Análises e Previsões - Estudo analisa renda e trabalho nos últimos 50 anos |
2011 . Ano 8 . Edição 67 - 20/09/2011 Estudo analisa renda e trabalho nos últimos 50 anos O Ipea divulgou no início de agosto o Comunicado nº 104, Natureza e dinâmica das mudanças recentes na renda e na estrutura ocupacional brasileiras. A análise cobre um período de cinquenta anos, abrangendo as transformações na estrutura social a partir dos anos 1960 até a atualidade. O foco central do documento é a estrutura ocupacional e da renda nacional. A base de dados utilizada é uma série histórica de informações estatísticas geradas originalmente pelo IBGE (Censo Demográfico, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, Pesquisa de Orçamento Familiar e Contas Nacionais). Em comparação com os anos 1960, o Brasil convive atualmente com uma experiência inédita de transformação de sua estrutura social. Durante a maior parte deste período, o dinamismo de uma sociedade que empreendia o esforço da industrialização era acompanhado pelo aumento das desigualdades. Os dados mostram que a última década representou uma ruptura com esse padrão, por meio da redução das desigualdades com a recuperação da participação dos salários na renda nacional. DINÂMICA DAS MUDANÇAS O principal traço das mudanças sociais observadas até a década de 1980 foi o vigor da aceleração da produção industrial. Simultaneamente à expansão absoluta da produção secundária da economia (indústria e construção civil), assistiu-se à perda relativa de importância do produto do setor primário (agropecuária), sem que houvesse alteração significativa na participação do setor terciário da economia (serviços e comércio). Entre 1980 e 2008, o setor terciário cresceu seu peso relativo em 30,6%, respondendo atualmente por 2/3 de todo a produção nacional, enquanto os setores primários e secundários perderam 44,9% e 27,7%, respectivamente, de suas participações relativas no PIB. A grande parte dos postos de trabalhos gerados na última década concentrou-se na base da pirâmide social, uma vez que 95% das vagas abertas tinham remuneração mensal de até 1,5 salários mínimos. O que significou o saldo líquido de 2 milhões de ocupações abertas ao ano, em média, para o segmento de trabalhadores que recebem salário de base. Com isso, a parcela considerável da força de trabalho conseguiu superar a condição de pobreza. Contudo, não alcançaram a classe média. Esta se manteve estacionada na faixa de 1/3 dos brasileiros. O estudo mostra que, pela primeira vez, o Brasil consegue combinar a maior ampliação da renda por habitante com a redução no grau de desigualdade na distribuição pessoal da renda do trabalho, aliada à redução do desemprego. As mudanças estão associadas às transformações na estrutura produtiva, com crescente impulso do setor terciário. A íntegra do documento está em www.ipea.gov.br |