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Cinemas, televisões e urubus

2006. Ano 3 . Edição 27 - 5/10/2006

"Fator determinante para o declínio da indústria cinematográfica nacional foi a permissão para que emissoras de televisão produzissem as próprias teledramaturgias, ao contrário do que ocorreu nos Estados Unidos"

Andréa Wolffenbüttel

Nem sempre o Brasil foi tão mal servido de salas de projeção.Na década de 1950, antes da popularização da televisão no país, ir ao cinema era o programa predileto de todas as classes sociais, de norte a sul. O ingresso não pesava no bolso e era na grande tela que os ídolos do rádio mostravam o rosto, para o deleite da imensa massa de fãs.Foi a época de ouro da chanchada, dos musicais e de astros como Oscarito,Mazzaropi e Grande Otelo. Com a chegada da pequena tela, família, vizinhos e amigos passaram a se reunir em torno dela e de seu irresistível fascínio. Durante algum tempo, as duas mídias coexistiram, mas a força da TV foi roubando os espectadores das salas de exibição.

Coincidentemente, surgiu no Brasil o movimento estético conhecido como Cinema Novo, um reflexo da Nouvelle Vague nascida na França. Os novos cineastas usavam uma linguagem intimista, hermética e inacessível ao grande público. Enquanto isso,a televisão acertava a receita do gosto de brasileiros e brasileiras. Falava a língua do dia-a-dia,tratava de temas que diziam respeito a todos e ainda estimulava sonhos e fantasias que permitiam o afastamento momentâneo das agruras cotidianas.

Com as verbas minguando, a indústria cinematográfica nacional acabou embicando pelo pior caminho: o das produções baratas, tecnicamente pobres e de conteúdo apelativo.Durante as décadas de 1970 e 1980, o cinema nacional foi sinônimo de má qualidade, salvo raras exceções, como Dona Flor e Seus Dois Maridos, de 1976, e Eles Não Usam Black-Tie,de 1981.

Mas o fator determinante para o declínio da indústria cinematográfica nacional foi a permissão para que emissoras de televisão produzissem as próprias teledramaturgias, ao contrário do que ocorreu nos Estados Unidos,onde a empresa que transmite o sinal de TV não pode ser proprietária dos estúdios de gravação de novelas, seriados e filmes que serão exibidos por ela.Com a faca e o queijo na mão, a televisão abocanhou o monopólio das produções artísticas.Enquanto o cinema decaía, a operação televisiva brasileira se tornava uma das mais competentes e lucrativas do mundo.

"Esse cenário só foi mudar recentemente, quando a própria televisão decidiu usar sua máquina e suas estrelas para ganhar dinheiro no cinema", diz José Eustáquio Reis, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e cinéfilo apaixonado.Ele está certo.A Globo Filmes, braço cinematográfico da Rede Globo, é quem assina as produções 2 Filhos de Francisco, Se Eu Fosse Você e Lisbela e o Prisioneiro, três imensos sucessos de bilheteria.A empresa também participou de Cidade de Deus, indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2004,Carandiru, presente na seleção oficial do Festival de Cannes de 2001, e Olga, distribuído em mais de 35 países.Duas fitas em cartaz atualmente foram produzidos pela Globo Filmes: Zuzu Angel e O Maior Amor do Mundo.

Além de injetar capital, a televisão contribuiu para a mudança da linguagem cinematográfica, outro fator preponderante para o renascimento do Brasil nas telonas, já que os filmes de maior sucesso de bilheteria são quase sempre os que usam a estética da telenovela, tão familiar a todos os brasileiros.Há algum problema nisso? Alguns podem torcer o nariz, mas o mais importante é que,com a televisão por trás ou não,os filmes nacionais estão sendo rodados com o padrão de exigência técnica aplicado nas telenovelas, que são, reconhecidamente, as melhores do mundo; e estão reconquistando a confiança do espectador,isto é,do consumidor, essencial para que o cinema sobreviva e cresça.Os tempos da Atlântida e da Vera Cruz, os grandes estúdios nacionais, se foram, mas parece que a primavera dá seus primeiros sinais depois do longo inverno vivido pela indústria nacional de cinema.


Andréa Wolffenbüttel é editora-chefe de Desafios

 
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