Cooperação Internacional. Relações Internacionais

Gastos do Brasil em cooperação para o desenvolvimento internacional atingiram R$ 6,63 bi em 2021

Relatório preliminar apresentado pelo Ipea inova ao especificar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para os quais as iniciativas brasileiras de cooperação mais contribuíram

Thiago Sousa/Ascom Ipea

Os gastos do Brasil em iniciativas de cooperação para o desenvolvimento internacional chegaram a R$ 6,63 bilhões em 2021, segundo dados preliminares apresentados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em seminário realizado na quinta-feira (15/12), em Brasília. Os gastos e ações se referem à contribuição externa do Brasil para o avanço da Agenda 2030 em outros países. As informações estão no Relatório Preliminar Cobradi 2021 – A Cooperação Educacional e Científica Brasileira em Foco, apresentado durante o evento.

O seminário de exposição dos dados do relatório contou com a participação do coordenador de Estudos em Cooperação Internacional e da Pesquisa Cobradi do Ipea, Rafael Schleicher. “O estudo revela um gasto recorde na série histórica da cooperação brasileira para o desenvolvimento internacional, bem como o maior número de iniciativas desde o início da pesquisa em 2010. Os grandes números têm a ver com o aprimoramento metodológico e a expansão do público-alvo da pesquisa promovidos pelo Instituto desde 2018”, explicou Schleicher.

A maior parte da cooperação para o desenvolvimento internacional realizada pelo Brasil ainda se dá indiretamente: a rubrica “contribuições obrigatórias e voluntárias do Brasil para organizações e instituições multilaterais” foi responsável por aportes de R$ 5,7 bilhões em 2021. Entretanto, mesmo nesta rubrica houve novidade: a porcentagem de contribuições obrigatórias da União caiu para 69,5%, valor consideravelmente menor que os 93% registrados pela Pesquisa Cobradi para o biênio 2019-2020. O relatório também inova ao especificar a rede de colaboração interinstitucional para o avanço externo dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), para os quais as 7.874 iniciativas brasileiras mapeadas mais contribuem e os valores efetivamente investidos pelo Brasil em cada um deles.

As iniciativas relacionadas aos ODS 2, 3 e 4 – mais ligados à temática da pobreza, educação e saúde – somaram gastos de R$ 918,7 milhões em 2021. Aquelas mais vinculadas aos ODS 8,9 e 10 – associados às temáticas de crescimento econômico, infraestrutura e desigualdade – representaram um gasto total de R$ 992,3 milhões. Por fim, o terceiro grupo, dos ODS 16 e 17 – que tratam de questões de fortalecimento institucional, justiça e parceria global –, somaram R$ 1,2 bilhão.

A pesquisa também trouxe dados referentes à cooperação educacional e científica do Brasil em 2021. Em relação à mobilidade de alunos brasileiros para instituições de ensino superior estrangeiras com apoio do governo brasileiro, mais de 52% deles foram para França e Estados Unidos. O estudo mostra também que 30% do total de estudantes estrangeiros apoiados financeiramente para estudos no Brasil em 2021 eram de Cabo Verde, Benim ou Moçambique. Em relação à mobilidade de professores brasileiros para o exterior em 2021, os destinos mais frequentes foram Estados Unidos, Alemanha, Espanha e França.

Já a análise da produção científica brasileira revelou que o número total de publicações de brasileiros em colaboração internacional cresceu em média de 7% ao ano na última década. Em 2021, os impactos das publicações colaborativas com Japão, China e Índia foram os maiores entre os 20 principais países parceiros do Brasil, mostrando grande potencial de colaboração científica com o continente asiático. Embora o impacto da produção científica em colaboração internacional do Brasil seja significativamente maior em comparação àquela oriunda exclusivamente de grupos de pesquisa domésticos, o relatório revela uma estagnação relativa do impacto da produção científica do Brasil desde 2016.

Evento

O lançamento do relatório representa uma parceria de 13 anos entre o Ipea e a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), que contou com a participação de pesquisadores e especialistas no tema, oriundos de diversas instituições do governo federal brasileiro. A abertura do debate foi realizada pelo diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac/Ipea), Marco Antonio Cavalcanti, que ressaltou a contribuição do Instituto na agenda de pesquisas sobre a atuação externa do Brasil, com a elaboração de dados e indicadores inéditos de cooperação internacional.

A mesa de abertura também teve participação do diretor adjunto de Estudos Internacionais (Dinte/Ipea), Fernando Ribeiro, que destacou a relevância do relatório para a agenda de cooperação internacional do governo brasileiro. “A pesquisa torna-se um importante instrumento de análise, considerando os atuais desafios impostos para inserção do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e na formulação de novos acordos de cooperação internacional”, afirmou.

O representante da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), Marcio Pereira, destacou que o relatório contribui para a análise do alcance de iniciativas em cooperação internacional do Brasil e de oportunidades por elas criadas. “O documento é uma referência nessa agenda de estudos por sistematizar dados valiosos, que contribuem para a política externa do governo brasileiro. Este documento é muito importante e faz parte de uma tríade, a parceria entre ABC, Ipea e IBGE, iniciada em meados de 2018, buscando dar importância aos gastos com a cooperação internacional”, afirmou.

O evento contou com a participação da diretora da Secretaria de Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Fernanda Leal, do subdefensor público-geral federal da Defensoria Pública da União (DPU), Fernando Mauro de Oliveira Júnior, e do coordenador-adjunto do Centro de Relações Internacionais em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Cris/Fiocruz), Pedro Burger.

Acesse a íntegra do relatório preliminar

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