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Do café com leite à era eletrônica - Histórias como a de Santa Rita do Sapucaí, uma cidadezinha do sul de Minas, mostram a importância de se investir em educação para o desenvolvimento

2011 . Ano 8 . Edição 64 - 10/02/2011

Histórias como a de Santa Rita do Sapucaí, uma cidadezinha do sul de Minas, mostram a importância de se investir em educação para o desenvolvimento

Cora Dias - de Brasília

Santa Rita do Sapucaí é um pequeno município do sul de Minas Gerais, com uma população de 35 mil habitantes. A cidade, cuja economia era baseada na produção de café e leite, hoje é conhecida como Vale da Eletrônica, por ter incentivado, a partir dos anos 1950, a criação de escolas e empresas especializadas em eletroeletrônica. Com 80% de população urbana e um PIB (Produto Interno Bruto) de R$ 250 milhões, Santa Rita do Sapucaí conta atualmente com 141 empresas do setor de eletroeletrônicos, organizadas em um Arranjo Produtivo Local, que empregam dez mil pessoas. O polo tecnológico da cidade mineira começou a ser criado em 1959 com a fundação da Escola Técnica de Eletrônica (ETE), por iniciativa de Luzia Rennó Moreira, a Sinhá Moreira, filha do banqueiro Francisco Moreira da Costa e descendente de uma família de políticos tradicionais.

Elias Kallás, professor de sociologia em Santa Rita, conta que na cidade há um folclore em torno das atividades que fizeram de Sinhá Moreira o grande símbolo do Vale da Eletrônica. Preocupada com o fato de todos os homens saírem da cidade para estudar e retornarem já casados, ela buscou estruturar o ensino técnico de Santa Rita. Com isso, os homens poderiam estudar lá, as moças teriam oportunidade de se casar e a cidade não passaria por um processo de envelhecimento.

Fora dos mitos e folclore, o fato é que Sinhá Moreira se preocupou com questões sociais de diferentes formas, inclusive na área da saúde, se dedicando a elas até falecer, em 1963. Mas os incentivos à educação técnica não pararam, e em 1964 foi criado o Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), para formar engenheiros eletricistas especializados em eletrônica e telecomunicações. Durante os anos 1970 o setor de telecomunicações nacional passou por um difícil período devido às crises internacionais do petróleo, e por isso, muitos alunos formados pelo Inatel que não tinham perspectiva de emprego começaram a abrir suas próprias empresas em Santa Rita do Sapucaí. Esse período foi marcado pelas primeiras iniciativas de incubação de empresas na cidade.

Em meados da década de 1980 foi institucionalizado o polo tecnológico na cidade, quando o então prefeito, conhecido por Paulinho Dentista, passou a incentivar a criação de micro e pequenas empresas em Santa Rita. Para aqueles que vinham lhe pedir emprego, Paulinho costumava responder: "isso eu não tenho, mas se você criar uma empresa de eletrônica, a prefeitura paga seu aluguel por dois anos". A estratégia funcionou e contribuiu para o estabelecimento de diversas empresas deste setor na cidade, que, desde 2005, possui uma Secretaria de Ciência e Tecnologia. O incentivo ao empreendedorismo não parou, e atualmente Santa Rita possui duas incubadoras de empresas - o Programa Municipal de Incubação de Empresas (Prointec) e o Núcleo de Empreendedorismo do Instituto Nacional de Telecomunicações (Nemp) - que já graduaram 41 empresas, alcançam faturamento anual de mais de R$50 milhões e geram quase mil empregos diretos e outros mil indiretos.

INCUBADORAS Assim como Santa Rita, o Brasil também iniciou na década de 1980 um movimento de incentivo à criação de empresas de base tecnológica. Hoje o país conta com 377 incubadoras e 42 parques tecnológicos, que já auxiliaram o desenvolvimento de seis mil empreendimentos inovadores. As incubadoras possuem a função de fazer com que projetos tornem-se empresas, que depois do estágio de incubação podem lançar seus produtos no mercado. Além de espaço físico para a instalação de escritórios e laboratórios, as incubadoras oferecem salas de reunião, auditórios, área para demonstração dos produtos, secretaria e bibliotecas. Mas parte importante do serviço das incubadoras está nas consultorias gerenciais e tecnológicas, que permitem ao empreendedor maior dedicação à pesquisa e ao desenvolvimento do produto até que ele possa ser vendido no mercado.

Os projetos demoram de três a quatro anos para serem desenvolvidos e boa parte chega ao mercado como uma empresa bem-sucedida. Da reunião de um grupo de alunos, ex-alunos e professores do Inatel e da ETE, por exemplo, nasceu a Linear, empresa conhecida atualmente por ter desenvolvido um transmissor brasileiro para TV Digital. Com o incentivo de políticas públicas e investimento em educação, o Arranjo Produtivo Local Eletroeletrônico da cidade mineira de Santa Rita do Sapucaí faturou mais de R$ 1,5 bilhão em 2009. Para 2010, a expectativa é um crescimento de 30% em relação ao ano anterior.

O caráter empreendedor do Vale da Eletrônica é impulsionado pelo perfil da região. "Mais de 70% das empresas terceiriza parte da produção, o que gera espaço para novos empreendimentos ao mesmo tempo em que incentiva a especialização daqueles já consolidados. Cada item fabricado, por exemplo, envolve a mão-de-obra e produto de outras 15 empresas", afirma o presidente do Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica (Sindvel), Roberto de Souza Pinto.

Em 2010 com o APL de Santa Rita inaugurou um escritório em Montevidéu, no Uruguai, para estreitar as relações comerciais e facilitar a exportação dos eletroeletrônicos da cidade mineira. A expansão deve continuar em 2011: o ambicioso projeto do parque industrial prevê a abertura de outras quatro agências, no Chile, no México, em Hong Kong e na Califórnia, em parceria com o Governo do Estado de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

 
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