Ipea debate evolução, resiliência e oportunidades da agropecuária brasileira
Estudos apresentados no seminário antecipam debate e propostas de livro a ser lançado em 2023
Publicado em 07/12/2022 - Última modificação em 14/02/2023 às 11h57
Estudos apresentados no seminário antecipam debate e propostas de livro a ser lançado em 2023
Publicado em 07/12/2022 - Última modificação em 14/02/2023 às 11h57
Helio Montferre/Ipea
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) reuniu autoridades e especialistas na manhã desta quarta-feira (07), para discutir a evolução, a resiliência e as oportunidades da agropecuária brasileira. O seminário, fruto da parceria entre o Ipea e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), tratou de temas como acesso a mercados, insumos estratégicos, mobilidade produtiva, agricultura de baixo carbono, infraestrutura e logística e regularização fundiária. Entre as autoridades presentes, o ministro do Mapa, Marcos Montes Cordeiro, e o professor Eliseu Roberto de Andrade Alves, fundador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e um dos mentores da moderna agricultura brasileira. Os palestrantes fizeram a apresentação preliminar dos estudos, que vão compor um livro sobre essa temática a ser publicado pelo Ipea em 2023.
O titular do Mapa destacou na abertura do seminário, que o Brasil passou de país importador para exportador de alimentos e hoje está na mira do mercado internacional devido a sua forte presença exportadora em torno de 30% da sua produção, que neste ano vai alcançar 312 milhões de toneladas de grãos. Segundo ele, as exportações brasileiras vão totalizar US$ 150 bilhões neste ano. “O Brasil é um grande player para garantir segurança alimentar”, disse Cordeiro. Ao ressaltar os efeitos globais da pandemia de Covid-19 e da guerra Rússia e Ucrânia nesse mercado. Afirmou ainda que o país precisa avançar em regularização fundiária e que não se pode tratar a questão ambiental dissociada da necessidade de produção, e esta precisa respeitar cada vez mais a demanda ambiental.
O presidente do Ipea, Erik Figueiredo, afirmou que o momento era de celebrar a pesquisa e a parceria do Instituto com o Mapa, para a elaboração de estudos destinados a auxiliar o governo federal na formulação de polícias públicas. Como provocação aos participantes do evento, Figueiredo mostrou as consequências não intencionais da demarcação de reservas indígenas, focando o caso Raposa Serra do Sol, em Roraima, onde ocorreu em 2005 a demarcação de quase 1,8 milhão de hectares (ha) de área contínua, restando 25,76% do território – terra públicas e privadas, para o desenvolvimento econômico do estado. “Enquanto a produção nacional de arroz manteve trajetória de crescimento, a colheita de Roraima encolheu 40%, após a demarcação, e a de milho caiu 62%”, disse. Estima-se que a produção agrícola represente 25% do Produto Interno Bruto de Roraima.
O diretor de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais (Dirur) do Ipea, Nilo Luiz Saccaro Júnior, por sua vez, lembrou o primeiro resultado da parceria Ipea-Mapa, o lançamento do livro “Uma Jornada pelos Contrastes do Brasil: Cem Anos do Censo Agropecuário” em 2020. Destacou também a parceria com o Conselho Regional de Economia (Corecon-DF) para compartilhar estudos e pesquisas do Ipea, além das contribuições para o debate e a acessão do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), bem como a colaboração com a Embrapa. “O Brasil terá que produzir cada vez mais com cada vez menos recursos”, disse Saccaro, sobre a sustentabilidade no setor agropecuário, considerado por ele o principal desafio, já que a demanda por alimentos não vai diminuir.
O presidente do Corecon-DF, José Luiz Pagnussat, reforçou a importância da parceria com o Ipea, que vai possibilitar a difusão da produção científica do Instituto. Para Pagnussat, a maior parte dos problemas do setor decorrem de sua própria evolução, embora as soluções também. “O maior desafio é a redução dos custos para se ter alimentos mais baratos”, disse, ao pontuar que na atualidade o Brasil possui a maior reserva de produtos para enfrentar a fome da população. Ao se referir ao papel da pesquisa na agropecuária brasileira, Pagnussat afirmou que a Embrapa é um produto de todos que ajudaram a conceber a transformar o Brasil no maior produtor mundial de alimentos.
Idealizador do seminário e do livro em elaboração, o pesquisador do Ipea José Eustáquio Ribeiro Vieira Filho assinalou que se trata do primeiro evento do setor na nova sede do Ipea. Disse que os temas em foco no evento são resultados preliminares de dez estudos que vão compor o livro a ser lançado em 2023, e historiou sua participação no Mapa e no Instituto, bem como os estudos produzidos nas duas instituições. Para avançar nos estudos sobre a produtividade agropecuária, Vieira entende ser fundamental que o Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) compartilhe dados desagregados da política fundiária, tendo em vista o combate ao desmatamento.
Painéis e palestrantes
Após a abertura do seminário Agropecuária Brasileira – Evolução, Resiliência e Oportunidades, seguiram dois painéis sob a mediação de Vieira, que também é coordenador do Núcleo de Estudos de Economia Agropecuária na Dirur do Ipea. Os palestrantes apresentaram uma síntese de cada estudo, que será detalhado no livro com evento de lançamento em 2023. Os temas produtividade, regularização fundiária, mobilidade produtiva, acesso a mercados e insumos estratégicos foram abordados, respectivamente, pelos palestrantes José Garcia Gasques, coordenador-geral de Planejamento Estratégico do Mapa; e pelos pesquisadores associados da Dirur do Ipea Raúl Vellila, Pedro Meiners, Zenaide Rodrigues Ferreira e Cristiane Mitie Ogino.
No segundo painel, os temas em foco foram infraestrutura, corredores bioceânicos, pecuária, sustentabilidade e políticas ambientais e agrícolas. Os palestrantes foram, respectivamente, a pesquisadora associada da Dirur Valquíria Cardoso Caldeira, a pesquisadora da Embrapa Andréa Bertolini, a pesquisadora do Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia e do Centro de Agronegócio da Fundação Getulio Vargas (FGV) Talita Priscila Pinto, o pesquisador associado da Dirur José Alex do Nascimento Bento e a pesquisadora do Ipea Adriana Maria Magalhães de Moura.
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