Sem pesquisa científica, nada de desenvolvimento econômico |
2004. Ano 1 . Edição 2 - 1/9/2004 por Mônica Teixeira
A data de capa da revista Time é 28 de janeiro de 1929; e o homem na fotografia, que segura a cobra de um metro, chama-se Afrânio do Amaral. Ele nasceu na Bahia há 110 anos e morreu em São Paulo em 1982. Doutor Afrânio era herpetólogo - quer dizer, um especialista no estudo de cobras. Dirigiu o Instituto Butantã entre 1919 e 1921 e, de novo, de 1928 a 1938. A biodiversidade brasileira colocou-o na capa do semanário americano. O artigo na página 14 qualificou o brasileiro como "o homem mais ativo no mundo quando se trata da pesquisa com veneno de cobra". Na semana precedente, conta a revista, o herpetólogo desembarcara em Nova York, chamado pelo Antivenin Institute of América - que almejava atingir a excelência do Butantan. No começo do século, o prestígio e a credibilidade do Instituto se estendiam a seus cientistas. O governo de São Paulo criou-o para minimizar o prejuízo causado por animais peçonhentos ao gado e aos trabalhadores, na época em que a atividade agrícola avançava em direção ao interior. As epidemias no porto de Santos também deveriam ser controladas, para não atrapalhar o comércio exterior. A Vital Brazil, que organizou os trabalhos, deve-se o renome mundial alcançado pelo Butantan - ele percebeu que, sem organizar a pesquisa científica não seria possível fazer o conhecimento servir ao setor produtivo. |