Rendimentos do trabalho crescem 8,3% no quarto trimestre de 2022
Média de R$ 2.808 registrada no período alcança o mesmo nível de dezembro de 2019, pré-pandemia
Publicado em 17/03/2023 - Última modificação em 17/03/2023 às 09h52
Média de R$ 2.808 registrada no período alcança o mesmo nível de dezembro de 2019, pré-pandemia
Publicado em 17/03/2023 - Última modificação em 17/03/2023 às 09h52
Helio Montferre/Ipea
Os rendimentos habituais reais médios do trabalho cresceram 8,3% no quarto trimestre de 2022, em comparação com o mesmo período de 2021, resultado que confirma a recuperação da renda ao longo do ano passado. Uma Nota de Conjuntura divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nesta sexta-feira (17) mostra que a renda média habitual real registrada no quarto trimestre, de R$ 2.808, alcança os níveis observados em dezembro de 2019, período imediatamente anterior à pandemia.
O rendimento habitual é aquele recebido por empregados, empregadores e trabalhadores por conta própria, mensalmente, sem acréscimos extraordinários ou descontos esporádicos, ou seja, sem parcelas que não tenham caráter contínuo. As estimativas mensalizadas elaboradas pelo Ipea apontam que o rendimento habitual médio real em dezembro (R$ 2.856) foi 0,2% maior que o observado no mês anterior (R$ 2.851) e 2,6% maior que o de setembro de 2022 (R$ 2.784). A renda efetiva também registrou crescimento de 9,4% na comparação com o quarto trimestre de 2021, mas ainda está 1% menor que a apontada no quarto trimestre de 2019.
Um aumento menos intenso dos rendimentos no último trimestre de 2022 ocorreu entre os trabalhadores do setor público, com elevações da renda habitual e efetiva de 1,9% e 1,5%, respectivamente. Os trabalhadores do setor privado com carteira apresentaram elevação da renda no quarto trimestre de 2022 – cerca de 6,2% da renda habitual. Já os informais tiveram o maior aumento da renda efetiva, com acréscimo de 12,3% para os trabalhadores por conta própria e de 12% para os sem carteira assinada.
O recorte regional indica que os maiores aumentos da renda efetiva ocorreram nas regiões Centro-Oeste e Norte (14,1% e 13,5%, respectivamente). A região Nordeste teve aumento de 6,4% na renda efetiva e 5,8% na renda habitual. Já no Sudeste, onde a recuperação era mais lenta até o trimestre anterior, houve crescimento de 8% da renda habitual no quarto trimestre de 2022 em relação ao mesmo período de 2021.
O desempenho recente da renda habitual tem sido melhor para os jovens adultos: alta de 11,8% no quarto trimestre de 2022. Os trabalhadores de 40 a 59 anos, entre os quais vinha ocorrendo maior queda de rendimento, apresentaram aumento de cerca de 5,4% da renda no mesmo período. Sob a ótica do nível educacional, todos os grupos de trabalhadores mostraram crescimento da renda efetiva acima de 7%.
A análise dos rendimentos recebidos pelas mulheres nos últimos trimestres revela desempenho inferior ao dos homens. Em relação à renda habitual, houve aumento de 6,7%, contra 9,4% entre os homens, no quarto trimestre de 2022. Quanto à renda efetiva, a alta foi de 7,7% no período, frente a 10,6% dos homens.
A recuperação da população ocupada, que já vinha sendo observada, aliada à maior recomposição da renda nesse trimestre, se refletiu em crescimento da massa salarial. No quarto trimestre de 2022, a massa habitual real foi quase 13% maior que um ano antes (somando R$ 274,3 bilhões, valor R$ 31,2 bilhões superior ao do ano anterior). A massa efetiva real apresentou alta semelhante em comparação com 2021, totalizando R$ 285 bilhões.
Um importante efeito da pandemia de Covid-19 para a população havia sido o aumento da proporção de domicílios sem renda do trabalho. Essa razão saltou de 22,5% no primeiro trimestre de 2020 para 28,5% no segundo. No quarto trimestre de 2022, essa proporção de domicílios sem renda do trabalho chegou a 22,1%, atingindo níveis semelhantes aos observados imediatamente antes da pandemia e com relativa estabilidade nos últimos três meses.
Acesse a íntegra da Nota de Conjuntura
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