2005. Ano 2 . Edição 17 - 1/12/2005
Espírito vencedor
Finalmente saíram os resultados da Olimpíada de Matemática das Escolas Públicas. Dez milhões e meio de alunos participaram, vindos de mais de 31 mil escolas espalhadas por praticamente todos os municípios do país. Foram distribuídas, aos vencedores, 1.110 medalhas de ouro, prata, bronze, certificados de menção honrosa e 2 mil bolsas de iniciação científica júnior do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico (CNPq). Os números impressionam, mas entre os 330 estudantes que conquistaram o ouro, um tem uma história muito especial para contar. É Paulo Santos Ramos, de 16 anos, portador de artrite reumatóide. Ele não enxerga, quase não ouve, usa cadeira de rodas e tem grande parte dos movimentos comprometidos. Morador de Brasília, Paulo cursa a 6ª série numa escola regular do Plano Piloto e participou da olimpíada com outros 220 alunos do colégio, sendo o único vencedor do grupo. Nessa entrevista, ele mostra um pouco do espírito batalhador que o levou ao primeiro lugar no pódio da competição.
Com quantos anos você foi para a escola? Paulo - Comecei a estudar com 4 anos provavelmente, mas desde pequeno sou inteligente e tenho sabedoria com tudo.
De que matérias você mais gosta? Paulo - As matérias que eu mais gosto são as que despertam a vontade de aprendizado, isso sim, com toda certeza, é minha matéria predileta. Por que decidiu participar das Olimpíadas de Matemática? Paulo - Eu estudava à tarde e, quando passei para a manhã, a professora Patricia falou das olimpíadas. Daí ela nos inscreveu, ou seja, se eu não tivesse passado para o período da manhã não teria participado, pois o professor da tarde não quis participar das olimpíadas.
Ficou surpreso com o resultado? Paulo - Bastante, gostei muito do resultado!
Você imaginava que seria um dos vencedores? Paulo - Para falar a verdade, o que eu sempre disse foi “alguma coisa eu ganhei”. Não sabia que iria ser tanto. Mas um pastor da minha igreja disse que eu iria ganhar a de ouro.
O que você gosta de fazer nas horas livres? Paulo - Mexer em meu computador. Minha mãe já brigou por eu ficar tanto no computador. E o que eu faço é isso: mexer em programação, pesquisar tanto pra escola como pra curiosidade minha mesmo, e ajudar as pessoas no bate-papo, que eu entro na Rede Saci (site com informações voltadas para os deficientes). Lá tem pessoas que pedem ajuda de vez em quando. E por aí vai... o mundo da informática nunca acaba!
Já sabe que profissão vai seguir quando crescer? Paulo - Vou começar em informática e depois decidirei meu futuro!
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