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Impacto das chuvas no setor agropecuário do Rio Grande do Sul: revisão da produção do estado e nova estimativa para o PIB agropecuário brasileiro

Por Diego Ferreira, Ana Cecília Kreter e Pedro Mendes Garcia​

Esta Nota Técnica traz o acompanhamento das principais lavouras do Rio Grande do Sul após os eventos climáticos adversos enfrentados na região. Para tanto, são apresentadas as novas estimativas de produção, a dinâmica recente dos preços internos e simulações de impacto das perdas nas lavouras riograndenses sobre o crescimento do valor adicionado do setor agropecuário brasileiro em 2024 – o produto interno bruto (PIB) da agropecuária.

As recentes chuvas no Rio Grande do Sul tiveram impactos significativos sobre a produção agrícola do estado, especialmente em suas principais culturas: soja, milho, trigo e arroz. Segundo levantamentos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e relatórios de instituições locais como a Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS) e o Instituto Riograndense do Arroz (Irga), as chuvas intensas e inundações afetaram áreas consideráveis de plantio, resultando em perdas substanciais de produtividade e no comprometimento de lavouras ainda a serem colhidas.

Na cultura da soja, por exemplo, estima-se que aproximadamente 110,3 mil hectares foram impactados pelas enxurradas, resultando em perdas de até 2,71 milhões de toneladas da oleaginosa. Isso corresponde a cerca de 12,2% da produção de soja estimada para o estado. Ainda que o Rio Grande do Sul deva registrar aumento na produtividade e recorde na produção total de soja no ano-safra 2023-2024, as adversidades climáticas em todo o país resultaram em impactos significativos sobre a estimativa de produção total, contribuindo para uma redução de 8,6% na produtividade média da cultura em âmbito nacional.

No caso do milho, as perdas no Rio Grande do Sul foram avaliadas em 113,7 mil hectares, resultando em uma diminuição de 354,19 mil toneladas na produção total estimada do cereal para o estado. Apesar das perdas, o estado também deve registrar um aumento na produção total do grão devido a ganhos significativos de produtividade em comparação com a safra anterior.

Para o trigo, o excesso de precipitação prolongada no Rio Grande do Sul desde abril afetou significativamente as potenciais áreas de plantio e a qualidade do solo, e poderá impactar a escolha da cultura de inverno deste ano. Ainda assim, a decisão da maior parte dos produtores será tomada – tanto em termos de viabilidade de cultivo quanto em termos econômicos – apenas quando do retorno do tempo seco. Mesmo diante da incerteza, a Conab mantém a previsão de um expressivo aumento na produtividade média da cultura na região ante o ano anterior, com estimativa de crescimento na produção de 44,5%, o que ainda deve posicionar o Rio Grande do Sul como o principal produtor nacional de trigo.

As inundações e enxurradas também impactaram o setor de arroz riograndense: aproximadamente 46,99 mil hectares foram totalmente perdidos, o que corresponde à produção de cerca de 395,2 mil toneladas do cereal. No entanto, a produção de arroz no estado se manteve superior à safra anterior, com um aumento previsto de 2,1% no volume colhido – resultado líquido da expansão de 4,4% na área cultivada e da queda de 2,2% na produtividade das lavouras.

Esses eventos climáticos extremos não apenas afetaram a produção agrícola, mas também tiveram repercussões significativas sobre o valor adicionado do setor agropecuário brasileiro. Simulações realizadas com dados do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com referência a abril e maio de 2024, apontam que as perdas nas principais culturas agrícolas do Rio Grande do Sul podem representar uma significativa redução no valor agregado do setor agropecuário nacional, principalmente em relação ao desempenho da soja em grãos.

De modo geral, enquanto o estado tenta se recuperar e voltar à normalidade nas atividades agrícolas, as consequências das fortes chuvas no Rio Grande do Sul mostram a vulnerabilidade do setor em face de eventos climáticos extremos e a necessidade de medidas preventivas para reduzir esses impactos no futuro.

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Mercados e preços – soja e milho – janeiro de 2024

Por Diego Ferreira e José Ronaldo de C. Souza Jr

Soja
A semeadura está finalizada em quase todas as regiões. Há uma perspectiva de estabilidade na produção doméstica, diante da queda da produtividade e do aumento da área de plantio. Espera-se também que haja queda na participação brasileira nas exportações mundiais e manutenção de preços pressionados devido à alta da produção mundial.

Milho
A semeadura da primeira safra foi finalizada em quase todas as regiões. Já a semeadura da segunda safra deve se iniciar em meados de janeiro. Espera-se queda na produção doméstica, diante da piora da produtividade e da redução da área de plantio. A participação nas exportações mundiais também deve diminuir, reflexo da recuperação argentina e estadunidense. Espera-se valorização de preços domésticos nos próximos meses, ainda que sob contexto de baixa volatilidade.

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Mercados e preços agropecuários

Ana Cecília Kreter e José Ronaldo de C. Souza Júnior

Esta nota de conjuntura traz o acompanhamento dos preços domésticos e internacionais e o balanço de oferta e demanda dos principais produtos agropecuários brasileiros, que são os mais representativos para PIB do setor agropecuário, para a balança comercial e para o abastecimento de alimentos do mercado doméstico.

As principais commodities agropecuárias continuaram sendo impactadas pelo câmbio e pela alta dos preços internacionais. Para o Brasil, a desvalorização do real diante do dólar contribuiu para manter os preços das commodities ainda mais atrativos em moeda local. No entanto, o câmbio também teve efeitos adversos sobre as culturas brasileiras que dependem de insumos importados, já que encarecem o custo de produção. Do lado da demanda, destaque para a manutenção do alto volume de embarques para a China e países asiáticos no primeiro trimestre do ano. A demanda mundial aquecida e os estoques baixos contribuíram para boa parte da alta dos preços internacionais.

Em relação aos preços domésticos, o arroz, o leite, as carnes suína e de frango e os hortifrutícolas tiveram queda devido a fatores como a queda na demanda interna decorrente da redução do funcionamento dos bares e restaurantes (food services) e aos possíveis impactos sobre a renda das famílias com o agravamento da pandemia neste ano. Do lado da oferta doméstica, restrições de disponibilidade contribuíram para impulsionar os preços do milho, do café, dos etanóis, dos bovinos e dos ovos. Essa restrição deve ser mantida no próximo trimestre.

Importante destacar que, embora na comparação do trimestre atual com o último trimestre de 2020 os movimentos de preços tenham sido diversos em magnitude e também em direção, na comparação interanual, todos os produtos agropecuários acompanhados nesta publicação apresentam alta de preço, com destaque para os grãos, que alcançaram elevações superiores a 50%, e seus impactos como insumos sobre os custos de produção da pecuária.

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