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Seção de Notas de Ciência Tecnologia

2006. Ano 3 . Edição 20 - 9/3/2006

Pesquisa Nair Ribeiro
Texto Andréa Wolffenbüttel

Conhecimento
Saber gratuito on-line
O Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) acaba de lançar o Terræ Didática, publicação em formato eletrônico destinada à divulgação de materiais didáticos e informações de interesse geral para as comunidades de geologia, geografia e educação. A primeira edição já está disponível no site www.ige.unicamp.br/terraedidatica. O editor-chefe da publicação, Celso Dal Ré Carneiro, explica que o aparecimento na mídia de acontecimentos recentes envolvendo terremotos, tsunamis, enchentes, deslizamentos de terras e outros demonstra o interesse direto nesses assuntos. "Algum grau mínimo de conhecimento sobre ciências da Terra passou a fazer parte da bagagem de qualquer cidadão", conclui. O lançamento do Terræ Didática coincidiu com a liberação ao acesso do Portal de Periódicos da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). Anteriormente, a consulta ao portal era exclusiva a estudantes, professores e funcionários de 163 instituições de ensino superior no país. No site http://acessolivre.capes.gov.br encontram-se resumos ou textos na íntegra (apenas na área de história) de dissertações e teses, informações sobre patentes e artigos completos de 1. 040 publicações científicas, inclusive todas as disponíveis na biblioteca eletrônica SciELO (Scientific Electronic Library Online).

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Indústria aeroespacial
Satélite fashion
A idéia vem da Rússia: roupas espaciais antigas são transformadas em satélites artificiais de pesquisa e lançadas da Estação Espacial Internacional. O astronauta Valery Tokarev foi o responsável pelo primeiro lançamento, no dia 3 de fevereiro. Um pequeno transmissor de rádio é acrescentado a cada roupa velha, permitindo o monitoramento da peça. O objetivo dos cientistas é analisar a durabilidade das roupas sem comprometer a saúde dos astronautas. O equipamento de rádio transmite continuamente informações sobre a roupa-satélite, que, em inglês, recebe o nome SuitSat e, em russo, RadioSkaf. Ao contrário dos satélites, que possuem geometria bem definida, item que facilita no cálculo de sua permanência no espaço, as roupas-satélites apresentam desenho irregular, quase impossibilitando calcular o tempo gasto por elas para atingir as camadas superiores da atmosfera e queimar na reentrada. Os radioamadores podem monitorar as RadioSkaf. Uma vez por minuto elas transmitem a seguinte mensagem na freqüência 145, 990 MHz FM:"Aqui é a SuitSat1, RS0RS", seguida por uma saudação em inglês, francês, japonês, russo, alemão e espanhol e, finalmente, os dados técnicos registrados naquele momento.

Metais
Brilho eterno
"O maior problema da prata como metal precioso é que ela mancha com o tempo. O escurecimento do metal faz com que itens tradicionais de prata, como cutelaria, tornem-se cada vez menos atrativos no mercado moderno, porque exigem muita manutenção", explica o dr. Hywel Jones, da Universidade de Sheffield Hallam, na Inglaterra, coordenador da pesquisa que descobriu uma nova técnica para produzir prata legítima que não escurece com o tempo. As manchas na prata surgem pela reação do metal com o enxofre presente no ar, formando um filme de sulfeto de prata que escurece a superfície. A "prata inoxidável", desenvolvida pelos pesquisadores, resiste ao efeito de descoloramento, mantendo sua cor e brilho originais. A expectativa é que a descoberta revolucione a indústria mundial da prata, já que não serão exigidas mais as demoradas e repetidas tarefas de limpeza e polimento. Os estudiosos acreditam também que a inovação abra novos mercados industriais para a prata, como os contatos elétricos de precisão, hoje uma área dominada pelo ouro.

