2005. Ano 2 . Edição 7 - 1/2/2005

por Mônica Teixeira 

A presença de empresas estrangeiras no Brasil está contribuindo para a mudança da qualidade da pauta de exportações brasileiras, aumentando o volume de produtos de maior conteúdo tecnológico? É essa a questão do Texto para Discussão "Conteúdo tecnológico do comercio exterior brasileiro: o papel das empresas estrangeiras", da pesquisadora Fernanda De Negri, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A instalação de multinacionais em países emergentes traz a expectativa de uma melhora no perfil da exportação. A análise da pesquisadora mostra uma peculiaridade brasileira: é nos produtos de média intensidade tecnológica que está a força exportadora das empresas estrangeiras, com foco no mercado regional, e não nos produtos que agregam alta tecnologia. Exemplos: automóveis e motores elétricos. Em média, as empresas estrangeiras exportam mais que similares nacionais; mas, nessa fatia, o desempenho das estrangeiras supera a diferença média para com as brasileiras. Por esse lado, o efeito esperado sobre a pauta se cumpre. Mas 80% da importação das estrangeiras são de produtos de alta e média intensidade tecnológica. Diminuir essa conta ampliaria o impacto sobre o perfil das exportações. Como fazê-lo é o problema de quem propõe políticas públicas. Uma idéia: investir mais em ciência e tecnologia para convencer as múltis de que o Brasil é bom para abrigar laboratórios industriais - que trariam com eles a produção com maior conteúdo tecnológico.