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O Ipea é o grande centro para se pensar o Brasil

2011 . Ano 8 . Edição 69 - 21/12/2011

Foto: SAE/PR

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Presidente do Instituto fala da história do órgão, dos desafios colocados pelo atual cenário internacional, das necessidades imediatas e dos planos de expansão diante do novo papel do Brasil no mundo

Desafios do Desenvolvimento - O que é o Ipea?

Pochmann - O Ipea é uma identidade do Brasil. Não é possível pensar o Ipea de forma isolada, sem identificá-lo com as circunstâncias nacionais. O Instituto surge no quadro da modernização conservadora realizada a partir do golpe de 1964, que internaliza um programa de estabilização monetária constituído fora do Brasil. Era o Plano de Ação Econômica do Governo (Paeg), realizado entre 1964 e 1967. Ele tinha como substrato a constituição de uma instituição tecnocrática para sua condução. Roberto Campos [então ministro do Planejamento], visionário e executor, juntamente com [João Paulo dos] Reis Velloso, constroem o Ipea com inegável êxito no planejamento do Estado e das políticas públicas durante o regime militar [1964-85]. A transição democrática abre a perspectiva para um novo Ipea, contemporâneo dos desafios colocados no final do século XX.

Desenvolvimento - De lá para cá, a trajetória do Ipea foi complexa, não?

Pochmann - Sim. A dissolução da maioria política comprometida com o desenvolvimento nacional a partir da crise da dívida externa entre 1981 e 1983 altera a agenda nacional para questões conjunturais de curto prazo. Exemplos são o pagamento da dívida externa, o enfrentamento da inflação, a desorganização das contas públicas e a competitividade, entre outras. Isso leva o tema do planejamento e do desenvolvimento a um segundo nível de importância. A partir daí, a instituição Ipea sofre desta circunstância e perde a capacidade de contribuir com uma visão de longo prazo. Somente no início do século XXI, com a reorganização de uma nova maioria política comprometida com o desenvolvimento nacional, o Ipea recupera sua capacidade de intervenção junto às políticas públicas e à sociedade. Essa reorganização vem se dando gradualmente, por intermédio de um redesenho institucional, da ampliação orçamentária e do reforço de sua força de trabalho. O Brasil deverá estar, nesta segunda década do século XXI, entre as cinco economias mais importantes do mundo, tendo superado problemas ainda do século XIX, como a miséria. Isso faz o Brasil colocar-se em uma posição de referência no cenário internacional. Consequentemente, o Ipea está diante de desafios que os últimos quarenta anos não haviam lhe colocado.

Desenvolvimento - Quais as áreas de atuação do Ipea?

Pochmann - O Ipea teve uma trajetória quase monotemática, desde sua criação, voltada para a economia. Isso se deveu à sua ação voltada para as demandas do Poder Executivo. Nos últimos quatro anos o Instituto ampliou seu leque de temas. Hoje o Ipea atende os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, transformando-se numa grande instituição de pesquisa e de assessoria do Estado. Ao mesmo tempo, sua agenda de atuação se ampliou, atendendo também a demandas da sociedade civil, como é próprio em um regime democrático. Temos hoje cerca de cem temas no âmbito das ciências sociais que o Ipea tem condições de tratar.

Desenvolvimento - Quais as diferenças entre o Ipea e outros centros de pesquisa brasileiros?

Pochmann - O diferencial principal é que nós somos servidores do Estado com uma atividade-fim voltada para a pesquisa e o planejamento aplicado. Não somos técnicos ou pesquisadores no estrito senso. O compromisso é aplicar nosso conhecimento em políticas públicas.

Desenvolvimento - Como o Ipea atende as demandas dos diversos setores?

Pochmann - Estamos vivendo um quadro de grandes transformações, preparando o Ipea para ser uma grande instituição de pesquisa do Brasil e do mundo. Precisamos de um Instituto compatível com a nova posição do Brasil no plano internacional. Há atualmente três desafios. O primeiro é termos capacidade de gerenciar os bancos de dados da República brasileira (Executivo, Legislativo e Judiciário). O segundo é sermos uma instituição cada vez mais matricial, visando uma perspectiva totalizante nas ciências sociais. O terceiro é sermos uma instituição com um plano de trabalho bianual. Atualmente temos um plano anual. Esse plano é construído de forma coletiva, combinando demandas institucionais com demandas individuais. Essas solicitações originárias da instituição se combinam com demandas do Estado e da sociedade civil. Todas as solicitações externas ao Ipea são estabelecidas através de acordos de cooperação técnica.

Desafios - O Instituto está bem dimensionado para atender a essas tarefas?

Pochmann - O Ipea sofreu um processo de encolhimento durante muito tempo. Havia aqui cerca de 1,2 mil servidores em 1980. Hoje temos 714 funcionários. Quando cheguei aqui havia 470. Houve um processo de enxugamento nos anos 1990. As pessoas foram se aposentando e os concursos não foram capazes de manter o quadro funcional. Esperamos realizar um novo concurso em 2012, para ampliar nosso quadro. A opção tomada no concurso passado, de trabalhar com um maior número de disciplinas do conhecimento, tem se mostrado extremamente favorável à instituição.

Desenvolvimento - O Ipea está abrindo representações em alguns Estados e mesmo fora do País. Que processo é esse?

Pochmann - Temos dois movimentos. O primeiro é o de descentralização do Ipea, que começou com redes de cooperação técnica com instituições de pesquisas estaduais. Depois se avançou para a constituição de missões em Estados como Paraíba, Pará e Rio de Janeiro. A meta é termos representações nas grandes regiões geográficas do País. O outro movimento é o de internacionalização e de acompanhamento de diversas instituições. Isso acontece, por exemplo, em relação à Embrapa e a Fiocruz. Ambas ganharam dimensão internacional dentro da política externa brasileira de cooperação técnica. Há também uma missão do Ipea junto ao governo venezuelano e estamos avançando para termos presença nos países do Mercosul e na China.

Desenvolvimento - O que falta ao Ipea para dar conta de tantas iniciativas?

Pochmann - O ideal é termos uma convergência sobre o que se quer da instituição. O Ipea já é o grande centro para se pensar o Brasil. Não temos outro local com essa capacidade de articulação. Temos acesso a informações que ninguém possui de forma totalizante. Aumentou muito nossa capacidade de publicação. Foram lançados inúmeros livros e estudos. Mas editamos apenas um terço do que a casa produz. A maior parte do trabalho está voltada para o monitoramento, a avaliação e a sistematização de políticas públicas.

Desenvolvimento – Como a instituição mantém a pluralidade de pensamento em seu interior?

Pochmann - Quando chegamos aqui, a visão que tínhamos era de que o Ipea estava organizado para a construção de consensos. Nossa trajetória tem sido a de fortalecer a explicitação dos dissensos. Eu acredito que nos dissensos e na pluralidade é que reside a riqueza da instituição. Isso fica claro em nossas publicações.

 
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