Notícias
China planeja construir colisor de partículas nos próximos anos
Colisor Circular de Elétrons e Pósitrons promete revolucionar a ciência e ajudar os cientistas a responder questões fundamentais sobre a evolução do Universo e a maneira como as partículas interagem
Publicado em 04/07/2024 - Última modificação em 04/07/2024 às 13h34
A China planeja construir um acelerador de partículas de US$ 5 bilhões (o equivalente a R$ 27,8 bilhões) nos próximos três anos. Com 100 quilômetros (km) de circunferência, o Colisor Circular de Elétrons e Pósitrons (CEPC) promete revolucionar a ciência ao oferecer análises sem precedentes do bóson de Higgs — partícula que pode ser responsável pela massa de todas as demais —, ajudando os cientistas a responder questões fundamentais sobre a evolução do Universo e a maneira como as partículas interagem.
A proposta do CEPC será apresentada ao governo chinês em 2025 para que os custos de sua construção sejam incluídos no próximo plano quinquenal. Se obtiver o apoio governamental, a obra terá início em 2027 e levará cerca de uma década para ser concluída. De acordo com um relatório técnico do projeto publicado no último dia 3 de junho, o colisor chinês custará 36,4 bilhões de yuans (aproximadamente R$ 29 bilhões), consideravelmente mais barato que o Future Circular Collider (FCC) europeu, orçado em US$ 19 bilhões — a construção da instalação europeia começará na década de 2030, se for aprovada.
Dentro de seu enorme túnel subterrâneo, o CEPC colidirá elétrons e suas antipartículas, os pósitrons, a energias extraordinariamente altas, o que gerará milhões de bósons de Higgs. Isso permitirá aos pesquisadores estudar essa partícula em mais detalhe e explorar questões que vão além do Modelo Padrão — principal, embora incompleta, teoria sobre a composição do cosmos —, como a natureza da matéria escura e por que existe mais matéria comum do que antimatéria no universo.
Muitos dos componentes da megamáquina chinesa já estão sendo testados em outras instalações no país. Entre eles está a quase concluída Fonte de Fótons de Alta Energia, em Pequim. Segundo o relatório técnico de 3 de junho, a China é capaz de construir o CEPC com pouca assistência de pesquisadores internacionais, mas provavelmente terá de recorrer a conhecimentos externos para desenvolver os detectores do colisor. Outro obstáculo que o CEPC poderá enfrentar é conseguir atrair financiamento de outros países, à luz das tensões geopolíticas em curso, sobretudo com os Estados Unidos.
A comunidade científica chinesa, no entanto, está confiante de que o CEPC será um empreendimento internacional. Cientistas de vários países já compõem de 30% a 50% das equipes trabalhando em algumas das principais instalações de física da China, entre elas o Observatório de Neutrinos Subterrâneo de Jiangmen, em Kaiping.