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Desafios da juventude brasileira

2004. Ano 1 . Edição 5 - 1/12/2004

"Em qualquer momento e em qualquer lugar a juventude enseja cuidados e atenções especiais, não apenas por parte da família, mas também da sociedade".

Paulo Tafner

Nos últimos 30 anos, a população brasileira vem passando por profundas transformações em termos de composição etária, que revelam um aparente paradoxo: de um lado a parcela da população idosa - com 60 anos ou mais - cresce a taxas superiores às dos demais grupos, atingindo nos dias atuais aproximadamente 9% do total da população do país. São cerca de 15 milhões de pessoas, população superior à de países como Uruguai, Paraguai, Bolívia, Equador, aqui nas redondezas e Dinamarca, Israel e Portugal, em plagas mais distantes. De outro lado, na década em curso a população de jovens atingirá sua participação histórica máxima. Nunca o país teve tantos jovens entre 15 e 24 anos, nem nunca mais terá. Dados de 2002 revelam que o país tinha 34 milhões de jovens entre 15 a 24 anos, aproximadamente 20% da população, enquanto há duas décadas esse número era pouco superior a 26 milhões (à época, equivalente a 21,5% de toda a população).

Esses jovens demandam, com intensidades diferentes segundo sua particular idade, escola, saúde, cultura, esportes, lazer, emprego, enquanto progressivamente vão formando hábitos e costumes. Vão também, paulatinamente, tomando decisões que em grande medida irão determinar sua história de vida. São decisões sobre estudar e/ou trabalhar, que profissão seguir, casar ou seguir vivendo com seus pais, em que momento procriar, dentre muitas outras. É nesse processo de exposição e escolhas que se consolidam valores, atitudes e preferências. Se de um lado é nesse momento que o jovem é exposto a um amplo conjunto de possibilidades positivas para sua formação, de outro é o período em que é exposto a um conjunto de riscos cujas conseqüências podem, eventualmente, ser dramaticamente determinantes de seu futuro. Só por essas razões, a juventude, em qualquer momento e em qualquer lugar, enseja cuidados e atenções especiais, não apenas por parte da família, mas também da sociedade.

Esse quadro torna-se mais complicado se considerarmos que a juventude brasileira está exposta a um amplo conjunto de possibilidades - tal qual a norte-americana, a européia ou a japonesa - sem no entanto, dispor das ferramentas adequadas para a tomada de decisão. Enquanto esses jovens têm, de maneira generalizada e mais ou menos homogênea, acesso à educação, à cultura, ao computador e à internet, tendo, em média, tantos anos de escolaridade quanto sua idade subtraída de sete, o brasileiro, em sua grande maioria, encontra-se defasado do ponto de vista escolar e distante dos mesmos recursos - para não falar de outros equipamentos e serviços básicos.

A equação torna-se especialmente dramática se adicionarmos o fato de que o "capital humano" passou a ter relevância muito maior na função de produção das sociedades modernas. Em outras palavras, se do ponto de vista macro- econômico a qualidade do recurso humano passou a ser decisivo para a eficiência das economias, do ponto de vista individual, o "investimento" em educação e formação tornou-se determinante para se integrar ao processo produtivo ou ficar completamente à margem.

Por essas características - aqui muito resumidamente apresentadas - talvez estejamos vivendo um particular momento em que a juventude brasileira mais necessite de atenção e cuidados especiais. Poucas políticas sociais têm maior capacidade de desmontar o ciclo vicioso da pobreza do que aquelas voltadas para a juventude. A garantia da sua efetividade depende, em grande medida, de um bom nível de articulação e integração das ações, de forma que as diversas dimensões da vida que se transformam neste período possam receber os devidos cuidados. Esse é um dos nossos desafios. Juntamente com as reformas estruturais, tão constantemente apregoadas, é necessário que comecemos imediatamente a discutir uma política para a juventude, dado seu papel estratégico no combate à pobreza e para a história futura do país.


Paulo Tafner é Diretor-adjunto de Estudos Macroeconômicos do Ipea

 
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