2006. Ano 3 . Edição 22 - 5/5/2006
Pesquisa Nair Rabelo Texto Andréa Wolffenbüttel
Agricultura A vez da nano Não sem motivos, a nanotecnologia conquistou o lugar de vedete internacional no meio científico. Para acompanhar o movimento internacional, o governo brasileiro acaba de liberar 4 milhões de reais para a instalação do Laboratório Nacional de Nanotecnologia para o Agronegócio (LNNA), em São Carlos, no interior de São Paulo. Lançada no dia 17 de abril, a iniciativa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) foi financiada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. A verba servirá para aquisição de 22 aparelhos, a maioria importados, que equiparão o laboratório. Representando um terço do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro,40% das exportações e 37% das fontes de emprego no país, o agronegócio agora tem mais um motivo para evoluir. Segundo Ladislau Martin Neto, chefe-geral da Embrapa Instrumentação Agropecuária, a nanotecnologia será importante para agregar valor aos produtos agrícolas, além de reduzir sua vulnerabilidade às barreiras comerciais impostas pelo mercado internacional. Pretende-se usar o laboratório para a criação de sensores de qualidade de produtos, como leite e sucos, e para o desenvolvimento de nanofilme para embalar frutos, o que servirá para aumentar seu tempo de durabilidade. No primeiro momento, uma rede de pesquisa será formada entre instituições de ensino, iniciativa privada e 15 unidades da Embrapa. Espera-se que, em dois anos, o laboratório já esteja apresentando resultados.
Design Olhos de vidro Pesquisadores do Instituto Nacional de Tecnologia (INT), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, ficaram entre os finalistas de uma competição promovida pela Microsoft e pela Industrial Designers Society of América (Isda). O objetivo da disputa era apresentar inovações em computadores que melhorassem a rotina dos milhões de usuários do Windows. Concorrendo com 308 participantes, os cariocas Marcos Garamvölgyi e Rubem Di Floriani ficaram entre os 32 primeiros colocados no ranking geral e em segundo lugar pelo júri popular na categoria Living/Lifestile. Eles conquistaram a posição com o aparelho Glass Eyes, um computador cujos monitor e teclado são virtuais e projetados em qualquer superfície plana.Até agora, só foi construído um protótipo, mas o pedido de patente já foi feito. Contatos com empresas que se interessam em produzir um modelo comercial já estão em andamento. Garamvölgy diz que Glass Eyes é interessante para designers que precisam de projeções gigantescas e também para pessoas com alguma limitação que dificulte o uso do mouse, já que o modelo substitui o mouse por um controle remoto multifuncional e atende a comandos de voz.Além dessas vantagens,o Glass Eyes é ecologicamente correto porque economiza em material, uma vez que dispensa o teclado, a tela do monitor e a torre de comandos.
Aids Procuram-se voluntários Os trabalhos de pesquisa, no Brasil, para desenvolvimento de uma vacina contra a Aids estão parados por falta de voluntários. O prazo para inscrição dos candidatos deveria ter terminado em 31 de março, mas foi prorrogado até 31 de maio na esperança de que outras pessoas se apresentem. Os testes serão realizados pelo Centro de Referência e Treinamento DST/Aids (CRT-DST/Aids), de São Paulo, e o centro de pesquisa Praça Onze, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, ambos em parceria com a rede internacional de pesquisas HIV Vaccine Trials Network. Cada uma das instituições deve contar com 20 voluntários, mas até agora só oito pessoas estão aptas a colaborar. Inicialmente, cerca de 900 indivíduos se interessaram em participar do programa, mas não se encaixavam nas condições exigidas. Gabriela Calazans, responsável pelo recrutamento de voluntários do CRT, esclarece que não há nenhum risco de contaminação para os participantes. Mais informações podem ser obtidas nos sites www.crt.saude.sp.gov.br/vacinas e www.pracaonze.ufrj.br/pesquisas/pesquisas.html.
