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Ciência & inovação

2007 . Ano 4 . Edição 32 - 7/3/2007

Pesquisa Andréa Wolffenbüttel
Texto Eliana Simonetti

Novos materiais I

Embalagem plástica inteligente

Entrou em fase de testes um filme plástico para embalagens feito à base de amido de mandioca e açúcares que é biodegradável e comestível. Além disso, ele tem propriedades bactericidas e muda de cor de acordo com o estado de conservação de seu conteúdo. Foi desenvolvido por Cynthia Ditchfield, pesquisadora do Laboratório de Engenharia de Alimentos da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). A notícia é muito boa. Segundo a Associação Brasileira de Embalagens, são reciclados apenas 16, 5% dos cerca de 4 milhões de toneladas de plástico consumidas anualmente no Brasil. A estimativa para a decomposição do material no ambiente é cem anos e, em todo o planeta, busca-se a criação de um polímero natural biodegradável. Mas a pesquisa brasileira vai mais adiante. A adição de cravo e canela, antimicrobianos naturais, resulta em aumento da vida útil do produto embalado. Extratos naturais de repolho roxo, uva e cereja, pigmentos que mudam de cor com o pH, indicam o grau de deterioração e oferecem segurança ao consumidor.

Genética

Mais perto do café perfeito

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Após cinco anos de pesquisa, cientistas brasileiros e franceses identificaram genes responsáveis pela acumulação de açúcar no grão de café, que, durante a torrefação, libera aroma e sabor, alterando suas qualidades originais. Com isso, garantem estar mais próximos da produção de uma bebida perfeita. O trabalho, que envolve o Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad), da França, e o Instituto Agrícola do Paraná, do Brasil, visa agregar valor ao produto, cujo preço no mercado internacional, atualmente, é inferior ao registrado há duas décadas, segundo a International Coffee Organization.

Carro elétrico

Modelo nacional estará no Pan

O primeiro carro elétrico produzido no Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Montagem de Veículo Elétrico, instalado na Usina Hidroelétrica de Itaipu, em Foz do Iguaçu, no Paraná, será usado pela Eletrobrás nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro. O veículo tem autonomia de 120 quilômetros e atinge velocidade de 130 quilômetros por hora. Agora, o desafio é melhorar a bateria, de tecnologia européia, que demora oito horas para ser carregada. Até dezembro, o centro testará outros dezesseis modelos. A intenção inicial é produzir nos próximos cinco anos veículos comercialmente competitivos com componentes nacionais que atendam à demanda das companhias de energia interessadas em reduzir as despesas com combustível. O motor está sendo desenvolvido pela empresa catarinense Weg. A linha de montagem, implantada pela Fiat, fica num galpão de 2, 2 mil metros quadrados dentro das instalações de Itaipu e, a princípio, deverá empregar doze pessoas.

Novos materiais II

Porcelana de osso

Com cinzas de ossos bovinos, caulim e feldspato, o físico Ricardo Yoshimitsu Miyahara, do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), produziu uma porcelana de ossos mais branca, leve e resistente do que a comum. O material, superior ao feito na Inglaterra desde o século XVIII, pode ser utilizado na confecção de próteses odontológicas. Produzida também nos EUA e na China, a porcelana de ossos tem elevado custo de importação. Segundo o pesquisador, como o Brasil é grande criador de gado e tem tradição na fabricação de produtos cerâmicos, poderá se tornar exportador da nova porcelana.

Voto tecnológico

Biometria nas urnas

As eleições de 2008 terão uma novidade nos estados de Mato Grosso do Sul, Rondônia e Santa Catarina: urnas dotadas de um dispositivo de leitura que permite o reconhecimento do eleitor pela impressão digital. Os leitores biométricos foram colocados em 25. 538 máquinas compradas para as eleições de 2006, mas não foram usados. Agora, para viabilizar sua utilização, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) está ajustando o programa de seu banco de dados e fará o cadastramento das impressões digitais dos eleitores dos três estados. É mais um avanço numa área em que o Brasil detém tecnologia de ponta. O sistema desenvolvido aqui já foi transferido para Argentina, Equador, Costa Rica, República Dominicana e México.

