Nasce a engenharia de microorganismos |
2004. Ano 1 . Edição 5 - 1/12/2004 por Mônica Teixeira
O Projeto Genoma Humano foi, antes de mais nada, um programa de inovação tecnológica. Em resposta ao investimento de US$ 2 bilhões, cientistas e engenheiros criaram as tecnologias necessárias para seqüenciar genomas. Uma delas foi o seqüenciador automático, que industrializou o processo antes artesanal de 'ler' o DNA. Outra tecnologia básica da biologia molecular é a síntese controlada de moléculas de DNA, factível sob encomenda. Com essas duas invenções na base, combinadas com os conhecimentos da bioquímica e bioinformática, nasceu a "biologia sintética", apresentada ao grande público pelas revistas Nature e The Scientist, em setembro e outubro. Os pesquisadores que batizaram a nova disciplina querem desenvolver o ferramental necessário para desenhar e construir 'sistemas vivos' que realizem tarefas pré-determinadas. Um exemplo apareceu em 2000 na Nature: biofísicos da Universidade de Princeton engenheiraram uma linhagem da Escherichia coli para que brilhasse a intervalos regulares. A bactéria brilha quando sua maquinaria bioquímica secreta uma quantidade determinada de uma molécula fluorescente, resultado da introdução em seu genoma de uma seqüência sintética de DNA, fornecida por empresas sob encomenda. Outro trabalho da área fez a E. coli sintetizar, de forma controlada, um precursor da droga antimalárica artemisinina, de difícil obtenção a partir da planta do absinto. Taxol, composto anti-câncer, poderia ser produzido pelo mesmo processo. A biologia sintética pretende engenheirar sistemas vivos - formas de vida - úteis ao homem, segundo seus desejos e necessidades. A Nature publicou editorial no qual ressalta o potencial inovador da disciplina, mas pede o início imediato da discussão sobre seus limites éticos. |