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Retrato dos rendimentos do trabalho – resultados da PNAD Contínua do segundo trimestre de 2023

Por Sandro Sacchet de Carvalho

Os rendimentos habituais reais médios apresentaram aumento de 6,2% no segundo trimestre de 2023 em comparação com o mesmo período de 2022, apontando a desaceleração da recuperação da renda. A renda média habitual real de R$ 2.924, registrada no segundo trimestre de 2023, pela primeira vez supera os níveis observados no mesmo trimestre de 2019 (R$ 2.904), imediatamente anterior à pandemia. Estimativas mensais mostram que o rendimento habitual médio real em junho de 2023 (R$ 2.936) foi 1,8% maior que o observado no mês anterior (R$ 2.883) e 0,2% maior que o registrado em dezembro de 2022 (R$ 2.929).

Por grupos demográficos, os maiores aumentos na renda na comparação com o mesmo período do ano passado foram registrados no Centro-Oeste e no Nordeste, entre os trabalhadores jovens adultos (entre 25 e 39 anos) e com ensino fundamental incompleto. Nenhum grupo demográfico de trabalhador apresentou queda na renda, mas o crescimento foi menor para os que habitam no Sul e em regiões não metropolitanas, os maiores de 60 anos, aqueles com ensino médio completo e os chefes de família.

Na análise por tipo de vínculo, revela-se que o menor crescimento dos rendimentos no segundo trimestre de 2023 encontra-se nos trabalhadores do setor privado com carteira, com elevação da renda habitual de 4,1%, e os trabalhadores do setor público 4%. Por sua vez, os trabalhadores informais foram os que tiveram o maior aumento da renda habitual, com acréscimo de 7,5% para os trabalhadores por conta própria e de 4,9% para os sem carteira. Isso se refletiu no comportamento da renda por setor de atividade: os setores mais informais, mais atingidos pela pandemia, são os que agora mostram crescimento da renda (agricultura, comércio, construção, e alojamento e alimentação), ao passo que setores mais formais, como administração púbica, educação e saúde, e indústria, apresentaram menor elevação da renda habitual ou efetiva. No entanto, nesse segundo trimestre de 2023 observa-se menor crescimento da renda em setores bastante informais, como serviços pessoais e coletivos e transporte.

Após o pico de desigualdade causado pela pandemia, o índice de Gini se reduziu continuamente até o primeiro trimestre de 2022. No entanto, o segundo trimestre de 2022 apresentou uma reversão da queda da desigualdade da renda observada, que continuou no terceiro trimestre, tendo o índice da renda domiciliar se mantido relativamente estável desde então. No segundo trimestre de 2023, o índice de Gini da renda domiciliar caiu ligeiramente para 0,517. Já o índice de Gini da renda individual apresentou uma queda maior desde o terceiro trimestre de 2022, reduzindo-se de 0,494 para 0,488 no segundo trimestre de 2023.​

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Retrato dos rendimentos do trabalho – resultados da PNAD Contínua do primeiro trimestre de 2023

Por Sandro Sacchet de Carvalho

Os rendimentos habituais reais médios apresentaram aumento de 7,4% no primeiro trimestre de 2023 em comparação com o mesmo período de 2022, apontando a desaceleração da recuperação da renda. A renda média habitual real de R$ 2.900, registrada no primeiro trimestre de 2023, aproxima-se dos níveis observados em dezembro de 2019 (R$ 2.910), imediatamente anterior à pandemia. Estimativas mensais mostram que o rendimento habitual médio real em abril de 2023 (R$ 2.909) foi 0,5% menor que o observado no mês anterior (R$ 2.923) e 0,6% menor que o registrado em dezembro de 2022 (R$ 2.928). A renda efetiva também cresceu 7,1% na comparação interanual.
Por grupos demográficos, os maiores aumentos na renda na comparação com o mesmo período do ano passado foram registrados no Centro-Oeste e no Nordeste, entre os trabalhadores jovens adultos (entre 25 e 39 anos) e com ensino superior. Nenhum grupo demográfico de trabalhador apresentou queda na renda, mas o crescimento foi menor para os que habitam no Sul e em regiões não metropolitanas, os maiores de 60 anos, aqueles com ensino fundamental completo e os chefes de família.

