Água, recuperação pensando no futuro |
2011 . Ano 8 . Edição 67 - 20/09/2011
Cora Dias – de Brasília Osasco desenvolve projeto para recuperar minas e nascentes urbanas, com o envolvimento da comunidade, a partir de programas de educação ambiental O grande desafio do século XXI é conciliar o desenvolvimento econômico à preservação ambiental. Fala-se muito sobre economia verde, desenvolvimento sustentável e combate ao aquecimento global. Foi com esses objetivos que uma das cidades da maior região metropolitana do país e também uma das mais poluídas, deu o primeiro passo para preservar o meio ambiente urbano. O Projeto de Recuperação de Minas e Nascentes, desenvolvido pela prefeitura de Osasco, em São Paulo, busca reverter perdas de recursos hídricos através da identificação, recuperação e preservação das águas urbanas. Para isso, a Secretaria de Meio Ambiente do município, executora do projeto, envolve a comunidade com programas de educação ambiental. A excelência da iniciativa a tornou uma das vencedoras da 3ª. Edição do Prêmio Objetivos de Desenvolvimento do Milênio Brasil (ODM Brasil), em 2009. O Prêmio foi proposto pelo Governo Federal em 2004 e a coordenação técnica está a cargo do Ipea e da Escola Nacional de Administração Pública (Enad). A ação conta com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Osasco tem hoje 630 mil habitantes e, embora esteja fora das áreas de mananciais da Grande São Paulo, possui dezenas de minas e nascentes, todas ligadas ao rio Tietê. Desde 1940, o desenvolvimento urbano altera a paisagem natural da cidade. Foi o que aconteceu com a retificação do canal do Tietê e com a construção de uma barragem móvel na divisa entre a cidade e o município de São Paulo. O objetivo era favorecer a geração de energia destinada à cidade de Cubatão. Como resultado, muitas nascentes foram aterradas por despejo irregular de entulho, pavimentação de vias ou por construções privadas, além da rede de esgoto que chega a esses locais. IDENTIFICAÇÃO DE NASCENTES Em 2006, a Secretaria de Meio Ambiente, com a participação de alunos de 39 escolas estaduais, guiados por professores de biologia e geografia, identificou 52 nascedouros de água. O objetivo era envolver a comunidade, que mora próxima aos locais de preservação, ao projeto.
Após a identificação, a equipe da prefeitura iniciou o processo de revitalização dos locais inventariados. Além da limpeza e do afastamento da nascente da rede de esgoto, há também um projeto paisagístico em que a água é usada para o embelezamento das praças. As nascentes recuperadas encontram- -se dispersas pelo município, tanto em áreas privadas - porém acessíveis ao público - como em ruas, praças, parques municipais e escolas.
As escolas e a comunidade diretamente envolvidas com a atividade de recuperação são convidadas a participar do projeto por meio de palestras sobre a importância da preservação do meio ambiente. O projeto atinge toda a população de Osasco e demais parceiros da região. Até o momento, foram recuperadas 27 nascentes em áreas públicas, escolas, parques e entidades comunitárias. Entre os benefícios estão a despoluição dos recursos hídricos, a contribuição para a educação ambiental da população e a melhoria da qualidade de vida. A meta do projeto é recuperar todas as nascentes identificadas. De acordo com o secretário de meio ambiente, Carlos Marx Alves, outras três nascentes serão recuperadas ainda em 2011. COLHENDO FRUTOS Desde o início do projeto, em 2006, a prefeitura de Osasco já realizou sete semanas da água. São eventos com palestras e atividades para a comunidade. Outros projetos, como o Conexão água, que disponibiliza recursos para qualificação e treinamento de pessoal para a recuperação das águas, e o De olho no óleo, voltado para coleta do produto usado na cozinha, também são desenvolvidos pela Secretaria. Alves conta que o óleo entope esgoto das casas e vai para os rios. “Um litro de óleo contamina 20 mil litros de água”, afirma. A recuperação arbórea da cidade também avançou nos últimos anos. A prefeitura plantou quarenta mil árvores em Osasco pelo projeto.
Desde 2006, Alves acredita que foram investidos R$ 4 milhões em todas essas atividades – entre recursos da prefeitura e financiamentos da Fundação Estadual de Recursos Hídricos (Fehidro). Alves conta que prefeituras de outras cidades já se interessaram pelos programas de Osasco e que há uma parceria com seis municípios próximos, para replicar a boa prática. Segundo o Secretário, os rios que cortam as regiões metropolitanas estão poluídos e não são utilizados para abastecimento humano. A recuperação das nascentes é o início do processo para que as águas que cortam as grandes cidades do país sejam usadas para abastecimento. Hoje, 60% da cidade de Osasco tem rede de coleta de esgoto, tarefa sob responsabilidade da Sabesp. Dessa rede, apenas 10% é tratada. Ou seja, 90% da coleta é jogada in natura nos córregos da cidade que vão para o Tietê. O restante do esgoto não tratado, 40%, é despejado em fossas ou é jogado em galerias pluviais afluentes do Tietê. O abastecimento de água encanada, por sua vez, é garantido a toda a população de Osasco.
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