Comércio Internacional

Meio ambiente nas relações internacionais do Brasil é tema de boletim publicado pelo Ipea

Nova edição do Boletim de Economia e Política Internacional é especial e reúne sete artigos inéditos

A edição especial número 34 do Boletim de Economia e Política Internacional (Bepi), do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), foi lançada nesta quarta-feira (5), durante seminário sobre o tema “O Meio Ambiente nas Relações Internacionais do Brasil”. A publicação reúne um conjunto de sete artigos que analisam a evolução da abordagem de assuntos como políticas e regulação ambientais, tanto na esfera internacional quanto no Brasil, nas últimas décadas.

Na abertura do evento, o diretor de Estudos Internacionais do Ipea, Fábio Véras, ressaltou a importância do boletim que, desde seu primeiro número, em 2010, foca em publicações de artigos sobre temas relevantes à inserção do Brasil no cenário internacional, com ênfase em estudos aplicados no campo da economia internacional e das relações internacionais. “A questão ambiental é, sem dúvida, a prioridade da diplomacia brasileira no contexto dos compromissos internacionais assumidos na negociação de acordos comerciais e da busca de financiamento para transição de energia de baixo carbono”, disse.

Para o pesquisador do Ipea e editor do Bepi, André Pineli, os impactos ambientais têm sido cada vez mais levados em consideração nas decisões pessoais de consumo e de investimentos das empresas, assim como na proposição e avaliação de políticas públicas. Por isso, os artigos dessa edição refletem a preocupação com as consequências das atividades humanas sobre o meio ambiente. “Atualmente, a questão ambiental configura peça-chave na política externa de grande parte dos países. Ela pode, por exemplo, ser um elemento a dificultar o ingresso do Brasil na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), assim como tem sido apontada como um entrave à ratificação, pelos parlamentos nacionais, do acordo comercial Mercosul-União Europeia”, afirmou.

A partir da análise de dois artigos, a pesquisadora associada do Ipea Larissa Basso falou sobre a trajetória percorrida pela temática ambiental no âmbito da OCDE, desde a sua criação, em 1961, e como a questão ambiental pode configurar um empecilho ao acesso do Brasil à organização, partindo da Rio-92 até os dias atuais. Segundo ela, ao longo do tempo a temática ambiental deixou uma posição pouco nobre, à margem da discussão geral sobre desenvolvimento, e passou a transversal, que qualifica a própria noção de desenvolvimento. A pesquisadora disse ser fundamental reverter o retrocesso observado em anos recentes para que o país aumente suas chances de ingressar na OCDE, dada a importância adquirida pela temática ambiental na arena internacional

A publicação enfatiza em dois artigos a vinculação de temas ambientais nas relações internacionais do Brasil, desde a década de 1970 até 2021. A percepção externa sobre o Brasil também é objeto de análise, em artigo que trata das reações dos parlamentos da França, Países Baixos e Reino Unido às políticas brasileiras para a Amazônia, entre 2012 e 2021.

Por fim, os três últimos artigos tratam das relações entre temas ambientais e comércio internacional. Um deles, assinado por Vera Thorstensen e Catherine Mota, avalia em que medida regulações ambientais podem constituir barreiras ao comércio. Outro analisa a repercussão das Normas Voluntárias de Sustentabilidade (NVS), que são padrões não obrigatórios definidos pelo setor privado, sobre o comércio internacional de produtos agrícolas e florestais. A adoção de NVS, embora não seja uma imposição dos países importadores, tem se tornado, na prática, obrigatória para produtores de países em desenvolvimento que almejam entrar em cadeias globais de valor de bens agrícolas controlados por grandes redes varejistas e trading companies, e exportar para países ricos.

Acesse a edição nº 34 do Boletim de Economia e Política Internacional

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