiro Neto, o novo livro comprova que não dá mais para fazer remendos na política regional, mas que é preciso alterá-la em sua essência. Ele lembra que a desindustrialização tem ocorrido de forma acelerada há 30 anos. E essa mudança gerou problemas para as diversas regiões onde ocorre. “Precisamos regenerar os setores industriais em decadência e potencializar outras atividades que ainda não existem ou são incipientes, a partir da inovação e do conhecimento, das universidades. Como exemplo, Neto acrescenta que áreas antigamente pujantes e industriais estão perdendo fôlego, perdendo parte da capacidade produtiva e sofrendo um processo de reconversão produtiva em busca de outras oportunidades, processo que tem sido doloroso em termos de renda e emprego”.

O diretor argumenta ainda que as atividades substitutas da indústria são de menor valor agregado e pagam salários mais baixos, como o setor terciário, que remunera em média até menos do que a indústria. “Registra-se nas grandes cidades e metrópoles brasileiras um nível de precarização do mercado de trabalho muito acentuado, o que impacta a política regional, já que regiões importantes estão perdendo fôlego, renda e dinamismo econômico”, observou.

Outro vetor de ocupação do território, explicou Monteiro Neto, são as novas áreas ligadas às commodities agrícolas, carnes e minerais, mais concentrados nos estados de Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, que são atividades voltadas ao mercado externo. O que tem incomodado à política regional, segundo ele, é que o poder multiplicador dessas atividades ainda é baixo. A interpretação do diretor é de que essas atividades exportadoras não reverberam sobre a indústria nacional, pois não demandam produtos industrializados e, seus impactos sobre atividades terciárias ainda precisam ser devidamente estudados. Disso resulta que elas não geram o efeito positivo esperado. “O ideal seria a existência de setores com fortes encadeamentos intersetoriais em que um ajuda e impulsiona o outro. ”.

Paralelamente, existe a situação do meio ambiente e da mudança climática, que se tornou urgente e tem relação próxima com o ciclo de commodities agrícolas, pois estas atividades demandam significativas quantidades de terra e água para sua expansão. “Se antes a política regional podia tentar contemporizar o drama ambiental, chegou o momento em que isso ficou muito difícil, já há crises regionais sem precedentes. Então a política regional precisa ser alterada e, ao mesmo tempo, baseada em conhecimento e inovação. Esta é a mensagem do livro”, concluiu.

Os estudos envolvem autores de diversas universidades brasileiras, como a Universidade Federal de Alagoas (Ufal), a Universidade Federal da Bahia (UFBA), a Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPar), a Universidade de Brasília (UnB), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Reuniu também a experiência de especialistas em políticas públicas que atuam em órgãos federais como o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), bem como os pesquisadores da própria Dirur no Ipea.

Acesse a íntegra do livro

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