resep nasi kuning resep ayam bakar resep puding coklat resep nasi goreng resep kue nastar resep bolu kukus resep puding brownies resep brownies kukus resep kue lapis resep opor ayam bumbu sate kue bolu cara membuat bakso cara membuat es krim resep rendang resep pancake resep ayam goreng resep ikan bakar cara membuat risoles
Investimentos - Bom sinal para o futuro da economia

2007 . Ano 4 . Edição 36 - 10/10/2007

Por Jorge Luiz de Souza , de São Paulo

Uma das principais dificuldades para o Brasil recuperar a capacidade de desenvolvimento econômico tem sido historicamente o nível insuficiente de investimentos e de formação de capital, mas as estatísticas recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) relativas às contas nacionais e à atividade industrial têm apresentado um importante alento.

Com base nesses números, as previsões feitas pela equipe do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que elabora o Boletim de Conjuntura indicam que o investimento, no conceito de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), deverá crescer 10% este ano e 9,6% em 2008, ante 8,7% em 2006, puxado principalmente pelo item máquinas e equipamentos, que em 2006 cresceu 9,6% e deverá crescer 14,8% em 2007 e 13,3% em 2008.

No segundo trimestre deste ano, a FBCF teve expansão de 13,8% sobre o mesmo período do ano anterior, e dados preliminares de julho mostram um cenário similar.O ambiente favorável para os investimentos vem sendo impulsionado pelos crescentes níveis de utilização da capacidade instalada e dos estoques dentro do desejado e planejado, segundo informações do setor industrial, aliados a uma a forte demanda interna e à estabilidade da economia, o que melhora a confiança do setor privado para aumentar sua capacidade de produção, conforme a análise da equipe do Ipea.

O professor de economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Octavio Augusto Camargo Conceição, que também é diretor-técnico da Fundação de Economia e Estatística (FEE), diz que "o quadro atual é fruto do amadurecimento do ambiente da economia brasileira", e identifica condições "para se darem saltos maiores porque está se construindo uma nova trajetória. Sou bastante otimiscota nesta questão porque os fundamentos estão bons".

Para Camargo Conceição, "apesar de a macroeconomia ser fundamental, o crescimento tem um caráter de não ser determinado do macro para o microeconômico. Ao contrário, o micro é o ambiente de tomada de decisão, fundamental para construir um cenário de crescimento de longo prazo. E me parece que estamos conseguindo isto".

E quanto à possibilidade de choques externos que poderiam abalar a macroeconomia, elevando a taxa de juros ou até o próprio câmbio, o professor diz que "há uma expectativa no ambiente microeconômico do seguinte tipo: os empresários foram extremamente cautelosos nas últimas duas décadas, e agora está havendo algum sinal de que é possível ousar um pouquinho. Isto me parece ser a base do crescimento futuro da economia".

ESTATÍSTICAS  Na nova série estatística das Contas Nacionais Trimestrais relativas ao segundo trimestre deste ano, segundo o IBGE, "dentre os componentes da demanda interna, o maior destaque foi o crescimento de 13,8% da Formação Bruta de Capital Fixo, explicado, principalmente, pelo aumento da produção e da importação de máquinas e equipamentos (taxa trimestral em relação ao mesmo trimestre do ano anterior)".

No conceito de taxa acumulada nos últimos quatro trimestres (em relação ao mesmo período do ano anterior), diz o IBGE, a FBCF apresentou crescimento de 9,8%, a décima terceira expansão trimestral consecutiva, e os fatores que possibilitaram este incremento foram "o desempenho da construção civil, que vem se recuperando desde o terceiro trimestre de 2004, nessa base de comparação, e o crescimento da importação de máquinas e equipamentos, favorecida pela valorização do real frente ao dólar".

O setor máquinas e equipamentos está aquecido também entre os fabricantes nacionais. Outro levantamento periódico do IBGE, a Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário, também revelou em agosto deste ano, na comparação com agosto de 2006, que a liderança do crescimento coube à produção de bens de capital (expansão de 21,0%), com ritmo bem acima da média industrial (que foi de 6,6% no período). No indicador acumulado de janeiro a agosto deste ano, frente a igual período de 2006, para um crescimento de 5,3% na produção das 20 atividades pesquisadas, a fabricação de máquinas e equipamentos cresceu 17,5%, mantendo a liderança em termos de impacto sobre o índice geral.

CONSTRUÇÃO  O outro pé do crescimento do investimento é o setor imobiliário, que deverá crescer entre 7,9% e 9,3% este ano, ante 4,6% em 2006, segundo projeções da FGV Projetos. Entre 1995 e 2005, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu, em média, 2,38% ao ano e a participação da construção civil foi de 0,2 ponto percentual, mas este ano a participação está projetada para alcançar 0,6 ponto percentual, um patamar semelhante ao verificado no Brasil no período de 1975 a 1985 e ao que ocorre atualmente em outros países emergentes.