Na análise por tipo de vínculo, revela-se que o menor crescimento dos rendimentos no primeiro trimestre de 2023 encontra-se nos trabalhadores do setor privado com carteira, com elevação da renda habitual e efetiva de 4,1% e 4,5%, respectivamente. Os trabalhadores do setor público apresentaram elevação da renda no primeiro trimestre de 2023 (cerca de 5,5% da renda habitual). Por sua vez, os trabalhadores informais foram os que tiveram o maior aumento da renda efetiva, com acréscimo de 8,9% para os trabalhadores por conta própria e de 14,7% para os sem carteira. Isso se refletiu no comportamento da renda por setor de atividade: os setores mais informais, mais atingidos pela pandemia, são os que agora mostram crescimento da renda (agricultura, comércio, serviços pessoais e coletivos, e alojamento e alimentação), ao passo que setores mais formais, como administração púbica, educação e saúde, e indústria, apresentaram menor elevação da renda habitual ou efetiva. Contudo, já há sinais de menor crescimento da renda em setores bastante informais como construção e transporte.

Após o pico de desigualdade causado pela pandemia, o índice de Gini se reduziu continuamente até o primeiro trimestre de 2022. No entanto, o segundo trimestre apresentou uma reversão da queda da desigualdade da renda observada, que continuou no terceiro trimestre, tendo o índice da renda efetiva subido de 0,510 no primeiro trimestre para 0,519 no terceiro, e o da renda habitual passado de 0,481 para 0,494. No primeiro trimestre de 2023, observou-se uma estabilidade no índice da renda domiciliar e uma queda do índice da renda individual para 0,491.

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Retrato dos rendimentos do trabalho – resultados da PNAD Contínua do quarto trimestre de 2022

Por Sandro Sacchet de Carvalho

Os rendimentos habituais reais médios apresentaram aumento de 8,3% no quatro trimestre de 2022 em comparação com o mesmo período de 2021, confirmando a recuperação da renda observada ao longo do ano. A renda média habitual real de R$ 2.808, registrada no quatro trimestre de 2022, aproxima-se dos níveis observados em dezembro de 2019, imediatamente anterior à pandemia. Estimativas mensais mostram que o rendimento habitual médio real em dezembro (R$ 2.856) foi 0,2% maior que o observado no mês anterior (R$2.851) e 2,6% maior que o registrado em setembro de 2022 (R$2.784). A renda efetiva também cresceu 9,4% na comparação interanual, mas ainda está 1% menor que a apontada no quarto trimestre de 2019.

Por grupos demográficos, os maiores aumentos na renda na comparação com o mesmo período do ano passado foram registrados no Centro-Oeste e no Norte, entre os trabalhadores jovens adultos (entre 25 e 39 anos) e com ensinos fundamental e médio incompletos. Nenhum grupo demográfico de trabalhador apresentou queda na renda, mas o crescimento foi menor para os que habitam no Nordeste, os adultos (entre 40 e 59 anos), aqueles com ensino fundamental completo e os chefes de família.

Na análise por tipo de vínculo, revela-se que a menor recuperação dos rendimentos no quarto trimestre de 2022 foi encontrado nos trabalhadores do setor público, com elevação da renda habitual e efetiva de 1,9% e 1,5% respectivamente. Os trabalhadores do setor privado com carteira apresentaram elevação da renda no quarto trimestre de 2022 (cerca de 6,2% da renda habitual). Por sua vez, foram os trabalhadores informais os que apresentaram o maior aumento da renda efetiva, com acréscimo de 12,3% para os trabalhadores por conta própria e de 12% para os sem carteira. Isso se reflete no comportamento da renda por setor de atividade: Os setores mais informais, mais atingidos pela pandemia, são os que agora mostram crescimento da renda (agricultura, transporte, construção, serviços pessoais e coletivos e alojamento e alimentação), ao passo que setores mais formais, como administração púbica, educação e saúde e indústria, apresentaram menor elevação da renda habitual ou efetiva.

Após o pico de desigualdade causado pela pandemia, o índice de Gini se reduziu continuamente até o primeiro trimestre de 2022. O segundo trimestre de 2022 apresentou uma reversão da queda da desigualdade da renda observada, que continuou no terceiro trimestre. No último trimestre de 2022, observou-se uma estabilidade no índice da renda domiciliar e ligeira queda do índice da renda individual de 0,494 para 0,493.

