Arquivo da tag: Taxas efetivas reais de câmbio (Tercs)

Balanço de pagamentos, balança comercial e câmbio – evolução recente e perspectivas

Por Andreza Aparecida Palma

O setor externo continua apresentando comportamento resiliente, apesar das incertezas e turbulências externas e internas. O saldo comercial em dezembro de 2022 foi de US$ 4,8 bilhões, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). O valor das exportações alcançou US$ 26,6 bilhões, enquanto as importações totalizaram US$ 21,9 bilhões. Considerando o acumulado de 2022, as exportações totalizaram US$ 334,5 bilhões e as importações, US$ 272,7 bilhões, resultando em um saldo da balança comercial de US$ 61,8 bilhões, recorde para a série histórica.

Em relação ao balanço de pagamentos, a conta de transações correntes registrou sucessivos déficits em 2022, com exceção apenas em abril e junho. Houve superávit em abril, no valor de US$ 86 milhões, e em junho, no valor de US$ 260 milhões. Entre julho de 2022 e setembro de 2022, o déficit se intensificou, alcançando US$ 7,1 bilhões em setembro de 2022, ante US$ 3,6 bilhões no mesmo período do ano anterior. No entanto, essa tendência foi revertida e, para novembro de 2022, o déficit foi de US$ 60 milhões, ante US$ 8,5 bilhões no mesmo período do ano anterior. A balança comercial (bens) fechou novembro com superávit de US$ 5,1 bilhões, ante US$ 2,3 bilhões em novembro de 2021, sendo a principal responsável pela redução no déficit em transações correntes. Em relação à conta de viagens, fortemente afetada pela pandemia e por restrições de mobilidade, observou-se aumento do déficit desde meados de 2021. Os níveis pré-pandemia, porém, não foram ainda recuperados. Já quanto à conta capital e financeira, o destaque fica para a série de investimentos diretos no país (IDPs), que apresenta trajetória de acentuada recuperação, atingindo até mesmo os níveis anteriores ao período da pandemia. No acumulado em doze meses até novembro, o saldo atingiu US$ 77,1 bilhões – 4,1% do produto interno bruto (PIB) –, ante US$ 52,7 bilhões (3,2% do PIB) no mesmo período do ano anterior.

230413_cc_58_nota_6_setor_externo_graficos_2_e_3

Quanto à taxa de câmbio, a sua dinâmica permanece bastante volátil devido à elevada incerteza externa e interna. Durante os primeiros meses de 2022, houve um movimento de apreciação da taxa nominal de câmbio, revertido a partir de maio. Em setembro e novembro, observamos desvalorizações relativamente pequenas e valorização discreta em dezembro. Considerando os dados disponíveis até 9 de janeiro de 2023, houve desvalorização de 1,89% em relação a dezembro de 2022. As expectativas do relatório Focus apontam para um câmbio de R$ 5,28/US$ em dezembro de 2023 e de R$ 5,30/US$ ao fim de 2024. No entanto, cabe notar que ainda persistem vários elementos de incerteza devido ao cenário mundial, especialmente considerando a existência do conflito entre Rússia e Ucrânia, a crise energética na Europa, políticas monetárias contracionistas ao redor do mundo e expectativa de recessão global. Quanto ao cenário interno, passado o período eleitoral, há incerteza residual sobre a trajetória e a direção da política econômica, o que pode gerar volatilidade adicional na cotação da moeda. Como pontos positivos para a dinâmica da taxa de câmbio, há que se destacar os fluxos cambial (houve entrada líquida de US$ 9,6 bilhões no acumulado do ano até dezembro, de acordo com dados do Banco Central do Brasil – BCB) e comercial positivos durante o ano de 2022.

230413_cc_58_nota_6_setor_externo_tabela_3

Acesse o texto o completo



------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Balanço de pagamentos, balança comercial e câmbio – evolução recente e perspectivas

Por Andreza Aparecida Palma

A dinâmica favorável do setor externo permanece, mesmo diante das incertezas externas e internas. O saldo comercial em outubro de 2022 foi de US$ 3,9 bilhões, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). O valor das exportações alcançou US$ 27,3 bilhões, enquanto as importações totalizaram US$ 23,4 bilhões. Apesar do recuo recente nos preços das commodities e do crescimento mais robusto das importações, o saldo permanece positivo.

Em relação ao balanço de pagamentos, a trajetória de IDP é um destaque positivo, apresentando acentuada recuperação, atingindo até mesmo os níveis anteriores ao período da pandemia. Considerando o acumulado no ano até setembro, o investimento direto no país (IDP) totalizou US$ 70,7 bilhões, contra US$ 43,3 bilhões no mesmo período de 2021, déficit de US$ 12,4 bilhões em 2020 e US$ 49,4 bilhões em 2019. No acumulado em doze meses até setembro, o saldo atingiu US$ 73,8 bilhões – 4,10% do produto interno bruto (PIB) –, ante US$ 49,9 bilhões – 3,17% do PIB – no mesmo período do ano anterior.

Quanto à taxa de câmbio, a sua dinâmica permanece bastante volátil devido à elevada incerteza externa e interna. Durante os primeiros meses de 2022, houve um movimento de apreciação da taxa nominal de câmbio, revertido a partir de maio. As expectativas do relatório Focus apontam para um câmbio de R$ 5,20/US$ em dezembro de 2022 e ao fim de 2023, previsão mais otimista que a expectativa vigente ao final de 2021 (em 31 de dezembro, a previsão da taxa de câmbio para 2022 era de R$ 5,60/US$ e, para 2023, de R$ 5,40). Porém, persistem vários elementos de incerteza devido ao cenário mundial, especialmente considerando a existência do conflito entre Rússia e Ucrânia, a crise energética na Europa, políticas monetárias contracionistas ao redor do mundo e expectativa de recessão global. Considerando o cenário interno, passado o período eleitoral, há incerteza residual sobre a trajetória e a direção da política econômica, o que pode gerar volatilidade adicional na cotação da moeda.