Tecnologia Brasil cai no ranking do Fórum Econômico Pelo segundo ano, o Brasil cai no ranking mundial de tecnologia elaborado pelo Fórum Econômico Mundial. Entre os 115 países analisados, ficamos na 52.ª colocação, seis abaixo da registrada em 2005 e 23 posições atrás do Chile, o país latino-americano mais bem classificado. O mau desempenho é atribuído, em parte, ao ambiente difícil para os negócios. O Fórum destaca quatro pontos: a burocracia para dar início a uma empresa, a dificuldade para alterar a legislação, o tempo para abrir um negócio e o peso dos impostos.
Malária Mosquitos transgênicos A malária é uma infecção causada por parasitas que contaminam as pessoas por meio de mosquitos, e mata anualmente mais de 1 milhão de pessoas em todo o mundo. Uma equipe de pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Minas Gerais, após dois anos de trabalho, conseguiu criar mosquitos transgênicos que devem ser imunes ao parasita transmissor da malária aviária. Um tipo de DNA foi injetado nos ovos dos embriões para inibir a disseminação da doença. Quando adultos, os mosquitos Aedes fluvistilis modificados cruzarão com outros da colônia e terão filhos que já nascerão com a alteração. Daqui um mês, testes serão feitos para comprovar a eficácia dos insetos. De acordo com a Fiocruz, esses são os primeiros mosquitos transgênicos da América Latina. Para custear os estudos, foram gastos cerca de 40 milhões de dólares, fornecidos pela Fiocruz e pela Organização Mundial da Saúde. Passada a primeira fase, serão iniciadas pesquisas com o mosquito Anopheles Aquasalis, que atinge os humanos. Luciano Andrade Moreira, coordenador da pesquisa, lembra que a iniciativa está em fase laboratorial e ainda não há previsão para liberar os insetos modificados no ambiente.
Propriedade intelectual Livres por natureza Levantamento realizado pela Associação Brasileira de Propriedade Intelectual (Inpi) constatou que 84 nomes típicos da fauna e flora brasileiras são usados como marcas em outros países. A descoberta levou o governo a confeccionar uma lista com 3 mil nomes tradicionais da biodiversidade nacional que serão divulgados em todo o mundo para evitar casos como o da empresa japonesa Asahi Food, que em 1998 registrou a palavra cupuaçu e passou a cobrar 10 mil dólares em royalties para qualquer produto que usasse o nome em seu rótulo. Só em 2004 uma ação impetrada por uma organização não-governamental conseguiu derrubar a patente. A lista, na qual constam itens como açaí, maracujá, pinhão, umbu, cajá e, claro, cupuaçu, será distribuída em forma de software aos principais escritórios de patentes do planeta. A compilação dos nomes foi elaborada por pesquisadores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e do Instituto Brasileiro de Propriedade Intelectual (Inpi). A iniciativa é inédita no mundo.
Inovação Querido diário Já se foi o tempo em que as mocinhas escondiam suas aventuras e seus segredos mais íntimos em diários com capa cor-de-rosa trancados a chave.Eles foram superados pelos nada discretos blogs, nos quais os detalhes do cotidiano estão à disposição de todos, espalhados pelo grande espaço virtual. Agora a IBM lançou um protótipo que pode dar um passo adiante na arte de registrar a vida diária.Trata-se do Magic Block, um pequeno gravador digital com capacidade para acumular as conversas de todo um dia. A inovação, porém, não está no tamanho da memória, mas em um novo sistema de reconhecimento de voz que permite ao dono encontrar a conversa exata que procura. No entanto, ao contrário do que acontece nos blogs, no Magic Block a preocupação com a privacidade foi preservada. O aparelhinho traz um eficiente sistema de segurança que só destrava quando ativado pelo contato com as impressões digitais do proprietário. A novidade foi apresentada no Fórum Internacional de Design de 2006, realizado em Hannover, na Alemanha, sendo reconhecido pelo seu potencial de transformar a indústria.
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