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Retrato dos rendimentos do trabalho – resultados da PNAD Contínua do terceiro trimestre de 2022

Por Sandro Sacchet de Carvalho

Os rendimentos habituais reais médios apresentaram aumento de 2,5% no terceiro trimestre de 2022 em comparação com o mesmo período de 2021, configurando o primeiro trimestre de crescimento interanual na renda desde o primeiro trimestre de 2020. A renda média habitual real de R$ 2.737, registrada no terceiro trimestre de 2022, ainda encontra-se abaixo dos níveis observados antes da pandemia, mas já alcança os níveis registrados em 2017. Estimativas mensais mostram que o rendimento habitual médio real em setembro (R$ 2.734) foi 1,5% maior que o observado no mês anterior (R$ 2.693) e 6,2% maior que o registrado em dezembro de 2021 (R$ 2.574). A renda efetiva também cresceu 2,5% na comparação interanual, mas ainda está 2% menor que a apontada no terceiro trimestre de 2019.

Por grupos demográficos, os maiores aumentos na renda na comparação com o mesmo período do ano passado foram registrados no Centro-Oeste e no Norte, entre os trabalhadores jovens adultos (entre 25 e 39 anos) e com ensinos fundamental e médio incompletos. Nenhum grupo demográfico de trabalhador apresentou queda na renda, mas o crescimento foi menor para os que habitam no Sudeste, os jovens, aqueles com ensino superior e os chefes de família.

Na análise por tipo de vínculo, revela-se que o pior impacto da queda nos rendimentos no terceiro trimestre de 2022 foi encontrado nos trabalhadores do setor público, com quedas da renda habitual e efetiva de 2,3% e 3% respectivamente. Os trabalhadores do setor privado com carteira apresentaram elevação da renda no terceiro trimestre de 2022 (cerca de 1,6% da renda habitual). Por sua vez, foram os trabalhadores informais os que apresentaram o maior aumento da renda efetiva, com acréscimo de 5,4% para os trabalhadores por conta própria e de 4,9% para os sem carteira. Isso se reflete no comportamento da renda por setor de atividade: os setores mais informais, mais atingidos pela pandemia, são os que agora mostram crescimento da renda (agricultura, transporte, construção, serviços pessoais e coletivos e alojamento e alimentação), ao passo que setores mais formais, como administração púbica, educação e saúde e indústria, continuam apresentando uma queda da renda habitual ou efetiva.

Após o pico de desigualdade causado pela pandemia, o índice de Gini se reduziu continuamente até o primeiro trimestre de 2022. O segundo trimestre de 2022 apresentou uma reversão da queda da desigualdade da renda observada, que continuou no terceiro trimestre, tendo o índice de Gini da renda domiciliar subido de 0,510 no primeiro trimestre para 0,519 no terceiro e o da renda individual passado de 0,481 para 0,494.​

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Retrato dos rendimentos do trabalho – resultados da PNAD contínua do segundo trimestre de 2022

Por Sandro Sacchet de Carvalho

Os rendimentos habituais reais médios apresentaram uma queda de 5,1% no segundo trimestre de 2022 em comparação com o mesmo trimestre de 2021, sendo o quinto trimestre consecutivo de queda interanual na renda(uma queda menos acentuada que a do trimestre anterior, 8,7%). Apesar de parte desse movimento descendente ser apenas o inverso do observado ao longo de 2020, quando os rendimentos habituais apresentaram um crescimento acelerado, a renda habitual encontra-se abaixo dos níveis observados antes da pandemia. A renda média habitual real de R$ 2.652 do segundo trimestre de 2022. Estimativas mensais mostram que o rendimento médio real em junho (R$ 2641) foi igual ao observado no mês anterior, porém 1,5% maior ao observado em março (R$2601).  Em relação à renda efetiva, ela caiu 4% na comparação interanual, aproximando-se ainda mais da queda da renda habitual. E na comparação com o segundo trimestre de 2019, a renda efetiva caiu 4,4%.

Por grupos demográficos, as maiores quedas na renda na comparação com o mesmo período do ano passado foram registradas no Sudeste e Sul, entre os trabalhadores mais velhos e com ensino superior. Trabalhadores do Norte, não chefes de família, entre 25 e 39 anos e com ensino fundamental foram os que não apresentaram quedas na renda habitual no segundo trimestre de 2022. Estes mesmos grupos foram os que apresentaram aumento da renda efetiva.

