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Educação - Técnico com capacitação superior

2007 . Ano 4 . Edição 34 - 10/5/2007

Plano lançado pelo governo chama a atenção para o ensino profissionalizante e revela que parte desse setor tem nível de Primeiro Mundo

Por Marina Nery, de Brasília
 

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É notório o bom funcionamento do "Sistema S" em relação ao ensino profissionalizante. Mais de 70% dos formados estão no mercado de trabalho

Em 2005,na Finlândia,o Brasil participou de um campeonato internacional em que obteve duas medalhas de prata, por projetos de polimecânica e mecânica de refrigeração; três de bronze,nas áreas de manufatura integrada, redes de computadores e eletricidade industrial;além de onze diplomas de excelência.Em novembro deste ano,o campeonato, denominado WorldSkills, em sua 39ª edição, será realizado na cidade de Shizuoka, no Japão. Estão sendo esperados setecentos competidores de 46 países. Brasileiros participarão de disputas em muitas categorias.Algumas delas são polimecânica, sistema de transmissão de informações, manufatura integrada, mecatrônica, desenho mecânico em CAD (computer aided design, ou desenho auxiliado por computador) e tornearia e fresagem com CNC (controle numérico computadorizado).Outras: tecnologia da informação, soldagem, revestimento cerâmico, eletrônica industrial,webdesign, eletricidade predial e industrial,construção em alvenaria,marcenaria, joalheria, confeitaria, paisagismo e jardinagem,mecânica de refrigeração,instalação e manutenção de redes de computadores e design gráfico.

Se o leitor imagina competidores que cursam universidades de ponta, está enganado. Os concorrentes são alunos de cursos técnicos profissionalizantes. Para Vera Fartes, professora e pesquisadora da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (UFBA),a formação oferecida por bons cursos técnicos supera a de superiores de "faculdades de qualidade duvidosa, que proliferam como erva daninha". Antonio Carlos Dias, assessor da direção-geral do Senai, explica:"O aspecto tecnológico das ocupações e o mercado nessas áreas têm provocado constante atualização das competências nacionais".

A estrela nesse departamento é um complexo de escolas nascido no berço de organizações industriais, o Sistema S, conjunto de entidades corporativas empresariais voltadas para treinamento profissional, assistência social, consultoria, pesquisa e assistência técnica. Além do nome iniciado com a letra S, têm raízes comuns e características similares.Fazem parte do sistema o Serviço Social da Indústria (Sesi) e o Serviço Nacional do Comércio (Senac), entre outras instituições que compõem um gigantesco sistema privado mantido por contribuição compulsória sobre a folha de pagamento das empresas."É notório o bom funcionamento do Sistema S em relação ao ensino profissionalizante", afirma Divonzir Gusso, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e expresidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

  Acompanhamento"Temos padrão internacional", diz José Luiz Gonçalves Leitão, gerente de olimpíada e concursos do Serviço Nacional da Indústria (Senai).No Senai aplica-se uma metodologia baseada na competência, em que a apropriação das informações ocorre não só pelo estudo, mas principalmente pelos resultados obtidos em reuniões de comitês técnicos setoriais. Esses comitês agregam trabalhadores da indústria, sindicatos dos empregados e instituições do setor.Definem estrutura de currículo, conteúdos, competências necessárias, entre outros parâmetros. A avaliação se dá com o acompanhamento das pessoas no mercado. O projeto denominado "pro-siga" reúne indicadores de inserção.Nos cursos técnicos, o indicador é 79,3 - o que significa que mais de 70% dos profissionais formados na escola do Senai atuam no mercado de trabalho. Mais um indicador: satisfação das empresas. Entre as que receberam os egressos de cursos técnicos, a pontuação recebida, numa escala que varia de 1 a 10, é 8,1.

Outros dos pilares do trabalho do Senai são as pesquisas, radares de percepção do que ocorre no mundo real e dos melhores rumos a tomar.Na última semana de abril,uma delas foi divulgada:"Caracterização das admissões na indústria".O responsável pelo trabalho, João Saboia, professor titular do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IE/UFRJ), constatou "a queda na importância do primeiro emprego, reflexo da redução do crescimento econômico no país". Em 2000, as admissões de primeiro emprego representaram 18,3% do total das contratações da indústria; em 2005, essa participação caiu para 16,4%. "O trabalhador de primeiro emprego não tem experiência e exige treinamento",diz Sabóia.

De fato,vencer disputas internacionais é um indicador positivo.Mais importante é a constatação de que, no primeiro emprego ou no reemprego, a formação profissional faz muita diferença. Esse é o foco do Plano de Expansão da Rede Federal de Educação Tecnológica - Fase II, incluso no Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), o chamado PAC da Educação, lançado pelo governo na última semana de abril."O plano prioriza o desenvolvimento das cidades do interior e a redução dos fluxos migratórios para os centros urbanos", informa Gleisson Rubin, coordenador-geral de gestão das instituições federais da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação (Setec/MEC). Entre os critérios de escolha das cidades-pólo que vão sediar as 150 novas escolas técnicas que serão implantadas, Rubin destaca "a área de abrangência dos municípios e seu número de habitantes e a preocupação de atender a diferentes regiões dos estados".