O número de imóveis vendidos com financiamento este ano deverá atingir 185 mil, número inferior apenas ao do período de 1980 a 1982, segundo a FGV Projetos. O número de unidades financiadas em 2006 foi de 61,6 mil e, em 2007, de 98,8 mil. Os principais fatores que contribuíram para esse desempenho do setor imobiliário são a queda dos juros, o aumento de prazos de financiamento para o patamar médio de 20 anos e a capitalização das empresas do setor no país por meio do lançamento de ações na Bolsa de Valores - já são mais de 20 empresas nos últimos dois anos.

BRADESCO  Outras fontes também confirmam esses acontecimentos. Pesquisa do banco Bradesco junto a empresas industriais mostra um aumento cada vezmais generalizado no investimento. "Há um ano e meio ou dois anos, o investimento estava concentrado no setor de commodities. Agora, acontece um espraiamento do investimento privado", diz o economista Octavio de Barros, diretor de Pesquisas Macroeconômicas do Bradesco.

Segundo ele, "por causa da queda do custo de oportunidade provocado pela diminuição da taxa de juros, as pesquisas do banco mostram atualmente o ápice da série histórica com relação ao apetite dos empresários para tomar risco". Barros acrescenta que "o câmbio tem efeito positivo inequívoco, na medida em que barateia o custo dos bens de capital importados. Tem correlação direta com a FBCF.Mas, em alguns setores com vocação exportadora, o câmbio atual pode sugerir sinal inverso".

Segundo o pesquisador José Ronaldo C. Souza, do Ipea, os investimentos começaram a acelerar desde o início da recuperação da economia, no último trimestre de 2003. "Para haver crescimento sustentável, é preciso que o investimento continue a crescer. O crescimento que aconteceu é importante, mas é preciso observar que cresceu sobre uma base pequena", diz o pesquisador, explicando que "uma grande ajuda tem sido a taxa de câmbio, porque muito do investimento que é feito, especialmente em máquinas e equipamentos, utiliza a importação. Importar bens de capital é importante porque agrega tecnologia e ajuda a elevar a produtividade".

ESTABILIDADE  O pesquisador diz ainda que "a estabilidade econômica e a estabilidade política influenciam decisivamente o nível de investimento. O cenário está favorável tanto dentro do país como no campo internacional. Essa combinação do cenário internacional com o ambiente interno está provocando elevado ingresso de capitais. Como também a taxa de juros básica da economia brasileira está caindo, há estímulo ao investimento em atividade produtiva".

O nível do investimento também poderá ser melhorado se o governo criar incentivos para o setor privado investir em infra-estrutura: transportes, energia e saneamento, acrescenta José Ronaldo Souza. "Depende do sistema regulatório. Há discordâncias que geram impasses que prejudicam o investimento. As parcerias público-privadas (PPPs) são um instrumento interessante, com o investimento público e o privado se complementando. Dependendo da rentabilidade de cada situação, há diferentes instrumentos para atrair o investimento", diz o pesquisador.

"O fundamental na taxa de crescimento é crescer lá na ponta, nos bens de capital. Isto é o que dá sustentação ao processo. É claro que a taxa cambial ajuda, mas, por outro lado, também prejudica. E, no entanto, essa taxa cambial, mesmo que esteja extremamente apreciada, não está freando o investimento -  porque estão comprando equipamentos. Este é o entendimento empresarial frente à expectativa futura: equipar a economia para poder se lançar ao crescimento", diz o professor Camargo Conceição.

Segundo o professor, "essa idéia de que o crescimento brasileiro é um vôo de galinha, de que não tem condição de se sustentar, que volta e meia surge nos debates, não parece ser o caso agora". Ele diz que "o crescimento de agora não é tão acelerado quanto foi naquele período dos anos 1970, mas a economia brasileira está dando passos mais conseqüentes e duradouros do ponto de vista de se ter uma trajetória sustentável". Para o professor da UFRGS, "parece que a economia está mais bem ancorada, com melhores fundamentos. Antes de uma conquista macroeconômica, por mais importante que seja de fato, é uma conquista de um novo desenho institucional, mais estrutural, mais voltado para o longo prazo, e menos baseado em episódios conjunturais".

 
Copyright © 2007 - DESAFIOS DO DESENVOLVIMENTO
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação sem autorização.
Revista Desafios do Desenvolvimento - SBS, Quadra 01, Edifício BNDES, sala 1515 - Brasília - DF - Fone: (61) 2026-5334