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O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou, nesta sexta-feira (16/12), estudo detalhado sobre a economia brasileira, projetando crescimento de 3,1% do produto interno bruto (PIB) em 2022, superior à estimativa anterior, de 2,8%. Para 2023, a previsão foi revista de 1,6% para 1,4%, ficando acima das expectativas do mercado, que giram atualmente em torno de 0,7%. Os dados estão na Visão Geral da Conjuntura, documento elaborado pelo Grupo de Conjuntura da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea.
O resultado estimado para 2022 contará com a contribuição positiva da indústria (1,7%) e principalmente dos serviços (4,2%), que continuam sendo o principal motor da economia. Pelo lado da demanda, o consumo das famílias é o destaque positivo, com crescimento estimado de 4% para 2022. Em relação ao desempenho esperado para 2023, a atividade econômica deverá desacelerar por conta de um cenário externo desfavorável, do aperto monetário doméstico e do aumento do nível de incerteza. O crescimento de 1,4% será influenciado, em especial, pela expansão do setor agropecuário, que deve registrar expressiva alta de 11,6%, sendo esta a principal razão da divergência em relação à média prevalecente no mercado. Veja as projeções na tabela abaixo:
Fonte: Ipea
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea
A queda do PIB projetada para o quarto trimestre de 2022 (-0,2%) reflete o desempenho de diversos indicadores, cujos resultados já divulgados para outubro e novembro apontam para um arrefecimento da atividade econômica. O encarecimento do crédito, lado a lado com uma inflação ainda elevada, vem deteriorando a situação financeira das famílias. Com isso, os níveis de inadimplência seguem aumentando, em função do comprometimento cada vez maior da renda familiar com o pagamento de dívidas passadas. Diante desse cenário, as previsões do Ipea para o mês de novembro incluem crescimento nulo na produção industrial, novo recuo (-0,3%) no setor de serviços e queda de 1,2% no setor de comércio, todos na comparação com o mês anterior.
Em relação às contas públicas do governo central, há expectativa que encerrem 2022 com bons resultados. Para o próximo ano, as incertezas dizem respeito às mudanças no orçamento federal e no arcabouço de regras fiscais, com o objetivo de acomodar os aumentos de despesas desejados pelo governo eleito e garantir uma trajetória sustentável para as contas públicas. As finanças públicas estaduais também mantiveram bom desempenho nos primeiros dez meses de 2022. Já as contas do setor externo seguem com comportamento positivo, mesmo com as incertezas e turbulências externas e internas.
O mercado de trabalho brasileiro apresenta cenário positivo, com pequena queda da desocupação, recuperação dos rendimentos e crescimento da massa salarial real. A taxa de desocupação dessazonalizada ficou em 8,2% em outubro deste ano, atingindo o menor patamar desde abril de 2015. Entretanto, a queda da desocupação nos últimos meses não ocorreu em função da expansão da ocupação, mas pela retração da força de trabalho. Em outubro de 2022, apesar do aumento de 5,4% da população ocupada, na comparação com o mesmo período do ano anterior, o contingente de trabalhadores vem perdendo o dinamismo. Mesmo assim, a massa salarial real continua crescendo e supera o nível anterior à pandemia.
No que diz respeito à inflação, observa-se que, após encerrar o primeiro semestre do ano com taxa de variação acumulada em 12 meses de 11,9%, a inflação veio reduzindo, de modo que a alta verificada já era de 5,9% em novembro. Para 2022, tanto a projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) quanto a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) foram mantidas em 5,7% e 6,0%, respectivamente. Já para 2023, apesar da pequena revisão para cima desde a última previsão (alta de 4,9% ante taxa de 4,7% projetada em setembro), as estimativas para IPCA e INPC permanecem baseadas na continuidade do processo de desinflação pelo qual a economia brasileira vem passando.
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