Administração Pública. Governo. Estado

Presidenta do Ipea debateu a presença feminina em cargos de gestão e na produção de pesquisas

Luciana Servo participou do Encontro Brasileiro de Administração Pública, em Brasília

Helio Montferre/Ipea

A presidenta do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Luciana Servo, participou do X Encontro Brasileiro de Administração Pública (Ebap), que aconteceu de 5 a 7 de junho, em Brasília, promovido pela Sociedade Brasileira de Administração Pública (SBAP). O evento teve como tema “Inovação em Administração Pública é Criar Valor para a Sociedade”.

Durante o painel “Gestoras Públicas e Cientistas: Liderança e Equidade no Brasil”, Servo relatou como tem sido a sua experiência à frente do Instituto, uma vez que ela é a terceira mulher a presidir ao Ipea, a primeira negra. Ela citou publicações do Ipea sobre a questão de gênero e as pesquisas com foco nas mulheres em postos de poder, como o Atlas do Estado Brasileiro.

“O Instituto conta com menos de 25% dos cargos ocupados por mulheres, por meio de concurso público de nível superior. Hoje, 37,5% da Diretoria Colegiada são mulheres e 67% são coordenadoras gerais e diretoras substitutas (66,7%). As pessoas negras são minoria (menos de 25%), e pretas somente 5% dos cargos de nível superior”, detalhou Servo, ao ponderar os conceitos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que considera pessoas pretas como as de pele mais retinta (mais escura) e pessoas pardas com a pele menos retinta (ou mais clara). Oficialmente, para o IBGE, negro denomina tanto pardos quanto pretos, num grupo maior, que é a soma de pessoas pretas e pessoas pardas.

Na opinião da presidenta, por muito tempo as mulheres foram desconsideradas no serviço público. Porém, entre 2000 e 2019, o total de mulheres ingressantes na administração pública, por concurso, passou de 39,5% para 44,5%. “Para transformar essa realidade, deve haver uma mudança cultural e se estabelecer cotas para as mulheres assumirem cargos. É um processo longo e que depende de políticas públicas. Nesse sentido, Servo citou que o Ipea montou um grupo de trabalho para debater esses pontos.

Já a presidenta da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), Betânia Lemos, destacou que o governo federal tem investido em diversidade. Um exemplo é a decisão de colocar mulheres em cargos de liderança, com a criação do Ministério dos Povos Indígenas, por meio do decreto que determina uma reserva de 30% dos cargos de confiança para pessoas negras como forma de ampliar as políticas de igualdade racial e combater o racismo.

A diretora-geral do Senado Federal, Ilana Trombka, fechou o painel que teve como mediadora a professora e pesquisadora do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (Ipol/UnB) Michelle Fernandez. De acordo com Trombka, o Brasil tem o menor número de mulheres em cargos de liderança no setor público entre os 15 países da América Latina. Ela defendeu a participação das mulheres em cargos de liderança na administração pública. “Tem que ter o olhar da mulher na política pública. Eu sou a segunda diretora-geral em 200 anos do Senado. A mulher tem que chegar e abrir o caminho. Se nós chegamos aqui, várias outras podem chegar também”, disse.

A diretora destacou as principais conquistas da mulher no Brasil. Cronologicamente, alguns dos exemplos citados por ela foram o ingresso das mulheres no serviço público a partir de 1917, seguida pela conquista do direito ao voto, passando pela posse da primeira senadora, Eunice Mafalda Berger Michiles, em 1979, e, por fim, a Lei Maria da Penha, de 2006. “A entrada na política e a participação nos espaços de decisão é um incentivo recente. Tudo isso foi uma conquista. Foi graças à batalha das próprias mulheres. Nada chegou de graça”, pontuou a diretora do Senado.

O evento organizado pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), contou com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Prefeitura de Campina Grande (PB), Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) e o Movimento Pessoas à Frente.

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