Ipea eleva a 2,8% a previsão de crescimento do PIB em 2022
Para 2023, a revisão foi de 1,3% para 1,6%, puxada principalmente pelo setor agropecuário
Publicado em 30/09/2022 - Última modificação em 30/09/2022 às 11h25
Para 2023, a revisão foi de 1,3% para 1,6%, puxada principalmente pelo setor agropecuário
Publicado em 30/09/2022 - Última modificação em 30/09/2022 às 11h25
Helio Montferre/Ipea
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou, nesta sexta-feira (30/9), a Visão Geral da Conjuntura, que apresenta uma análise do cenário e das perspectivas macroeconômicas do país no curto e médio prazos. Um dos pontos de destaque do estudo foi a revisão das estimativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022, que subiu de 1,8% para 2,8%, e em 2023, que passou de 1,3% para 1,6%.
A revisão para cima das taxas de crescimento do PIB deveu-se ao bom desempenho da economia na primeira metade de 2022, demonstrando maior dinamismo do que esperado anteriormente, e à percepção de que os fatores subjacentes a esse desempenho continuarão atuando nos próximos trimestres, permitindo sustentar o nível de atividade apesar do aperto monetário doméstico e dos riscos relativos ao cenário externo.
O desempenho do PIB no primeiro semestre de 2022 mais favorável do que o previsto anteriormente foi motivado, em grande medida, pela melhora no mercado de trabalho e pela recuperação mais forte no setor de serviços. Além disso, após o forte crescimento do investimento em 2021 (17,2%), que levou à mais alta taxa de investimento do país desde 2014, a relativa estabilidade projetada para esse componente em 2022 significa a manutenção de um nível elevado de formação de capital, contribuindo para a expansão do produto potencial.
Dados mais recentes de atividade econômica mostram desaceleração na margem, mas o terceiro trimestre ainda deve ser de crescimento. Para o final de 2022 e início de 2023, espera-se algum desaquecimento em função do aperto monetário doméstico e da piora do cenário externo. Porém, os indicadores robustos de mercado de trabalho, as medidas governamentais de apoio à renda, a redução de impostos, e o investimento já observado ou contratado, além de um possível efeito continuado das reformas implementadas nos últimos anos, devem evitar uma queda mais expressiva do crescimento. A gradual retomada de alguns setores dos serviços com atividade ainda abaixo dos níveis pré-pandemia de Covid-19, a melhora no comportamento dos preços de bens ou serviços
administrados e o aumento da confiança dos consumidores também representam contribuições positivas para o crescimento.
De acordo com o estudo, pela ótica da produção, o crescimento do PIB em 2022 deve ser liderado pelos serviços (3,9%) e pela indústria (1,7%), enquanto na agropecuária a projeção é de recuo (-1,7%), devido fundamentalmente a fatores climáticos. Do lado da despesa, está prevista expansão de 3,7% no consumo das famílias, 2,5% nas exportações e 1% no consumo do governo, enquanto o investimento e as importações devem registrar relativa estabilidade (com variações de 0,1% e 0,2%, respectivamente), conforme tabela abaixo:
Para 2023, os pesquisadores do Grupo de Conjuntura do Ipea estimam que o crescimento do PIB será puxado principalmente pelo setor agropecuário – que, após cair em 2022, deve avançar 10,9% no próximo ano. Para a indústria e os serviços, são estimadas taxas de crescimento de 0,8% e 0,7%, respectivamente.
A inflação brasileira, ao contrário do que está ocorrendo em grande parte dos países, vem recuando, beneficiada, sobretudo, pela melhora no comportamento dos bens administrados. Especialmente nas últimas semanas, o cenário prospectivo para a inflação vem se tornando melhor. As novas projeções indicam variação menor do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2022: 5,7%, em comparação com os 6,6% estimados na edição anterior da Visão Geral da Carta de Conjuntura, há três meses. No caso do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), a projeção também foi revista para baixo, de 6,3% para 6,0%. As projeções de inflação para 2023 foram mantidas em 4,7%, tanto no IPCA, quanto no INPC.
O estudo observa que o aperto monetário interno e a manutenção de um arcabouço de regras fiscais compatível com o compromisso com a disciplina fiscal – que mantenha, portanto, sob controle o risco associado à evolução das contas públicas – devem permitir a gradual redução da inflação ao longo de 2023 e propiciar as condições para garantir o nível de crescimento esperado no próximo ano.
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