Pesquisa I

Mercado para doutores

O número de doutores brasileiros tem crescido à taxa anual de 12%. Em 2006, 10 mil acadêmicos completaram o doutorado. Mas, segundo especialistas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), para promover o desenvolvimento e aumentar a competitividade é preciso mais: 16 mil títulos por ano. Além disso, é necessário uma correção de rota. A maior parte dos doutores trabalha no meio acadêmico ou obtém bolsas de pósdoutorado e desenvolvimento científico oferecidas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela Capes e por outras fundações estaduais. As indústrias deveriam aproveitar os profissionais para evitar, por exemplo, que por falta de tecnologia o Brasil, maior exportador de suco de laranja do mundo, seja obrigado a importar ácido cítrico, um dos principais componentes de sua produção. Não faltam instrumentos que funcionam como abre-alas para o investimento industrial em pesquisa. Entre eles estão a Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (Pitce), a Lei de Inovação e auxílios oferecidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Só faltam os empresários entrarem na passarela.

Pesquisa II

Alemanha encosta na França

Pelas previsões da Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), em breve a Alemanha será a principal base acadêmica do Brasil na Europa. Atualmente, o país é o terceiro principal destino de brasileiros que estudam no exterior. Os mais procurados são os Estados Unidos e a França. Segundo o Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (Daad), a cooperação acadêmica entre os dois países dobrou em uma década. Entre 1993 e 2003, o número anual de brasileiros participando de programas de intercâmbio universitário na Alemanha passou de 426 para 900 - alta de 111%. No mesmo período, a elevação do número anual de alemães que fizeram parte de seus estudos ou pesquisas no Brasil foi ainda maior, de 170%. A Universidade de São Paulo (USP) é a líder em benefícios recebidos do Daad, que oferece bolsas a 52 instituições públicas brasileiras, entre as quais 31 universidades federais, doze estaduais, quatro tecnológicas e cinco centros de pesquisa; além de 27 instituições particulares de ensino e pesquisa.

Agricultura

Natureza contra natureza

Até o final do ano, Cascavel, cidade a 500 quilômetros de Curitiba, vai ganhar um novo laboratório de pesquisas. A missão dos estudiosos será descobrir fungos que provocam doenças em insetos, para combater as pragas das plantações. Os principais clientes serão os pequenos agricultores orgânicos e agroecológicos do oeste do Paraná, que não utilizam agrotóxicos. A produção dos fungos para controle biológico - de baixo impacto ambiental - será coordenada pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) com tecnologia semelhante à aplicada em São Paulo, onde o arroz é utilizado para o cultivo dos microrganismos. A equipe da Unioeste, que já utiliza insetos para o controle de lagartas e percevejos no campus localizado na cidade de Marechal Cândido Rondon, pretende também ampliar as pesquisas para a produção da bactéria Bacillus thuringiensies, cujas variedades podem atacar o pernilongo urbano.

US$ 18, 5 bilhões

Essa deverá ser a quantia investida no Brasil em tecnologia da infomação (TI) durante 2007, segundo projeções da IDC, consultoria especializada em TI e telecomunicações. O valor é 14, 5% superior ao registrado em 2006.

 

Celular

Olha o passarinho!

 

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Um estudo realizado pela Schneider Kreuznach, empresa alemã especializada em componentes óticos, confirma a tendência de os telefones celulares substituírem as câmaras digitais. A pesquisa sobre padrões de uso de câmaras digitais e aparelhos celulares envolveu cerca de 1. 000 pessoas na Alemanha, na China, na Índia e nos Estados Unidos. Um quarto dos entrevistados afirmou que usaria apenas o telefone celular para tirar fotos se a qualidade fosse igual ou superior à das câmaras atuais de preço médio. Apenas 32% dão preferência à câmara digital. Na Índia e na China, mais da metade dos entrevistados tira fotos com seu celular várias vezes por semana. O efeito das descobertas foi imediato: os fabricantes de telefone celular já estão criando modelos que fotografam com resolução maior e têm melhores sistemas de lente. O estudo está disponível em www.schneiderkreuznach.com/pdf/mobil_phone_study.pdf.

 
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