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...não é fácil, mas é indispensável

2007 . Ano 4 . Edição 32 - 7/3/2007

"Malgrados os tropeços, algumas lições têm ficado das experiências dos últimos anos.Desde logo, a de que tradição e rotina corroem a eficácia do ensino e a relevância social da escola"

Divonzir Gusso

Inovar é como dançar; quem fica na beira do salão acha fáceis e leves as passadas e volteios. Complicado e pouco predizível é para quem se encoraja a inovar (ou dançar). Até porque alguma pessoa pode imaginar ser "novo"o que é apenas desconhecido por ela.

Especialmente nas escolas, onde as práticas pedagógicas e de gestão não foram enriquecidas por acumulação histórica de experiências e conhecimentos, providências comezinhas podem parecer inovadoras. Até dão resultados. Talvez devidos menos a elas do que ao entusiasmo e re-motivação da comunidade escolar com sua descoberta.

Inovações, porém, tornaram-se algo muito prestigioso e prometedor na vaga de mundialização econômica e cultural ao final do século XX. Sem condutas inovadoras seria impossível, às empresas, ganhar o céu da competitividade e das demandas dos consumidores. E, por extensão, igualmente aos governos, também instados a converter-se àquela fé, para dar conta da provisão de bens e serviços aos cidadãos.

Só que inovações em educação não são análogas às tecnológicas e organizacionais que fortalecem as grandes corporações globais;nem às inovações sociais em senso estrito. Um reputado pesquisador francês, Cros, se indaga "se elas não seriam uma forma abastardada de uma e outra destas ou das duas ou ainda diferente". Pois empresta de cada qual alguns de seus componentes sem chegar a somá-los. Chegam a parecer-se com as tecnológicas quando, malgrado um ambiente totalmente distinto, afetam o fazer educativo e a ação profissional do mestre; assim como semelha inovação social ao mexer com as relações pedagógicas ou docentes/alunos, as relações com o saber coletivo ou de sociabilidade dos alunos, com suas vacilações e ambigüidades.

Por isso, estimular vastos movimentos de inovações educacionais se mostra muito problemático.

Inglaterra, Chile, Nova Zelândia adotaram políticas variadas de livre escolha das escolas pelas famílias, dando-lhes subsídios para pagar anuidades àquelas mais inovadoras e, pois, com melhor desempenho acadêmico e social. Acabaram alargando as indesejadas disparidades e, ao cabo, nem todo mundo saiu inovando para ganhar mais clientes (perdão, alunos!).

Atualmente, duas iniciativas se destacam dentre muitas nos Estados Unidos. Uma consiste no carro-chefe da política federal, o No Child Left Behind, que estimula escolas com dificuldades de desempenho para situar seus alunos num padrão desejado de qualidade educativa, recebendo, quando monitoradas, recursos adicionais para inovar e melhorar seu trabalho (veja em www.ed.gov/nclb). A segunda são as Charter, "escolas públicas inovativas, sujeitas à escolha pelas famílias e a maior cobrança de resultados"; podendo pais e patrocinadores controlar seu planejamento e desempenho mediante contrato (veja em www.uscharterschools.org). Apesar de seu empenho e de dispor de vultosos meios, tem sido difícil manter a credibilidade desses programas, em face das críticas estampadas toda semana na grande imprensa.

Malgrados os tropeços, algumas lições têm ficado das experiências dos últimos anos. Desde logo, a de que tradição e rotina corroem a eficácia do ensino e a relevância social da escola. Por isso, as redes públicas de educação básica não podem permanecer à míngua de meios (humanos, técnicos e materiais) qualificados para manter um patamar mínimo decente de funcionamento (como é comum no Brasil).

Sem esse mínimo, a comunidade escola dificilmente se entusiasma para inovar - seja partindo de sua própria reflexão, seja dos avanços das ciências e das tecnologias, seja aprendendo com os outros -, mesmo quando acicatada pelas crescentes queixas da sociedade.

Não por último, competências e conhecimentos legitimados precisam ser gerados e sistematicamente disseminados para que haja mais inovação e menos "achismo"ou "achamentos".

Inovar, como dançar, exige talento, empenho e muito fôlego e animação.


Divonzir Gusso é pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea)

 
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