Comércio bilateral Brasil-China cresce 44% e alcança US$ 125 bilhões em negociações

Acordos e investimentos no setor agrícola ampliaram a relação econômica em 2021, além de mitigar efeitos da pandemia

O volume de comércio e mercadorias entre Brasil e China atingiu US$ 125 bilhões nos três primeiros trimestres de 2021, com crescimento de 44% em relação ao mesmo período no ano anterior. O indicador foi apresentado nesta quarta-feira (1/12), em webinar internacional promovido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo o levantamento, feito em parceria com a instituição chinesa congênere, Academy of International Trade and Economic Cooperation (Caitec), os investimentos e acordos bilaterais no setor agrícola ampliaram a relação econômica entre os dois países em 2021, além de mitigar os impactos da pandemia na agenda de comercial bilateral.

De acordo com o levantamento, a China importou US$ 87,3 bilhões em bens e serviços brasileiros, em 2021, o que impulsionou o setor produtivo agrícola brasileiro e gerou crescimento de 36,7% no fluxo de importações. O estudo destaca relevância da ‘Belt and Road Initiative (BRI)’, plataforma chinesa para a cooperação internacional que vem permitindo firmar novos acordos comerciais. Segundo os dados, as exportações brasileiras para a China, no período analisado, foram impulsionadas por commodities agrícolas e minerais, com destaque para soja, algodão e o minério de ferro.

O estudo mostra que os acordos de cooperação comercial entre Brasil e China foram intensificados a partir de 2007. Pelo diagnóstico, no período entre 2007 e 2020, as empresas chinesas investiram US$ 66 bilhões na América Latina. O Brasil foi o destino de 47% dos investimentos chineses. Os principais setores que movimentaram os fluxos de capitais foram em energia elétrica (48%), extração de petróleo e gás (28%), extração de minerais metálicos (7%), setor manufatureiro (6%), infraestrutura (5%), agricultura e serviços relacionados (3%) e serviços financeiros (2%).

O estudo também analisa os impactos da pandemia na agenda comercial entre os dois países em 2021. O diagnóstico mostra que o setor de infraestrutura sofreu a maior retração, com queda de aproximadamente 60% no período analisado. O recuo nas exportações brasileiras ao setor foi motivado especialmente pela crise imobiliária chinesa e pela baixa demanda das incorporadoras. A pesquisa também destaca que a queda produtiva do setor representa fragilidades e desafios a serem enfrentados na relação comercial entre os dois países.

Webinar

O webinar foi o terceiro debate internacional realizado dando continuidade ao acordo de cooperação firmado entre Ipea e Caitec. A iniciativa tem por objetivo permitir que as duas instituições realizem estudos para subsidiar a agenda governamental por meio dos ministérios aos quais estão vinculados – Ministério da Economia brasileiro e Ministério do Comércio chinês –, sobre temas econômicos e comerciais das relações bilaterais.

A abertura do evento foi realizada pelo diretor de Estudos e Relações Econômicas e Políticas Internacionais (Dinte/Ipea), Ivan Oliveira, que destacou a importância da parceria com a Caitec na elaboração dos estudos. “Essa parceria é de grande importância para fortalecer a cooperação comercial entre Brasil e China. Estamos definindo os temas prioritários para os próximos cinco anos e teremos estudos relevantes para contribuir na agenda econômica dos dois países”, comentou.

O vice-presidente da Caitec, QU Weixi, também ressaltou a importância estratégica do Brasil para a atual política de comércio exterior chinesa. “A pandemia impôs grandes desafios para a economia global. Temos buscado ampliar a cooperação internacional para o desenvolvimento econômico sustentável. Enxergamos o Brasil como um importante parceiro para contribuir nesse processo”, afirmou.

Na avaliação do secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia do Brasil (ME), Roberto Fendt, os indicadores e resultados positivos observados, em 2021, na balança comercial dos dois países, evidencia as oportunidades e os benefícios com o fortalecimento na cooperação bilateral entre Brasil e China. “Sabemos que 2021 tem sido extremamente desafiador na agenda econômica e social em razão da pandemia. Ainda assim, o comércio bilateral entre Brasil e China cresceu 44%. Isso mostra a força e a resiliência dessa relação de cooperação através da integração comercial e novos acordos de investimentos”, avaliou.

Os debates também contaram com a participação do pesquisador, Renato Baumann, coordenador de Cooperação e Investimento na Dinte/Ipea e um dos autores de um dos estudos publicados. Segundo ele, o levantamento mostra a importância em observar as forças e fragilidades na cooperação comercial entre os dois países. “O Brasil possui capacidade comercial para contribuir ao desenvolvimento no setor agrícola. Porém, ainda precisa avançar na tecnologia 5G, além de fortalecer a economia digital. Os acordos de cooperação com a China beneficiam ambos os lados no enfrentamento dos desafios de cada economia”, afirmou.

Leia a íntegra do estudo Research For Investment Cooperation Between Brazil And China (em inglês).

Leia a íntegra do estudo China-Brazil Agricultural Trade Research (em inglês).

Veja o webinar na íntegra 

Ouça o Ipea Podcast sobre o tema

Assessoria de Imprensa e Comunicação
(21) 3515-8705 / 3515-8578
(61) 99427-4772
Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.