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Livros e publicações

2006. Ano 3 . Edição 29 - 11/12/2006

Uma senhorita aos 70 anos

A Universidade de São Paulo (USP) é a única universidade brasileira a figurar entre as duzentas melhores do mundo. Ela é responsável por um quarto da produção científica brasileira, por mais de um quarto dos doutores e por quase um quinto dos mestres. Trate-se de um bom resultado para uma instituição que completou 70 anos recentemente. Sua esperança de vida era incerta em 1934, quando foi criada pelas elites paulistas para compensar a intervenção federal depois da Revolução de 1932. No início, ela carecia de equipamentos:os professores traziam de casa tubos de ensaio. Com o surgimento das instituições de fomento, ela cresceu até chegar ao que é hoje: uma instituição exemplar.

O livro é uma coleção de entrevistas, com "massa atômica"proporcional à contribuição da USP para a produção científica no Brasil: são oito reitores, vários vice-reitores e pró-reitores de graduação, de pós-graduação, de pesquisa e de extensão, num total de 32 personalidades. Seus depoimentos podem ser lidos como uma história coletiva, com saborosas passagens sobre a vida de cada um, em grande parte filhos de imigrantes pobres que tiveram sucesso graças ao esforço pessoal, às oportunidades abertas por São Paulo e alguma sorte. Sua leitura confirma, se preciso for, que a maior riqueza de uma nação está em seu próprio povo.

A primeira parte trata de uma história que vai muito além dos 70 anos de vida oficial: são 180 anos, desde criação da Faculdade de Direito, em 1827. A introdução, assinada pelo organizador, Shozo Motoyama, começa por um sobrevôo do papel da universidade na sociedade moderna e refaz sua trajetória no Brasil, detendo-se sobre a inserção da USP na história econômica, científica e política nacional. Ela se inicia com a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, que deveria fazer a junção das escolas existentes: faculdades de Direito, Medicina e de Farmácia e Odontologia, escolas Politécnica e Superior de Agricultura de Piracicaba. Foram contratados, em 1934, treze professores estrangeiros. Segundo um deles, Lévy-Strauss, seu papel mais importante não foi o ensino, mas a disciplina:os brasileiros eram bons, mas indisciplinados cientificamente. A USP foi internacionalizada desde o início, não apenas pela contribuição dos estrangeiros, mas também pelo envio dos melhores alunos ao exterior, numa época em que inexistiam as instituições de fomento. O regime de tempo integral, criado em 1946 sob iniciativa de José Reis, foi essencial para a integração do ensino com a pesquisa.

A USP acompanhou as vicissitudes da política nacional, desde os anos de crescimento otimista, na era Vargas e Kubitschek, até o renascimento democrático, em 1985, passando pelo cerceamento do pensamento, na ditadura. Alguns dos cientistas expulsos nessa fase voltaram e propuseram um Instituto de Estudos Avançados, efetivado pelo reitor José Goldemberg. Também surgiu o Centro Interunidade de História da Ciência, que veio a ter importante papel na memória da produção científica e tecnológica brasileira, refletido nesse mesmo volume. Recentemente, a USP caminhou no sentido de uma maior integração com a comunidade, inaugurando, em 2005, um novo campus, a USP-Leste.

Os três primeiros capítulos tratam do "longo antecedente"(entre 1827 e 1934), da "construção da universidade" (dos anos 1930 à ditadura, em 1969) e da "universidade resistente", isto é, os vinte anos posteriores até 1989, quando foram aprovados novos estatutos. Alguns episódios são dolorosos, como a cassação de setenta professores com o AI-5. A trajetória de resistência ao regime autoritário é contada paralelamente ao relato da gestão de cada um dos reitores, até a administração Goldemberg (1986-1990), que realizou grandes reformas. Sua maior vitória, com as demais universidades paulistas, foi a conquista da autonomia orçamentária, com a vinculação de parte das receitas do ICMS. Outra iniciativa sua, controversa na época, hoje corriqueira, foi a introdução da avaliação dos professores, responsável pelo enorme salto na produção científica.

Os ensaios históricos, cobrindo a história educacional brasileira até 1989, e os depoimentos, que alcançam nossos dias, constituem o mais amplo relato que se conhece sobre uma instituição exemplar de ensino e pesquisa, única em sua categoria pela qualidade da produção científica. O livro combina a história oral com a reconstituição do processo histórico que explica as razões desse sucesso acadêmico e científico.

