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Quem precisa temer a China

2005. Ano 2 . Edição 12 - 1/7/2005

"Os impactos das importações da China na produção brasileira são muito heterogêneos. Às vezes refletem a perda de mercado de outros países. Mas, para determinados produtos, ocasionaram de fato maiores importações"

Fernanda De Negri

A dificuldade encontrada pelos empresários brasileiros em vender seus produtos no mercado chinês não parece ser o único grande desafio colocado pela China à indústria brasileira. O crescimento da penetração de produtos chineses no mercado brasileiro, especialmente em alguns setores, tem despertado preocupações e originado pressões pró-proteção por parte de alguns segmentos do empresariado brasileiro. Além disso, a competitividade chinesa também pode ocasionar perdas aos produtos brasileiros em terceiros mercados.

Em um quadro complexo como esse, onde as perdas e os ganhos, muitas vezes, não são distribuídos de modo uniforme entre os diferentes segmentos da sociedade, as alternativas nunca são simples e, muito menos, consensuais. Uma das alternativas, aventada como uma forma de minorar os eventuais prejuízos das importações chinesas à produção doméstica, é a adoção de salvaguardas específicas contra a China. Entretanto, o impacto das vendas chinesas na economia doméstica merece algumas qualificações, especialmente em se tratando de avaliar onde, de fato, existe a necessidade de implementação de eventuais medidas de proteção.

Mesmo nos setores mais prejudicados pela invasão chinesa, os impactos das importações desse país na produção doméstica são muito heterogêneos. Em alguns produtos, o crescimento das importações provenientes da China reflete uma perda de mercado de outros países nas importações brasileiras. Ao que tudo indica, nesse caso, a produção doméstica não estaria sendo prejudicada pela China. Esse é o caso de produtos como brinquedos, máquinas para escritório e equipamentos de informática, artefatos têxteis, tecidos e artigos de malha, peças interiores do vestuário, acessórios do vestuário, entre outros.

Existem, entretanto, produtos em que o crescimento das vendas chinesas no mercado interno ocasionou um aumento das importações brasileiras dos mesmos. Nesse caso, além de deslocar outros países do mercado brasileiro, a China também pode trazer prejuízos aos produtores domésticos. Entretanto, mesmo aí cabe uma qualificação a mais: em alguns desses produtos, as importações significam uma parcela muito pequena de tudo que se produz internamente, o que não sustentaria o argumento de que as importações da China pudessem ocasionar perdas significativas à produção brasileira. Esse é o exemplo do setor de calçados, que, apesar do elevado market share chinês nas importações brasileiras, possui um baixo coeficiente de importação. Em relação a esse setor e a outros, fortemente exportadores, uma boa parte do problema não está em salvaguardar, dos produtos chineses, o mercado interno, mas sim em garantir a sua competitividade em terceiros mercados.

Por fim, existem produtos nos quais é possível, à luz das informações atuais, identificar um sério risco representado pela China para a produção doméstica. Nesses produtos, é elevada a participação da China nas importações brasileiras, assim como é elevada e crescente a participação das importações na produção total. Esse é o caso da tecelagem de algodão e de fios e filamentos sintéticos, dos artefatos de cordoaria, dos artigos para viagem e artefatos de couro, das pilhas e baterias, das lâmpadas e dos equipamentos de som e vídeo.

Esses produtos são, entretanto, uma parcela, e não a totalidade dos setores prejudicados pelas importações chinesas. Portanto, dadas a complexidade e as dificuldades impostas pela relação entre Brasil e China, especialmente para a indústria, e dados os mais diversos interesses envolvidos, é necessário analisar com cuidado todas as alternativas disponíveis. Não se trata de rejeitar, a priori, a adoção de salvaguardas, mas sim de avaliar onde essa medida seria ou não necessária, a fim de tratar o problema com a complexidade que ele merece.


Fernanda De Negri é pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)

 
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