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Por que falta vacina no Brasil?
Em meio à mais grave crise sanitária mundial, pesquisadores apontam principais causas para a falta de vacinas no país
Publicado em 13/05/2021 - Última modificação em 21/05/2021 às 15h30
Lançado em maio, o Boletim Covid-19: Políticas Públicas e as Respostas da Sociedade, da Rede de Pesquisa Solidária, formada por mais de uma centena de pesquisadores de diferentes áreas, instituições e países voltados ao aperfeiçoamento da qualidade das políticas públicas, apresenta em sua Nota Técnica nº 30 uma análise sobre a efetividade das respostas que tais políticas têm dado à sociedade quanto à pandemia provocada pelo novo coronavírus.
Na publicação, coordenada por Fernanda De Negri, do Centro de Pesquisa em Ciência, Tecnologia e Sociedade do Ipea, e Glauco Arbix, do Observatório de Inovação da USP, os pesquisadores buscaram analisar os motivos pelos quais, em meio à mais grave crise global de saúde pública, faltam vacinas no Brasil.
Entre as conclusões destaca-se a postura do governo federal, que na contramão do mundo não desenvolveu estratégias de compras antecipadas de imunizantes, apostou em apenas uma vacina e se opôs à concertação internacional em torno da suspensão temporária das patentes das vacinas.
Aspectos como a capacidade produtiva do país e a falta investimentos no setor da saúde, tanto em pesquisas quanto na capacidade produtiva, também são apontados como fatores preponderantes para as falhas ora constatadas em diferentes esferas.
Contudo, para os pesquisadores, o principal gargalo da vacinação não está na capacidade do sistema de saúde em aplicar as doses de forma rápida nem na falta de recursos, mas na disponibilidade de vacinas em quantidade suficiente para atender à população.
O documento aponta ainda que a pandemia terá longa duração, e que sem medidas extraordinárias não haverá meios de suprir, mesmo que parcialmente, a demanda global. Por isso, os pesquisadores indicam que novos fabricantes precisam entrar em cena, em especial nos países emergentes. Nesse sentido, a indústria brasileira poderia se beneficiar de efetivos processos de transferência de tecnologia, para aprender a fazer e dar um salto em sua qualificação.
A íntegra do Boletim "Covid-19: Políticas Públicas e as Respostas da Sociedade", com a Nota Técnica nº 30 da Rede de Pesquisa Solidária, pode ser lida aqui.
Sobre o mesmo tema, os autores falaram ao jornal Folha de São Paulo. A entrevista com Fernanda De Negri e Glauco Arbix pode ser lida aqui.