221116_cc_57_nota_12_setor_externo_tabela_3

Em relação às reservas internacionais, houve uma queda importante no período recente. Na comparação com janeiro de 2022, a queda nas reservas em setembro foi de 8,6%, passando de US$ 358,4 bilhões (22% do PIB) para US$ 327,6 bilhões (18% do PIB). A principal causa dessa queda se deve a variações de preço, seguidas das variações por paridade.

221116_cc_57_nota_12_setor_externo_tabela_2

221116_cc_57_nota_12_setor_externo_grafico_3

Acesse o texto completo



------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Balanço de pagamentos, balança comercial e câmbio – evolução recente e perspectivas

Por Andreza Aparecida Palma

O setor externo continua apresentando uma dinâmica favorável, mesmo diante das incertezas externas. O saldo comercial em agosto de 2022 foi de US$ 4,2 bilhões, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). O valor das exportações alcançou US$ 30,8 bilhões. Já o valor das importações foi o maior de toda a série histórica, iniciada em janeiro de 1997 (US$ 26,7 bilhões). Apesar do recuo recente nos preços das commodities e do crescimento mais robusto das importações, o saldo permanece positivo.

220909_cc_56_nota_20_setor_externo_grafico_1

Em relação ao balanço de pagamentos, a conta de transações correntes registrou sucessivos déficits entre setembro de 2021 e março de 2022. Houve superávit em abril de 2022 no valor de US$ 1,1 bilhão. No entanto, em maio de 2022, o déficit foi de US$ 3,5 bilhões, ante superávit de US$ 2,5 bilhões em maio de 2021. Para os dados acumulados em doze meses, a trajetória de redução do déficit observada desde novembro de 2021 foi revertida a partir de março de 2022. Em relação à conta capital e financeira, observou-se trajetória de relativa recuperação. Embora os níveis pré-pandemia ainda não tenham sido plenamente atingidos, os ingressos de investimento direto no país (IDP) se encontram em níveis satisfatórios e crescentes. No acumulado em doze meses até maio, o saldo atingiu US$ 60,2 bilhões (3,45% do produto interno bruto – PIB), ante US$ 47,3 bilhões (3,2% do PIB) no mesmo período do ano anterior. A princípio, a trajetória de aumento da taxa de juros Selic poderia potencializar a recuperação da conta financeira. No entanto, o recente aumento na taxa de juros norte-americana gera incerteza sobre o balanço de risco dos investidores.

220909_cc_56_nota_20_setor_externo_tabela_1

220909_cc_56_nota_20_setor_externo_tabela_2

Quanto à taxa de câmbio, a sua dinâmica permanece bastante volátil devido à elevada incerteza externa e interna. Durante os primeiros meses de 2022, houve um movimento de apreciação da taxa nominal de câmbio, revertido a partir de maio. Na ​comparação com os demais emergentes, o desempenho da moeda brasileira apresentou alguma melhora no período recente.  As expectativas do relatório Focus apontam para um câmbio de R$ 5,20/US$ em dezembro de 2022 e ao fim de 2023, previsão mais otimista que a expectativa vigente ao final de 2021 (em 31 de dezembro, a previsão da taxa de câmbio para 2022 era de R$ 5,60/US$ e, para 2023, de R$ 5,40). Porém, persistem vários elementos de incerteza devido ao cenário mundial e interno, especialmente considerando a existência do conflito entre Rússia e Ucrânia, a crise energética na Europa, políticas monetárias contracionistas ao redor do mundo e o ano eleitoral no Brasil. Como pontos positivos para a dinâmica da taxa de câmbio, há que se destacar os fluxos cambial (houve entrada líquida de US$ 20,97 bilhões no acumulado do ano até julho, de acordo com dados do Banco Central do Brasil (BCB) e comercial positivos durante o ano de 2022.  ​

Acesse o texto completo



------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Contas externas: saldo recorde da balança comercial e câmbio desvalorizado

Andreza Aparecida Palma

Esta nota de conjuntura apresenta uma análise das principais estatísticas do setor externo, com destaque para os dados das taxas efetivas reais de câmbio (Tercs), calculadas pelo Ipea, e a evolução recente da balança comercial e do balanço de pagamentos. De uma forma geral, o desempenho do setor externo não tem gerado grande preocupação durante a crise do coronavírus, com exceção da evolução da taxa de câmbio.

A balança comercial – cuja metodologia de cálculo foi revisada recentemente – é o destaque positivo. As exportações alcançaram US$ 26,5 bilhões em abril e as importações, US$ 16,1 bilhões, resultando em um saldo da balança comercial superavitário em US$ 10,3 bilhões, o maior saldo positivo mensal de toda a série histórica.

Desde o início da pandemia do novo coronavírus em 2020, há uma tendência geral de diminuição do deficit em transações correntes brasileiro, com expectativa de sucessivos superavit para os próximos meses. Em relação a março, o saldo em transações correntes alcançou um deficit de US$ 3,970 bilhões (3,18% do produto interno bruto – PIB) ante US$ 4,257 (3,44% do PIB) no mesmo período do ano anterior. Cabe notar que o último resultado superavitário havia ocorrido em 2007. Esse resultado esperado é fruto de uma alta no preço das commodities, que favoreceu a balança comercial brasileira. Aliado a uma melhora nos preços, há também aumento da demanda por países que já estão se recuperando da crise provocada pelo novo coronavírus.

Acesse o texto completo



------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------