A primeira etapa do plano de expansão da oferta de educação profissional e tecnológica ocorreu com a publicação da Lei 11.195,de novembro de 2005, que facultou à União a possibilidade de implantar novas unidades de ensino em parceria com estados,municípios, organizações não-governamentais (ONGs) e setor produtivo.Desde 2005,foram construídas 27 unidades, principalmente em estados que não tinham esse tipo de instituição educacional.A previsão do MEC é que mais 33 sejam finalizadas até o final de 2007.

educacao2_40Números da Fase II do PAC da Educação

150 novas escolas técnicas federais construídas em quatro anos

750 milhões de reais de investimento em infra-estrutura em quatro anos

135 milhões de reais de investimento em manutenção anual

372,54 milhões de reais de investimento anual em pessoal

200 mil estudantes em todo o país em 2010

educacao3_40João Saboia, do Instituto de Economia da UFRJ, e Regina Torres, do Senai: capacitação profissional é especialmente importante no primeiro emprego

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

educacao4_40A experiência prática é um diferencial importante para o ingresso no mercado de trabalho

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nos próximos quatro anos, o governo implantará 150 escolas técnicas federais, em convênios com prefeituras e outras organizações

Qualidade Em sua segunda fase,o programa prevê a construção de escolas técnicas federais nos moldes das já existentes,mas exige contrapartida dos municípios candidatos a implantá-las: um "imóvel sem benfeitorias (terra nua),localizado em área urbana, apresentando dimensão mínima de 20 mil metros quadrados, e preferivelmente superior a 50 mil metros quadrados". Contempla os 26 estados e o Distrito Federal.A meta é implantar cinqüenta escolas em 2008; cinqüenta em 2009; e mais cinqüenta em 2010."Fecharemos 2010 com 214 escolas técnicas construídas", disse o ministro da Educação,Fernando Haddad, no lançamento do novo plano.Assim, de acordo com os cálculos do ministério, serão criadas 200 mil vagas para estudantes. E a perspectiva de qualidade é promissora: pelos números do novo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb),divulgados no final de abril pelo MEC,as escolas técnicas federais estão à frente da média dos colégios particulares.

Algumas informações sobre o ensino profissionalizante

A legislação educacional brasileira (LDB/96 e Decreto 5.154/2004) estabelece três níveis ou linhas de educação profissional: a inicial - originalmente denominada básica, sem requisitos de escolaridade nem certificação profissional -, a técnica (de nível médio) e a tecnológica (superior).

Além do que está previsto em lei, o mercado educacional brasileiro oferece uma infinidade de cursos e treinamentos que podem ser considerados profissionalizantes, pois ajudam a construir ou melhorar as chances de as pessoas ingressarem, permanecerem e progredirem no mercado de trabalho, além de aumentar a competitividade das empresas.

Trata-se de uma coleção desconexa e heterogênea de instituições e cursos que não são percebidos por estatísticas oficiais, ainda que algumas operem há mais de meio século. São guiadas pelas necessidades do mercado e, direta ou indiretamente, subsidiadas pelo Estado. A demanda por seus serviços é grande.O Brasil tem quase 93 milhões de pessoas, 40% delas com sete anos de escolaridade, em média, cumpridos em escolas de baixa qualidade.Mais: cerca de 80% dessa gente começa a trabalhar cedo, entre 15 e 16 anos de idade. É essa população o alvo principal do ensino profissionalizante, já que mais da metade dela não tem cobertura previdenciária e um terço dos assalariados não tem registro em carteira.

O ensino técnico está perto de completar um século no Brasil, considerando que a rede federal nasceu em 1909, quando foram criadas dezenove escolas de aprendizes e artífices em todos os estados. Nos anos 1970, o governo decretou (LDB 5.692/72) a profissionalização obrigatória para todos os alunos do Ensino Médio (segundo grau, à época). A medida visava atender a uma presumida escassez de técnicos no mercado e conter a pressão sobre o ensino superior. Não foi suficiente para estancar a busca pela universidade, minou a qualidade do Ensino Médio e gerou uma explosão de cursos técnicos artificiais, baratos e sem compromisso com o mercado. Boas escolas técnicas tornaram- se redutos de educação de melhor qualidade e passaram a atrair a classe média, mais interessada em passar no vestibular do que no diploma técnico - o que configurou uma distorção em relação ao objetivo inicial.

A obrigatoriedade da profissionalização caiu em 1984, mas o perfil do ensino médio/técnico só começou a mudar com a LDB/96, que estabeleceu a separação entre educação profissional técnica e escola média, mas em 2004 novamente foi estabelecida a possibilidade da integração entre as duas modalidades de ensino.

Atualmente, a matrícula nos cursos técnicos representa menos de 10% do total de alunos do Ensino Médio regular e é inferior a 1% da PEA com oito anos de estudo ou mais (46 milhões de trabalhadores), candidatos potenciais à formação técnica. O perfil é bastante diferente do que se verifica em outros países. Em 1995 o Chile já capacitava 8% de seus trabalhadores em cursos técnicos. Em grande parte dos países da Europa, atualmente, a taxa nessa área é de 30%.

 

 
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