Segurança
Segredos no HD
Ao realizar um estudo sobre roubo de informações pessoais, cientistas da Universidade de Leicester na Inglaterra, compraram 12 computadores de segunda mão. Descobriram que eles são grandes fontes de segredos. Em metade deles foram descobertas informações confidenciais de seus antigos donos, tais como dados sobre contas bancárias, senhas e identificação de usuários. Em um dos computadores, que pertenceu a uma empresa, foram encontradas planilhas com dados sigilosos da contabilidade e um banco de dados com informações dos clientes. O professor Martin Gill, coordenador do estudo, explica que não basta reformatar o disco rígido. Para apagar as informações deve-se utilizar os programas conhecidos como wipedisks, que gravam números aleatórios em cima de cada setor do disco. Detalhe: os cientistas usaram apenas softwares de recuperação de dados amplamente difundidos pela Internet.


Financiamento
Uma semente para a tecnologia
A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) já publicou o edital convocando os interessados em gerir os 24 novos fundos de capital Inovar Semente, lançados em dezembro do ano passado. Esses fundos, com um montante inicial de 24 milhões de reais cada um, financiarão empresas de base tecnológica em estágio inicial, muitas delas funcionando ainda em incubadoras ou universidades. A iniciativa vem suprir uma lacuna do mercado já que os grandes fundos preferem aplicar em empreendimentos mais maduros. Os recursos servirão para contratação da equipe e construção de protótipos. Os fundos serão organizados por cidade, dando prioridade àquelas com maior vocação tecnológica, entre elas São Paulo, Rio de Janeiro, Petrópolis (RJ), São José dos Campos (SP), Santa Rita de Sapucaí (MG), Campina Grande (PB), Londrina (PR) e Caxias do Sul (RS). O capital deve ser composto 40% pela Finep, 20% por um banco de desenvolvimento regional e 20% por investidores privados. A Finep espera atrair a contribuição de pessoas físicas, os chamados "anjos", para ajudar a compor os fundos. Os riscos são altos, mas as possibilidades de lucro também.

Combustíveis
Biodiesel em teste
A primeira cidade a ter um ônibus rodando com biodiesel será o Rio de Janeiro. Um dos carros da linha 121 (Central-Copacabana) vai circular com 5% de biodiesel, durante um ano. Ele percorrerá 60 mil quilômetros e durante esse percurso o desempenho da mistura será avaliado. Se o resultado for positivo, toda a frota municipal adotará o biodiesel até 2007. O combustível testado será produzido pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pesquisa e Pós-Graduação, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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Combustíveis
Estudos ligam malária a desmatamento
Dois estudos sobre a Floresta Amazônica mostram relação entre desflorestamento e aumento de risco de malária. O primeiro, publicado em janeiro deste ano, no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences, demonstra que a retirada de árvores favorece o aparecimento de áreas que abrigam água empoçada, local onde o mosquito põe seus ovos. O texto também revela que depois que a agricultura e o desenvolvimento urbano chegam às regiões fronteiriças, o hábitat do inseto fica comprometido e caem as taxas de transmissão da doença. A coordenadora do estudo, Marcia Caldas de Castro, da Universidade da Carolina do Sul, nos Estados Unidos, diz que as estratégias para eliminação da malária devem combinar métodos preventivos e curativos com a colaboração entre os setores de agricultura e saúde. Outro estudo feito no Peru mostra que a taxa de picada pelo Anopheles darlingi, principal mosquito causador de malária na Amazônia, é quase 300 vezes maior em áreas desmatadas. Segundo o coordenador das pesquisas, Jonathan Patz, da Universidade de Wisconsin- Madison, também nos Estados Unidos, o senso comum avalia que a malária está aumentando em conseqüência do maior número de pessoas na floresta tropical. Mas os resultados obtidos mostram que as alterações na mata têm maior papel que o deslocamento de seres humanos para a floresta. Patz afirma que o fato de o desmatamento estar conectado à prevalência de uma doença como a malária levanta questões maiores. Ele acredita ser provável que as áreas de proteção sejam uma importante ferramenta nas estratégias de prevenção de doenças.

A Ásia supera a Europa, pela primeira vez, em termos de investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D). Um estudo feito pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), com dados de 2002, apontou que a Ásia respondeu por 32% dos investimentos brutos em P&D e a Europa por 27%. A América do Norte continua em primeiro lugar, com 37%.
 
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