Todavia, analisando por tipo de vínculo, revela-se que o pior impacto da queda nos rendimentos no segundo trimestre de 2022 foi encontrado nos trabalhadores do setor público, com quedas da renda habitual e efetiva de 9,8%. Os trabalhadores do setor privado, que no trimestre anterior haviam apresentado uma melhora na margem, apresentaram uma queda da renda no segundo trimestre de 2022 (cerca de 4,5%). Por sua vez, foram os trabalhadores informais os que apresentaram um aumento da renda efetiva, com acréscimo de 6% para os trabalhadores por conta-própria e de 1,5% para os sem carteira. Isso se reflete no comportamento da renda por setor de atividade. Setores mais informais, e que foram mais atingidos pela pandemia, são os que agora mostram algum crescimento da renda (transporte, construção, serviços pessoais e coletivos e alojamento e alimentação). Enquanto que setores mais formais, como administração púbica, educação e saúde, indústria e serviços profissionais, continuam apresentando uma queda da renda habitual ou efetiva.

A queda maior da renda entre os servidores públicos em parte se reflete na maior queda dos rendimentos dos domicílios de renda mais alta e explica parte da queda da desigualdade de renda captada pelo índice de Gini nos últimos trimestres. Após o pico de desigualdade causado pela pandemia, o índice se reduziu continuamente em 2021. Contudo, no segundo trimestre de 2022, houve uma reversão dessa tendência de queda, tendo o Gini subido para 0,515 para a renda domiciliar do trabalho e 0,489 para a renda individual.

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Retrato dos rendimentos e horas trabalhadas – resultados da PNAD Contínua do primeiro trimestre de 2022

Por Sandro S. Carvalho

Os rendimentos habituais reais médios apresentaram queda de 8,7% no primeiro trimestre de 2022 em comparação com o mesmo trimestre de 2021, sendo o quarto trimestre consecutivo de queda interanual na renda. Apesar de parte desse movimento descendente ser apenas o inverso do observado ao longo de 2020, quando os rendimentos habituais apresentaram um crescimento acelerado, a renda habitual encontra-se abaixo dos níveis observados antes da pandemia. A renda média habitual real de R$ 2.548 do primeiro trimestre de 2022 é, porém, superior ao valor do quarto trimestre de 2021 (que foi o menor valor registrado na série histórica da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios Contínua(PNADC)). Em relação à renda efetiva, observou-se redução de 6,2% na comparação interanual, aproximando-se ainda mais da queda da renda habitual. Na comparação com o primeiro trimestre de 2020, a queda da renda efetiva foi de 8,5%.

Por grupos demográficos, as maiores quedas na renda na comparação com o mesmo período do ano passado foram registradas no Sudeste e Sul, entre os trabalhadores mais velhos e com ensino superior. Trabalhadores do Norte, mais jovens e com ensino fundamental foram os únicos a apresentarem pequenos aumentos na renda efetiva no primeiro trimestre de 2022. Nenhum grupo demográfico apresentou aumento da renda habitual.

Todavia, analisando por tipo de vínculo, revela-se que o pior impacto da queda nos rendimentos no primeiro trimestre de 2022 foi encontrado nos trabalhadores do setor público, com quedas da renda habitual e efetiva de 12,9% e 10,9%, respectivamente. No entanto, os empregados do setor privado (com carteira ou sem carteira) também apresentaram quedas nos rendimentos, porém menores que as observadas no trimestre anterior. Os trabalhadores por conta própria, que haviam registrado um crescimento da renda efetiva nos últimos trimestres, e apresentado quedas menores na renda habitual, mostraram uma deterioração da renda no início de 2022, com quedas das rendas efetivas e habituais de 2,8% e 6,4% respectivamente.

A queda maior da renda entre os servidores públicos em parte se reflete na maior queda dos rendimentos dos domicílios de renda mais alta e explica parte da queda da desigualdade de renda captada pelo índice de Gini nos últimos trimestres. Após o pico de desigualdade causado pela pandemia, o índice se reduziu continuamente em 2021. No primeiro trimestre de 2022, houve novamente um recuo da desigualdade em comparação ao trimestre anterior, tendo atingido 0,51 para a renda domiciliar do trabalho e 0,481 para a renda individual.

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Retrato dos rendimentos e horas trabalhadas durante a pandemia – resultados da PNAD Contínua do terceiro trimestre de 2021

Por Sandro Sacchet de Carvalho

Os impactos imediatos da pandemia sobre os rendimentos, bem como a importân- cia do Auxílio Emergencial, foram analisados com os dados da PNAD Covid-19, que mostraram um descolamento da renda efetiva do trabalho da renda habitual. Tal descolamento também foi observado na PNAD Contínua, levando a que se deva considerar com mais atenção a renda efetiva para se avaliar a conjuntura dos rendimentos ao longo dos anos de 2020 e 2021. Os rendimentos habituais reais médios apresentaram uma queda de 11,1% no terceiro trimestre de 2021 em comparação com o mesmo trimestre de 2020, intensificando uma retração que se iniciou no trimestre terminado em abril. Contudo, tal movimento é apenas o inverso (um ano depois) do observado no início da pandemia, quando os rendimentos habituais apresentaram um aumento acelerado, atingindo um crescimento interanual de 8,2% no trimestre móvel entre maio e julho de 2020, tendo desacelerado após o terceiro trimestre. Na comparação com o terceiro trimestre de 2019, portanto antes da pandemia, os rendimentos habituais caíram 4,3% no terceiro trimestre de 2021.

