Análises e Previsões: Cenário de estabilidade da inflação |
2009 . Ano 6 . Edição 54 - 30/10/2009 Preços: Cenário de estabilidade da inflação Os principais índices de preços no Brasil vêm desacelerando ao longo dos últimos meses, construindo um ambiente de estabilidade inflacionária, de acordo com o boletim Conjuntura em Foco, publicado em agosto pelo Ipea. De fato, o quadro de aceleração das taxas de variação dos preços delineado nos três primeiros trimestres do ano passado começou a dar sinais de arrefecimento com o agravamento da crise financeira internacional, a partir de outubro. A retração da demanda mundial, especialmente a asiática, por commodities agrícolas e metálicas, aliada a uma diminuição do fator especulativo, gerou uma expressiva desaceleração nos preços desses produtos, de modo que os principais índices de preços no atacado já apresentavam deflação em dezembro. A incerteza quanto à duração e à intensidade da crise, conjugada com a apreciação recente da taxa de câmbio, fez com que os preços dessas commodities caíssem ainda mais no mercado interno. Como consequência dessa forte queda de preços por atacado, os Índices Gerais de Preços (IGP), nos quais a participação do Índice de Preços por Atacado (IPA) corresponde a 60%, vêm registrando sucessivas deflações. De acordo com os dados da Fundação Getulio Vargas (FGV), o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) apresentou em agosto a sexta retração seguida (-0,36%). Com este resultado, o índice acumula no ano queda de 2%, ficando bem abaixo da variação observada no mesmo período do ano anterior (8,3%). Isolando apenas o componente de preços por atacado, verifica-se que, nos oito primeiros meses de 2009, o IPA aponta deflação de 4,6%. Essa desaceleração recente dos preços por atacado gerou uma forte reversão da sua curva de variação acumulada em 12 meses (gráfico 1). Em agosto de 2008, o Índice de Preços por Atacado do Mercado (IPA-M) total acumulava alta próxima a 17% nos últimos 12 meses; um ano depois, nessa mesma base de comparação, o resultado mostra uma deflação de 3,5%. No caso dos produtos agrícolas, a trajetória de queda é ainda mais surpreendente, uma vez que, em 2008, a taxa acumulada era de 28,4%, ao passo que em 2009 está em -4,9%. Os preços industriais apresentam comportamento semelhante, porém, com menor intensidade: recuo de 13,1% para -2,9%. |