Paulo Roberto de Almeida

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USP 70 Anos: Imagens de uma História Vivida Shozo Motoyama (org. )
São Paulo: EdUSP, 2006, 704 p. , R$ 120, 00

 

 

 

 

 

Para decidir

Todos que acompanham o trabalho de Fabio Giambiagi sabem que ele escreve em ritmo frenético, muitas vezes mais rápido do que a leitura é capaz de acompanhar. Seu trabalho é planejado minuciosamente e com grande antecipação. Seu livro mais recente, sobre a Previdência Social no Brasil, reflete um longo período de amadurecimento após o qual consolidada a visão do quadro social e econômico mais geral, as idéias em que se baseia podem ser expostas de forma clara e objetiva, quase sempre associadas às implicações para as políticas públicas - no caso, a necessidade de uma reforma no sistema previdenciário.

O livro é permeado por certo tom de desabafo contra as tentativas de enquadrar a questão de forma emocional ou ideológica. Para isso, Giambiagi, de forma pouco comum em obras de natureza mais técnica, expõe parte de sua história de vida pessoal para mostrar suas experiências diretas com o problema da velhice e argumentar que, não obstante toda a carga de dificuldades associada a esse período da vida, é preciso enfrentar os dilemas que a Previdência Social coloca para o futuro do país sob pena de permanecermos estagnados em relação ao resto do mundo.

O trabalho de Giambiagi sobre a Previdência nasceu de suas pesquisas sobre a política fiscal, em especial durante os anos 1990. Ali já se percebia o problema gerado pela Constituição de 1988 ao estender os direitos previdenciários a trabalhadores que jamais haviam contribuído para o sistema, ao qual veio associar-se posteriormente o impacto de fortes elevações do salário mínimo. Os dados apresentados são eloqüentes quanto ao crescimento das despesas previdenciárias no conjunto do gasto público e como proporção do PIB, e ajudam a entender por que a tributação aumentou tanto no período recente, comprometendo a expansão da economia.

O livro traz para a linha de frente do debate a necessidade urgente de reformar a Previdência Social. Os argumentos contrários à reforma, que procuram relativizar os desequilíbrios do sistema previdenciário com base em questões como o excesso de fraudes, o papel da Previdência na redução da pobreza ou ainda de que o verdadeiro desequilíbrio estaria no peso dos juros nas contas públicas, vão sendo atacados gradativamente, sempre com base em dados e utilizando uma linguagem simples. Aliás, o segundo aspecto a ser destacado no livro é que ele avança muito também na forma de apresentar os problemas, buscando comunicar- se com um público mais amplo. Das comparações com a questão previdenciária em outros países emerge claramente a distorção representada pelo caso brasileiro, onde se gasta com aposentadorias, como proporção do PIB, tanto quanto países europeus onde a parcela da população representada por esse grupo é o dobro da do Brasil. A mensagem final é clara: o país encontra- se diante de uma escolha entre o passado e o futuro, ou "entre nossos pais e nossos filhos". Certamente não é uma escolha trivial, mas dificilmente se poderia pensar num trabalho que oferecesse de maneira tão clara os elementos para que ela seja feita - ao contrário do que ocorreu no passado - de maneira consciente, avaliando seus custos e benefícios. Podemos não gostar do dilema, mas simplesmente não podemos mais ignorá-lo.

Paulo M. Levy

 

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O Futuro Chegou - Instituições e Desenvolvimento no Brasil Maílson da Nóbrega Editora Globo, 2005, 400 p. , R$ 45,00

 

 

 

 

 

Diplomacia durante a ditadura

A exemplo do primeiro volume desta obra, lançado há cinco anos, que cobria de fato o período pós-Barão, ainda que de modo lato (1912- 1964), Fernando Barreto oferece, no presente livro, uma história das relações internacionais e da política externa do Brasil em seu sentido amplo, cobrindo tanto os episódios diplomáticos, estrito sensu, como o quadro mais amplo da economia e da política mundiais. A perspectiva é linear, como já tinha sido o caso no volume precedente. Ela acompanha a trajetória de seis chanceleres, de 1964 a 1985, ou seja, durante todo o período militar, quando cinco generais do Exército e uma junta militar ocuparam o poder no Brasil. Da intervenção na República Dominicana à Guerra das Malvinas, do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) ao Acordo Nuclear com a Alemanha, passando pelos acordos de cooperação com os vizinhos (bacia do Prata, Amazônia, Itaipu), os principais episódios da diplomacia brasileira são tratados de forma cuidadosa e por vezes minuciosa. Indispensável como referência para esses anos.

Paulo Roberto de Almeida

 

estante3_629Os Sucessores do Barão, 2: Relações Exteriores do Brasil, 1964-1985
Fernando de Mello Barreto
Editora Paz e Terra, 2006, 519 p. , R$ 46, 00

 
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