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Reino Unido fecha última usina de carvão após 140 anos

Esse é um marco importante nas ambições britânicas de reduzir sua contribuição para as mudanças climáticas, dado que o carvão é o combustível fóssil mais poluente

Berço da energia a carvão, o Reino Unido agora se tornará a primeira grande economia a abandoná-la. O país encerrou a produção de eletricidade a partir da queima de carvão, pondo fim a uma dependência de 142 anos desse combustível fóssil.

A última usina a carvão do país, em Ratcliffe-on-Soar, na cidade de Nottingham, encerrou suas operações em fins de setembro, após estar em funcionamento desde 1967. Esse é um marco importante nas ambições britânicas de reduzir sua contribuição para as mudanças climáticas, dado que o carvão é o combustível fóssil mais poluente, emitindo a maior quantidade de gases de efeito estufa quando queimado.

A primeira usina elétrica a carvão do mundo foi construída em Londres em 1882 pelo inventor norte-americano Thomas Edison (1847-1931). Do final do século XIX até a primeira metade do século XX, o carvão respondeu por praticamente toda a eletricidade do Reino Unido, abastecendo residências e empresas. No início da década de 1990, o gás natural começou a ter relevância na matriz energética do país, mas o carvão permaneceu como componente crucial da rede elétrica britânica por mais duas décadas. Em 2012, respondia por 39% da energia gerada no país.

Naquela época, a ciência sobre as mudanças climáticas avançava e ficava cada vez mais evidente que as emissões de gases de efeito estufa precisavam ser reduzidas. O carvão tornou-se um dos principais alvos. Em 2008, o Reino Unido estabeleceu suas primeiras metas climáticas com força legal. Em 2015, o governo anunciou que o país encerraria o uso de energia a carvão na década seguinte.

Em 2010, as energias renováveis respondiam por apenas 7% da eletricidade no Reino Unido. No primeiro semestre de 2024, esse número saltou para mais de 50%. O rápido crescimento da energia verde permitiu que o carvão fosse temporariamente desativado, com os primeiros dias sem o uso desse combustível fóssil ocorrendo em 2017. Diante disso, a data-alvo para o fim da energia a carvão foi antecipada em um ano. "É muito simbólico que esse processo ocorra no Reino Unido, onde tudo começou com a Revolução Industrial. Isso mostra que a eliminação desse tipo de energia, a curto prazo, é, de fato, possível", disse Simon Evans, especialista em mudanças climáticas.