Em contraste, a partir do trimestre móvel iniciado em abril do ano passado, a renda efetiva apresentou consecutivas quedas, apenas se recuperando após setembro. Os resultados mais recentes da PNAD Contínua confirmaram a deterioração da renda média. Enquanto que o crescimento interanual da renda efetiva cresceu 1% ao fim do segundo trimestre de 2021, sinalizando uma recuperação em comparação ao pior momento da pandemia, durante o terceiro trimestre a queda da renda efetiva média foi de 6,1%. Na comparação com o terceiro trimestre de 2019, a renda efetiva média caiu 4,4%.

Tal resultado foi gerado por um efeito composição. Primeiro, a elevação da renda habitual média em 2020 se deve ao fato de a perda de ocupações ter se concentrado nas ocupações com remuneração mais baixas, nos setores de construção, comércio e alojamento e alimentação, além dos empregados sem carteira assinada e principalmente trabalhadores por conta própria. Portanto, os que permaneceram ocupados foram os de renda relativamente mais alta. Por sua vez, à medida que os trabalhadores informais e por conta própria foram retornando ao mercado de trabalho, o rendimento habitual médio foi se reduzindo. De certa forma, o arrefecimento do aumento da renda habitual e o aumento da renda efetiva indicam o início de um retorno à normalidade do mercado de trabalho. Contudo, a forte queda da renda efetiva no terceiro trimestre de 2021 e a queda em comparação com 2019 mostram que a aproximação aos níveis anteriores de ocupação tem se processado em um nível de renda média menor.

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Retrato dos rendimentos e horas trabalhadas durante a pandemia – resultados da PNAD Contínua do primeiro trimestre de 2021

Por Sandro Sacchet de Carvalho

Os impactos imediatos da pandemia sobre os rendimentos, bem como a importância do Auxílio Emergencial, foram analisados com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Covid-19, que mostraram um descolamento da renda efetiva do trabalho da renda habitual. Tal descolamento também é observado na PNAD Contínua, levando a que se deva considerar com mais atenção a renda efetiva para se avaliar a conjuntura dos rendimentos ao longo dos anos de 2020 e 2021. Em 2020, de acordo com a PNAD Contínua, os rendimentos habituais apresentaram um crescimento acelerado, atingindo um crescimento interanual de 8,6% no trimestre móvel entre maio e julho, tendo desacelerado após o terceiro trimestre. No primeiro trimestre de 2021, o crescimento da renda habitual foi de apenas 0,8%.

Em contraste, a partir do trimestre móvel iniciado em abril do ano passado, a renda efetiva apresentou consecutivas quedas na comparação interanual, apenas se recuperando após setembro. Entretanto, nos trimestres móveis terminados em dezembro e janeiro, a renda efetiva voltou a apresentar uma queda de 1% e 2,4% respectivamente. Os resultados mais recentes da PNAD Contínua confirmaram o impacto sobre a renda efetiva do recrudescimento da pandemia, visto que o primeiro trimestre de 2021 apresentou uma queda de 2,2% dos rendimentos efetivos. Esse padrão se repetiu para trabalhadores com diferentes grupos demográficos, tendo apenas as mulheres e trabalhadores com mais de 60 anos não apresentado uma queda da renda efetiva. No entanto, analisando por tipo de vínculo, revela-se que o impacto da segunda onda da pandemia nos rendimentos foi concentrado nos trabalhadores privados com carteira. Os trabalhadores por conta própria, que de modo geral haviam sido os mais atingidos pela pandemia, mostraram um crescimento de 3,9% da renda efetiva.

