Desenvolvimento Social

Livro lançado pelo Ipea reúne estudos da socióloga Anna Peliano

Obra integra a série de homenagens à pesquisadora que atuou no Instituto e faleceu em 2021

Mentora do Mapa da Fome, que auxiliou o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, na Campanha Nacional contra a Fome em 1993, a socióloga e pesquisadora Anna Maria Peliano tornou-se referência no combate às desigualdades sociais que marcaram a agenda de prioridades do Estado brasileiro naquela década. Peliano, que faleceu em agosto de 2021, foi servidora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) por 37 anos. Em reconhecimento à sua trajetória, o Ipea apresentou, em evento nesta terça-feira (13/09), o livro 'Anna Peliano: uma batalha incansável contra a fome, a pobreza e a desigualdade social', organizado pelo presidente do Ipea entre 1996 e 1999, Fernando Rezende, que falou sobre a pesquisadora e seu legado.

Herton Ellery Araújo, diretor de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, afirmou que teve o privilégio de trabalhar com Peliano e testemunhar sua história profissional. Em seguida, o diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas, Marco Antônio Cavalcanti, lembrou que ela foi uma das precursoras na área social do Instituto, para adoção de políticas mais inclusivas. Ele ressaltou que, hoje, há necessidade de mais políticas voltadas à população vulnerável, executadas com responsabilidade fiscal.

Rezende, viúvo de Peliano, disse que o momento combinava orgulho, pela importância da obra da pesquisadora, e muitas emoções, devido à tristeza pela falta dela. O ex-presidente do Ipea ressaltou que Peliano não tinha só compromisso com o trabalho, mas uma missão, ao se empenhar em saber por que os governos não conseguem tirar as pessoas da pobreza e dar acesso a assistência social.

Citando o poema 'No Meio do Caminho', de Carlos Drummond de Andrade, Rezende listou algumas pedras que Peliano encontrou em sua jornada. Uma delas foi o modelo de gestão fiscal e a falta de recursos no orçamento público para ajudar a população mais pobre. Lembrou a atuação dela por mais de dez anos na Comunitas, criada no Centro Ruth Cardoso, em São Paulo, e os estudos sobre pobreza na Universidade de São Paulo. Segundo ele, Peliano se decepcionou em sua missão porque não entendia como o Brasil, com uma carga tributária tão elevada, não dispunha de recursos para educação, saúde e assistência social.

O evento se completou com depoimentos de especialistas que acompanharam o trabalho de Peliano. A diretora de Gestão e Investimento Social da Comunitas, Patrícia Loyola, historiou a participação da pesquisadora no estudo sobre investimento social privado no Brasil. A diretora da Instituição Fiscal Independente do Senado Federal, Wilma Pinto, que colaborou com Rezende na Pesquisa sobre Orçamento Público na Fundação Getulio Vargas (FGV), trouxe dados atuais sobre recursos para as políticas sociais. E o ex-secretário da Receita Federal Everardo Maciel abordou as perspectivas e a necessidade de um projeto de país para o Brasil.

Referência social

Na apresentação do livro, a pesquisadora Enid Rocha, da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais, afirma que a publicação contém “meio século de reflexões sobre os erros, acertos, avanços e retrocessos que embalaram o percurso das políticas de combate à pobreza no Brasil, desde a Era Vargas”. Ela ressalta que a leitura dos 11 ensaios reunidos na obra é fundamental para todos aqueles que querem compreender as causas e as consequências da fome no Brasil.

Intitulado “Lições da História: avanços e retrocessos na trajetória das políticas públicas de combate à fome e à pobreza no Brasil”, o capítulo que abre o livro traz registros da própria Anna Peliano. Ela expressa sua satisfação por ter contribuído para que o tema ganhasse espaço na agenda pública e revela as dificuldades enfrentadas para assegurar que as ações evoluíssem, nos 40 anos em que esteve à frente da luta contra a fome. Peliano dizia que extirpar a fome é mais do que uma prioridade, é uma obrigação ainda não cumprida.

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