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Razões do sucesso do modelo asiático

2004. Ano 1 . Edição 1 - 1/8/2004

A integração pelo comércio, a atração do investimento direto e taxa de câmbio real competitiva são fatores cruciais para o sucesso do modelo asiático de crescimento acelerado

Luiz Gonzaga Belluzzo*

O documento da Unctad, Relatório de Comércio e Desenvolvimento, de 2003, classificou os países em desenvolvimento em quatro grupos: 1) os de industrialização madura, como a Coréia e Taiwan, que já atingiram um grau elevado de industrialização, produtividade e renda per capita,mas apresentam uma taxa declinante de crescimento industrial; 2) os de industrialização rápida, como a China e talvez a Índia,que - mediante políticas que favorecem elevadas taxas de investimento doméstico e graduação tecnológica - apresentam crescente participação das manufaturas no produto, no emprego e nas exportações; 3) os de industrialização de enclave, como o México, que, a despeito de aumentar sua participação na exportação de manufaturados, têm desempenho pobre em termos de investimento, de valor agregado e de produtividade; e 4) finalmente, os em vias de desindustrialização, grupo que inclui a maioria dos países da América Latina. Estão nessa turma os que alcançaram certo grau de avanço industrial, "mas não foram capazes de sustentar um processo dinâmico de mudança estrutural mediante a rápida acumulação de capital e crescimento do PIB". Esses países, num ambiente de liberalização financeira e comercial, apresentam participações declinantes do emprego e da produção manufatureiras e sofrem uma degradação da sua posição tecnológica.

Os economistas Michael Dooley, David Folkerts-Landau e Peter Garber descobriram - um tanto tardiamente - que a "globalização americana" dos anos 80 e 90 engendrou dois tipos de regiões: as trade account regions, cuja inserção internacional se faz pelo comércio e pela atração do investimento direto destinado aos setores afetados pelo comércio internacional (tradeables); e as capital account regions, que buscaram sua integração mediante a abertura da conta de capitais.

No primeiro grupo estão os países da Ásia, que apresentam superávits comerciais elevados e rápida acumulação de reservas em moeda forte; no segundo, militam os países da América Latina, como o Brasil, sempre pressionados por relações arriscadas entre o serviço da dívida externa e as exportações, apresentando freqüentemente proporções inadequadas entre reservas e dívida externa de curto prazo.

A estratégia asiática encontrou campo fértil na ampliação do déficit em transações correntes dos Estados Unidos: primeiro a indústria manufatureira e mais recentemente o setor de serviços dos Estados Unidos empreenderam a internacionalização de sua "estrutura de custos". Assim, o investimento produtivo 'global' concentrou-se nas áreas de crescimento rápido, onde ocorria a combinação mais vantajosa entre a incorporação do progresso tecnológico e a oferta elástica de fatores de produção.

A integração pelo comércio e pela atração do investimento direto - associada a uma política de proteção de uma taxa de câmbio real competitiva, mediante intervenções e controles sobre a conta de capital - constituiu-se em um fator crucial para o sucesso do modelo asiático de crescimento acelerado e graduação tecnológica.

Num mundo em que são fortes as assimetrias de poder econômico e financeiro entre as nações, tais práticas neomercantilistas permitem a adoção de políticas monetárias mais frouxas, isto é, taxas de juros mais baixas que favorecem a expansão do crédito. Isso porque a acumulação de reservas elevadas garante o atendimento da demanda por liquidez em moeda forte e assegura a estabilidade da taxa de câmbio.

A razão maior do fracasso das políticas adotadas no Brasil nos anos 90 foi a crassa incompreensão - vamos ser generosos - das armadilhas implícitas na abertura financeira.Daí nasceu uma economia sem instrumentos de governança, sem liberdade de utilizar instrumentos fiscais e monetários compatíveis com o crescimento e incapaz de engendrar estratégias de longo prazo.


* Luiz Gonzaga Belluzzo é economista e professor da Unicamp

 
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