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Retrato dos rendimentos e horas trabalhadas durante a pandemia – Resultados da PNAD Contínua em 2020

Por Sandro Sacchet de Carvalho

Dentro do contexto dos efeitos da pandemia, apesar do relativo aumento dos rendimentos habituais médios observado nos últimos meses, a forte queda da população ocupada causou um considerável impacto negativo na massa salarial real habitual. No trimestre móvel terminado em janeiro de 2021, a queda da massa de rendimentos habituais foi de 6,9% (somando R$ 211,4 bilhões) e a queda da massa efetiva foi de 11,1%, em comparação com o ano anterior, totalizando R$ 228,4 bilhões.

Outro importante efeito da pandemia foi o aumento da proporção de domicílios sem renda do trabalho devido à pandemia, que saltou de 25% no primeiro trimestre para 31,5% no segundo. No quarto trimestre, essa proporção caiu um pouco, para 29%, reforçando como tem sido lenta a recuperação do nível de ocupação aos patamares anteriores à pandemia. Houve também um aumento da proporção de domicílios na faixa de renda mais baixa e uma diminuição da proporção nas demais faixas. Detecta-se a queda generalizada dos rendimentos domiciliares efetivos, que, assim como a renda habitual, tiveram o pior desempenho na faixa de renda alta.

O impacto da pandemia no mercado de trabalho não ocorreu apenas sobre o nível de ocupação e os rendimentos. Também foram detectadas significativas alterações no comportamento das horas trabalhadas e no afastamento do trabalho. A pandemia não afetou as horas habitualmente trabalhadas – durante 2020, mantiveram-se em torno de 39,5 horas semanais. Contudo, já no primeiro trimestre de 2020, e sobretudo no segundo trimestre, observou-se uma forte queda nas horas efetivamente trabalhadas, que alcançaram apenas 78% das horas habituais, o que representa uma jornada semanal média efetiva de 30,7 horas. O impacto foi maior entre os trabalhadores por conta própria (73%) e entre os informais do setor público (72%). A comparação do quarto trimestre de 2020 com o mesmo trimestre do ano anterior já não mostra diferenças significativas.

Esse impacto sobre as horas efetivamente trabalhadas foi causado principalmente pelo maior afastamento do trabalho devido à pandemia. É possível detectar um aumento do afastamento do trabalho no primeiro trimestre de 2020, especialmente entre trabalhadores do setor público. No segundo trimestre, o afastamento da ocupação atinge 16,26% dos trabalhadores, afetando mais de 13,5 milhões. No quarto trimestre de 2020, a proporção de trabalhadores afastados já havia amplamente retornado aos patamares habituais; contudo, o principal motivo do afastamento é ainda a pandemia.

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Os efeitos da pandemia sobre os rendimentos do trabalho e o impacto do auxílio emergencial: os resultados dos microdados da PNAD Covid-19 de agosto

Por Sandro S. Carvalho

Os dados mostram também que 6,2% dos domicílios (cerca de 4,25 milhões) sobreviveram apenas com os rendimentos recebidos do Auxílio Emergencial (AE), aproximadamente a mesma proporção que em julho. A proporção de domicílios exclusivamente dependentes do AE foi muito maior no Nordeste, ultrapassando os 13% no Piauí e na Bahia.

Além disso, em média, após considerar o AE, a renda domiciliar ultrapassou em 3% a que seria caso houvesse recebido rendimentos do trabalho habituais. Esse impacto foi maior entre os domicílios de renda baixa, em que, após o AE, os rendimentos atingiram 132% do que seriam com as rendas habituais. Numa análise contrafactual, supondo que todos que receberam o AE recebessem a metade do valor em agosto (conforme será observado a partir de setembro), a renda domiciliar média se reduziria e, 5,3% com o AE reduzido, e quase 20% entre os domicílios de renda muito baixa. Entretanto, mesmo com o AE reduzido, os rendimentos domiciliares das famílias de renda muito baixa ainda seriam ainda 6% maior que as renda habituais.

Os microdados da PNAD Covid-19 de agosto nos permitem avaliar que o AE foi suficiente para superar em 41% a perda da massa salarial entre os que permaneceram ocupados, um acréscimo de 25 p.p. em relação ao mês anterior. Os dados da PNAD Covid-19 de agosto são claros em mostrar, seja analisando por faixa de renda ou por região, que o papel do AE na compensação da renda perdida em virtude da pandemia foi proporcionalmente maior que no mês anterior, principalmente nos domicílios de baixa renda. Isto se deve, principalmente, ao fato de diferenças entre as rendas efetivas e habituais continuarem a diminuir de forma mais acentuada entre aqueles que foram mais atingidos, e também devido aos desembolsos do auxílio em agosto permanecerem no mesmo nível do mês anterior.

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