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Os BRIC e a África

2010 . Ano 8 . Edição 60 - 28/05/2010

James Tiburcio e Fernanda Lira Goes

O investimento direto de Brasil, Rússia, ĺndia e China na África, além do aumento do número de acordos de cooperação na última década, evidencia o relevo da concorrência geopolítica e comercial por uma parte do globo com desafios políticos e econômicos consideráveis, todavia, de oportunidades ímpares. A partir da década de 1990, países africanos, especialmente os subsaarianos, passaram a ser identificados como sócios estratégicos pelos países que mais tarde seriam rotulados como os BRIC. O comércio BRIC-África cresceu de meros US$8 bilhões em 1990 para US$166 bilhões em 2008 e, mesmo em um ano de crise como 2009, dados preliminares sustentam que houve continuidade deste crescimento que, por sua vez, cooperou em larga escala para que a África aumentasse sua parcela no comércio global de 1,7% em 2001 para 3% em 2008. Os dados do comércio africano apontam uma mudança profunda e de longo prazo: o principal interlocutor comercial e de cooperação da África deixa de ser o mundo desenvolvido e passa a ser direcionado às quatro grandes potências econômicas emergentes.

Posicionamentos pró-independência e as divisões ideológicas da Guerra Fria, em larga medida, explicam a abertura das atuais lideranças políticas em relação aos BRIC, já que um número ainda expressivo daqueles que estavam à frente dos movimentos de libertação nacional nos anos 1970 permanecem no poder. O primeiro país a reconhecer a independência de Angola em 1975 foi o Brasil, que também apoiou a independência dos demais países de língua portuguesa, criando as condições para a posterior formação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). A China, em concorrência direta com a União Soviética, treinou e apoiou grupos de libertação nacional, enquanto a Rússia (então parte da União Soviética) concedeu bolsas de estudo e envolveu-se tanto diretamente quanto indiretamente em conflitos desde a Etiópia a Moçambique. Índia, por sua vez, embora presa à dinâmica regional do período, manteve voz ativa no continente africano por meio do Movimento dos Não-Alinhados.

Rússia e Brasil detêm recursos naturais globalmente relevantes, ao passo que China e Índia são relativamente menos favorecidos. Necessidades discrepantes à parte, conforme recente comentário de Goolam Ballim, no Standard Bank Africa Forum, "os BRIC precisam da África tanto quanto a África precisa dos BRIC". Parte desta situação é constatada no cronograma político e econômico em relação à África comum aos quatro países.

A China encontra-se à frente e distancia-se mais rapidamente a cada ano. Dois terços do fluxo comercial BRIC-África está em seu controle - dos 54 países do continente, 32 tem a China entre os 5 principais parceiros de importação. Os interesses chineses podem ser mapeados em todas as áreas e dispõem de recursos quase ilimitados. Enquanto isso, a Rússia corre por último, ainda procurando capitalizar com o passado de promotora da independência. Diferente do que ocorre com as empresas chinesas, não há um movimento coordenado de ocupação de espaço no exterior, longe de sua zona de influência direta. Mesmo assim, a África se apresenta como destino preferencial de multinacionais russas em busca de minérios, petróleo e diamantes, em detrimento dos países da Comunidade de Estados Independentes.

Já os números da Índia na África são modestos quando comparados aos chineses. Suas necessidades, no entanto, são da mesma ordem, visto a dependência energética externa. A empresa estatal de petróleo indiana (ONGC) tem expandido investimentos, com contratos e operações, principalmente na Nigéria e no Sudão. Além do petróleo e outras commodities, a Índia investe em gama extensa de indústrias, com especial destaque à infraestrutura.

O Brasil, semelhantemente, tem concentrado suas parcerias mais substanciosas na área energética. Angola, Argélia e Nigéria perfazem boa parte dos quase US$30 bilhões, que elevaram os brasileiros ao décimo lugar no ranking dos mais importantes parceiros comerciais da África em 2009. A reaproximação pela cooperação tem pautado a política externa africanista do Brasil e figurado no alto da lista de prioridades do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O crescente número de representações diplomáticas brasileiras corrobora a dinâmica comercial do país, além de granjear valiosos votos em fóruns multilaterais, dentro do objetivo maior de inserção internacional soberana. BNDES, Petrobras, CSN, Odebrecht e Vale, além de dezenas de empresas de grande e médio porte, já se estabeleceram firmemente desde o Egito, onde o Brasil domina o mercado de frango, até Angola, país no qual as empresas brasileiras são os maiores empregadores privados.

As condições geradas pela crescente integração produtiva e comercial entre os BRIC e a África detém o potencial de impulsionar o crescimento sustentável das econômicas do continente e, por conseguinte, a oportunidade de elevar as condições de vida da população.


James Tiburcio, é assistente de pesquisa do Ipea, na Diretoria de estudos e relações econômicas e políticas internacionais (Deint)

Fernanda Lira Goes, é técnica de planejamento e pesquisa do Ipea, na Diretoria de estudos e relações econômicas e políticas internacionais (Deint)

 
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